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terça-feira, 15 de maio de 2012

A UNIÃO Jornal online. Biblioteca troca livros dia 22 de Maio.

Mais de três centenas de livros de autores portugueses vão estar disponíveis para troca no próximo dia 22 de Maio, às 10hh0, na Praça Francisco Ornelas da Câmara, numa iniciativa promovida pela Câmara Municipal da Praia da Vitória, através da Biblioteca Silvestre Ribeiro.
A iniciativa, intitulada “Dar Uma Nova Casa ao Seu Livro” e preparada para assinalar o Dia do Autor Português, permitirá que cada visitante troque livros que possui por livros disponíveis na banca montada na Praça Francisco Ornelas da Câmara naquele dia.
Os livros à disposição são exemplares repetidos do acervo da Biblioteca Municipal Silvestre Ribeiro.
Estarão disponíveis livros de Alice Vieira, Clara Pinto Correia, Luísa Dacosta, José Jorge Letria, Cristóvão de Aguiar, Teófilo Braga, Raúl Brandão, Luís de Camões, Camilo Castelo Branco, David Mourão-Ferreira, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Agustina Bessa-Luís, José Rodrigues Miguéis, Vitorino Nemésio, Fernando Namora, Eça de Queiroz, Aquilino Ribeiro, Miguel Torga, Pe. António Vieira, entre outros.
Segundo a organização, a cargo da Biblioteca Municipal Silvestre Ribeiro, estarão disponíveis romances, contos e ensaios de autores portugueses, assim como exemplares de literatura infantil e juvenil.
Com esta iniciativa, a Câmara Municipal da Praia da Vitória assinalará o Dia do Autor Português, além de procurar promover a leitura de textos portugueses que marcam a Literatura nacional.

sábado, 30 de abril de 2011

"Catarse". Cristóvão de Aguiar e Francisco de Aguiar dedicam obra a Viriato Madeira. in Diário dos Açores.

O escritor açoriano Cristóvão de Aguiar e o seu irmão Francisco de Aguiar lançam no próximo dia 20 de Maio, na Ribeira Grande, o livro "Catarse, Diálogo Epistolar em forma de Romance", em homenagem à memória de Viriato Madeira, um ribeiragrandense que sempre lutou pela melhoria da qualidade de vida da comunidade nortenha.

O livro da Editora Lápis de Memórias é lançado pelas 21h00, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, numa cerimónia presidida pelo presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, sendo apresentado por Eduardo Jorge Brum. (Director do Semanário Expresso das Nove)

Viriato Hermínio Rego Costa Madeira, que faleceu no passado dia 15 de Janeiro, dedicou toda a sua vida profissional e pessoal pela luta por um maior equilíbrio social, pela defesa dos direitos dos trabalhadores, mesmo em detrimento de promoções pessoais e profissionais. Foi um apaixonado e empenhado sindicalista regional e nacional, e um dos fundadores da Comissão de Trabalhadores da SATA, tendo exercido, por diversas vezes, cargos na referida comissão, até à sua aposentação.

Para além disso, Viriato Madeira foi um dos colaboradores do "Primeiro Plano de Estudo Económico Estratégico" da companhia e do "Plano para a Segurança". Fez, ainda, parte da Direcção do Clube Desportivo e Recreativo da empresa.

Tendo as preocupações sociais sempre um elevado peso no seu percurso de vida, nos finais da década de 80 foi o fundador da delegação ribeiragrandense do C.A.R.A. – Clube dos Alcoólicos Recuperados dos Açores.

Um amante da leitura e da escrita, deixou o seu contributo para a literatura açoriana com textos inéditos que ainda não foram publicados, embora durante muitos anos tenho dado forma a crónicas e artigos de opinião na imprensa regional. Animou, ainda, uma "tertúlia" ribeiragrandense, com análises entusiastas dos mais variados escritores nacionais, regionais e estrangeiros.

