"E eis-me aqui, diante de mim, nu, andrajoso, suplicante, a alma enregelada e crucificada na cruz destes dias sem nome. Nos olhos, uma fornalha de fúria e uma fome antiga situada não sei em que víscera, essa fome de séculos que é já grito milenário de todas as bocas em mim. Eis-me, pois, aqui, disparando bombas de palavras ao concentrado silêncio da noite. Eis-me aqui, tentando pescar estrelas no poço aberto do firmamento. Eis-me aqui, indefeso e nu, interrogando não sei que morto que vive numa parte de mim... em frente de mim, nu e com o frio de todos os pólos, interrogo-me como se fosse réu e juiz ao mesmo tempo. E as palavras que ouço vêm da minha voz antiga, saída do mais fundo do íntimo, carregada de pedras e de cardos, que grita e se contorce, morre e ressuscita... Mas continuo, indefeso e nu, aqui diante de mim..."
Cristóvão de Aguiar em "Relação de Bordo"
ou como se escreve e se transmite tão bem o sofrimento.
terça-feira, 11 de setembro de 2007
Referência a "Relação de Bordo" no Blogue in my secret life
Publicado por Lapa às 11:41:00
Secção: críticas literárias, Relação de Bordo I
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TANTO MAR
A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.
Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.
Manuel Alegre
Pico 27.07.2006
do qual este poema começou a nascer.
Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.
Manuel Alegre
Pico 27.07.2006
1 comentário:
quanta honra, Zé Manel.
'brigada :)
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