Fez, ainda, parte do Círculo de Amigos da Ribeira Grande e, desde 2000 até à data da sua morte foi Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande, tendo lutado pela construção do respectivo quartel e da piscina, novamente na senda pela melhoria da qualidade de vida de toda uma comunidade.

sábado, 5 de março de 2011

PRÉ-PUBLICAÇÃO: Excerto do livro Catarse - Diálogo epistolográfico em forma de romance, da autoria de Cristóvão de Aguiar e Francisco de Aguiar, a publicar em Abril próximo pela novel editora Lápis de Memórias. In Semanário Expresso das Nove, 4 de Março de 2011


I
Parto amanhã de manhã para Lisboa. Sábado que será de sol. Voo semidirecto: Pico, Lajes, Lisboa. Sempre que me vou de abalada, sinto uma ponta de tristeza e de saudade do local onde aqueci lugar durante algum tempo. A mala e a pasta do computador já se encontram no chão do alpendre da casa virada ao mar. Contemplo a Ilha de São Jorge: estende-se ao longo do meu olhar numa extensão de cerca de oitenta quilómetros. Hoje, pintou-se de azul arroxeado. Daqui a pouco, já troca de pintura, mas não é troca-tintas! Nunca usa a mesma durante muito tempo. Grande vaidosa, a Ilha em frente de minha casa! O Expresso que liga os portos da Horta, de São Roque e São Jorge, não navega: azula-se de tal maneira que já vai a meio do canal, o de Vitorino Nemésio, rumo à Vila das Velas. Enxergo o casario com nitidez e, à noite, até vislumbro a claridade dos faróis dos automóveis circulando nas estradas. O mar, um espelho. Estanhado. Bom Tempo no Canal! Ainda é muito cedo! Sou ardido no tocante a horários! A boleia só chegará daqui por uma hora, mas gosto de sentir-me em mangas de camisa dentro do tempo que me faço sobejar. Vou ainda percorrer a casa, palmo a palmo. Retiro algum prazer mórbido ao despedir-me das coisas, devagar. Das pessoas, é mais fácil! Entro de novo, subo as escadas que me levam ao sótão, o meu santuário da escrita e dos livros. Acaricio a lombada de um ou outro, endireito algum mais indisciplinado, sem vocação militar para a formatura rígida, deixo cair os olhos nas estantes de criptoméria, aliso a secretária já esvaziada do computador portátil, lanço um lento olhar em redor, na esperança de que ele fique, ali, preenchendo a ausência prestes a desabotoar-se e me dê as boas-vindas quando de novo eu chegar… Como existirão os livros sem mim, neste sótão de silêncio? Desço de novo as escadas, paro uns momentos em cada degrau, capto a sala de cima, e enterneço-me com o vidrinho de lágrima semi-inventada que me embacia os olhos.
Cristóvão de Aguiar
II
Passei a tarde em casa da filha da Flávia. A Gracinha lembrou-se de organizar uma festa para celebrar os setenta anos da mãe. Muito gostei de rever pessoas da família que há muito já não encontrava. A primeira com quem falei foi com a Telma de titia Maria da Ascensão. Está com muito bom aspecto. Todos os dias anda três milhas ao longo do passeio das ruas, para não ter de tomar medicamentos para a diabetes. Depois, falei com a irmã, a Maria Manuela, a Mané em família. Já não a via há muito tempo. Creio que desde que a Mãe faleceu. Convidou-me que fosse, um destes dias, a sua casa. Vive na mesma casa da filha, a Rosalinda. Diz que gosta muito de lá morar e não sente falta nenhuma da cidade de onde saiu.
Disse-me que o Humberto, o marido, não fala com ninguém. Vive numa rua sem saída e não há um conhecido com quem possa conversar. Queixou-se muito dele. Já não parece o mesmo. Tornou-se como a mãe, recadento, intenica com tudo e com todos. E continuou: "Já viste, Fernando, tenho de aturar, na minha velhice, o filho do Jaime Pardalito: é a comida que tem sal a mais, a roupa que está mal corrida; se faço massa sovada, diz logo que só vou acabar à meia-noite; mesmo assim, agora que o tempo melhorou, vai para o quintal - é um descanso. Eu bem que lhe digo: 'És igual a tua Mãe: mezinha, recadento, nunca me dás o valor'; responde-me que eu estou sempre a falar da Mãe: 'Pois então, se ele é igual a ela…'. A mãe teve de ir para o asilo dos velhos, ninguém a podia sofrer em Santa Luzia: sempre que as vizinhas lhe iam levar comida, ela respondia: 'Põe-me esta comida pelo cu a cima'. À noite, entretenho-me a ver a telenovela, mas é uma telenovela sem desdão nem tarelo… E é assim, meu rico Fernando José, esta vida não vale nada. O Humberto fala, fala, mas nunca lhe respondo, já não me apetece falar, quero o meu sossego; na outra cidade sabe-se tudo, um nunca mais acabar de enredos; agora, estou para aqui em paz…".
Teodora do José Anastácio: "Já estou casada há cinquenta e cinco anos, sempre com o mesmo homem: anda cada vez mais teimoso, fuma que nem chaminé, quer saber os mexericos todos, anda meio despercebido, uma desgraça. Também vejo a telenovela, mas não tem nenhum tarelo.".
José Anastácio: "Eh, Fernando, há tanto tempo que não te vejo, andas sumido por aí; tanto que trabalhaste; ainda estou por saber como é que ias à Ilha, estavas lá duas horas e, a seguir, regressavas a Boston; muito labutaste tu pela vida; o teu irmão Francisco também já tem a sua idade, ele está bom? Se calhar, a gente não se vai ver mais: vou fazer 78 anos para Novembro, não é brincadeira nenhuma. Custa-me saber que vou morrer."
Jesualdo: "Hoje a Ricardina fazia oitenta e sete anos; sem ela, vivo numa tristeza muito grande; os meus filhos fazem muito caso de mim, quase todas as semanas vou para casa deles; o Emanuel já fez sessenta e dois anos; em Julho, faço eu oitenta e nove; meu pai morreu aos cento e um, pode ser que eu também aguente até lá. Proibido adivinhar. Gostava de saber a tua opinião sobre um assunto que me tem posto a cabeça numa arredouça: tua Mãe morreu muito antes da Ricardina. Eram amigas e primas; todas as semanas iam juntas fazer compras; achas que elas já se encontraram lá em cima? Tenho na minha que sim, já estão juntas…"
Maria Josefina: "Vivo sozinha naquela casa, sem ninguém com quem conversar; o meu filho mora no Havai, veio visitar-me em Novembro passado. Agora, só vem daqui a meses, se vier…"
Salvador da Telma da tia Maria da Ascensão, em diálogo com o Fulgêncio Seco: "Ontem, no telejornal da RTP I, só falaram do José Saramago; ele tem a alma no inferno; que corisco homem era aquele?!"
Fulgêncio: "Sempre foi um homem muito controverso, contra tudo e contra todos, nunca estava satisfeito; os livros dele, quem os entende?"
Maria Lúcia da tia Maria da Ascensão: "Eh, Fernando, regalo-me a comer: desde que me levantei de manhã cedo, não meti nada no bucho para chegar aqui e consolar-me a comer…"

Francisco de Aguiar
4 de Março de 2011

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

2.º Volume do livro Memórias do Rock Português, de Aristides Duarte, 2010

O 2.º Volume de "Memórias do Rock Português" estará à venda a partir de 27 de Fevereiro.

O livro tem 252 páginas. Contém 19 biografias de bandas importantes (não contempladas no 1.º Volume), 24 entrevistas com músicos de bandas(e artistas)importantes de Rock português (das décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990) e 8 relatos pormenorizados de concertos a que assisti nas décadas de 1970, 1980 e século XXI.
Contém "memorabilia", fotos de concertos e reproduções de capas de discos. Para além disso contém mais bibliografia, lista de blogs e sites da internet relacionados com o Rock português e uma listagem de bandas não referidas no 1.º Volume,cronologicamente alinhadas, por décadas.
A capa (já publicada neste blog) foi, entretanto, motivo de um "upgrade" e será publicada no próximo fim-de-semana.
Desta vez a capa do livro será revestida (laminada) com um película plástica para que possa ser manuseada , sem que se deteriorem as cores.
O preço do livro será o mesmo das edições anteriores do 1.º Volume, apesar do aumento das páginas (13 euros). Para encomendas feitas directamente e pagamento antecipado por transferência bancária terão que se acrescentar os portes de correio. Também poderá ser enviado à cobrança. Contactar pelo e-mail: akapunkrural@gmail.com

O prefácio de António Manuel Ribeiro (UHF) foi alvo de uma revisão pelo próprio músico.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Cristóvão de Aguiar apresenta livro "Anamnese" de José Ferraz Alçada, no dia 23 de Janeiro de 2010, na Casa dos Açores Norte, na cidade do Porto.

" "Anamnese" de José Ferraz Alçada, edição de autor. Trata-se de um conjunto de contos (alguns premiados) e de crónicas que o autor publicou no Comércio do Porto e no Jornal de Notícias. Digo-vos: escrita de se lhe tirar o chapéu. Domínio da língua, consciência social.
Ferraz Alçada nasceu em Belmonte em 1938, frequentou o Liceu da Guarda e licenciou-se em Medicina na Universidade de Coimbra. Pneumologista, exerceu em Moçambique e em Vila Nova de Gaia, entre outros locais. Agora vive na sua quinta na aldeia da Vela, a que está ligado desde a infância.
As estórias referem-se, a maior parte delas, a situações, personagens e paisagens nossas conhecidas por serem da nossa região. O autor conta-nos essas estórias com uma mestria invulgar, pelo que recomendo vivamente que comprem um exemplar desta "Anamnese" que, presumo, deve vender-se nas papelarias locais ou na Livraria Municipal."

Américo Rodrigues Texto retirado do blogue Café Mondego.

sábado, 14 de novembro de 2009

Cristóvão Aguiar versus José Saramago. Sobre "Caim".

Much ado about nothing
ou a Bíblia segundo Saramago















Tomei de empréstimo a Shakespeare o título de uma das suas mais hilariantes comédias. Penso que retrata bem a situação criada à volta da última obra de José Saramago, Caim. O muito barulho continua a furar-nos os tímpanos, e há-de continuar até à náusea, tanto na imprensa escrita como na difundida: artigos, entrevistas, opiniões públicas na rádio e televisão, em que ouvintes e telespectadores opinam sobre o que sabem e não sabem, maneira muito portuguesa de ser mestre em toda a arte, ou burro em qualquer parte, enfim, tudo o que imaginar se possa: até teólogos, politólogos e outros pedagogos de alto coturno… A origem de tal alvoroço na capoeira da paróquia reside nas declarações, estratégicas ou não, do autor do livro, no dia do seu lançamento, em Penafiel. O nada de toda esta lagariça será o romance que, na minha modestíssima opinião, está longe de merecer tamanho alarido.

Segundo o primeiro prémio Nobel português da Literatura, a Bíblia mais não será do que um “manual de maus costumes” e que “é preciso ter muito cuidado quando se lê a Bíblia”… Esta última afirma¬ção fez-me viajar através do tempo, como a personagem Caim do romance do mesmo nome, e ouvir de novo, quietinho para não levar um beliscão da catequista, o padre da minha freguesia, aí por volta de 1949, na altura em que lá chegaram pastores de credos evangélicos, que iam tentar a sorte com o sentido de pescar algumas almas para o seu seio. A leitura da Bíblia constituía o seu principal argumento, uma vez que o catolicismo pouco ou nada ligava ao Livro: quem não lia a Bíblia, sustentavam os pastores, não poderia compreender a palavra de Deus nem a doutrina de Jesus, nem muito menos as inovações e falsidades do Romanismo…

No Domingo seguinte, o padre, na homilia: “A Bíblia é de facto o livro sagrado dos cristãos, mas, caríssimos irmãos em Cristo, não deveis lê-lo, porque, além de difícil, não tendes luzes nem letras para compreender o verdadeiro alcance das palavras lá escritas quase sempre em parábolas; contentai-vos, irmãos, com as explicações das homilias dominicais, e não aceiteis a oferta desse livro, que sei que andam a dá-lo a quem quiser, pois, e caso aceitardes, entrará em vossas casas um livro do diabo…” Saramago não é católico, muito menos sacerdote, mas, as palavras por ele proferidas, numa entrevista ao Jornal de Notícias, de 19 de Outubro, deram-me, por instantes, a sensação de estar ouvindo o pároco da minha freguesia, nos meados do século passado… As palavras pouco se diferençam, e os argumentos são mesmo os mesmos… Não sei se isto abona ou não a favor do escritor que tem procurado, sem êxito, destruir alguns mitos do Velho e do Novo Testamento…

O escritor pode e deve destruir mitos. Mas, para derrubá-los, é mester saber em profundidade o que quer destruir. Lembro James Joyce que, com o seu romance Ulysses, destruiu a cultura clássica porque era um grande conhecedor e especialista nessa matéria. O próprio José Saramago afirma que “Nunca fui um leitor assíduo da Bíblia, mas penso que a conheço bastante bem”… Será que basta? Será assim tão fácil destruir um conjunto de livros de estilos e géneros literários diferentes que serviram de base e inspiração à Literatura e Cultura Ocidental: poesia, teatro, narrativa, música e até ao cinema? Na Faculdade de Letras que frequentei, um dos professores de Literatura avisava logo no início do ano: Quem não leu a Bíblia não pode compreender a Literatura Alemã, Inglesa, Portuguesa, Americana… Portanto, quem ainda o não fez, trate de colmatar essa grave lacuna… Tão ateu como Saramago seria esse professor, o que dá que pensar, sobretudo porque o Nobel Português afirma com a segurança de quem acaba de inventar a roda que a Bíblia devia estar escondida, em casa, fora do alcance das crianças, como se de medicamento perigoso se tratasse…

(II)
Sabendo-se pouco, isto é, sem a profundidade necessária, sobre o que se quer destruir, distorcer ou criticar, pode entrar-se num jacobinismo sem consequência, apenas para chocar o burguês, ou num anticlericalismo primário, como aconteceu durante o século XIX. Nesse tempo, o Deus do Velho Testamento era já considerado cruel, sangrento, bruto, tudo quanto dele diz agora, em segunda mão, o nosso Nobel da Literatura. Nada de novo, portanto! Dou como exemplo o poeta Guerra Junqueiro e o seu livro A Velhice do Padre Eterno. Quem o lê hoje? Quem se incomoda com as suas diatribes? Ouçamos Guerra Junqueiro:

As crianças têm medo à noite, às horas mortas,
Do papão que as espera, hediondo, atrás das portas […].
Não te rias da infância, ó velha humanidade,
Que tu também tens medo do bárbaro papão,
Que ruge pela boca enorme de um trovão,
Que abençoa os punhais sangrentos dos tiranos,
Um papão que não faz a barba há seis mil anos,
E que mora, segundo os bonzos têm escrito,
Lá em cima, detrás da porta do infinito!

Tudo isto é fogo-de-artifício, bem escrito, mas que nada adianta, porque não desce aos infernos da dúvida… É tempo de citar o Eclesiastes:

Não há nada de novo neste mundo. Aparece qualquer coisa e alguém diz: ‘Olha, isto é novo!’ Mas tudo aquilo já existiu noutros tempos, muito antes de nós. Já ninguém se lembra das coisas passadas e o mesmo acontecerá com as do futuro; não se recordarão delas os que vierem mais tarde” […].

É muito difícil ser original. E Saramago não o é. Pelo menos neste seu último romance, Caim, que se situa no Velho Testamento, nem muito menos no Evangelho Segundo Jesus Cristo, que tem como campo de confronto o Novo Testamento.

Escrevi acima que este livro não merecia o alarido que dele está sendo feito. Por duas razões: Primeira, porque o barulho não se deve à leitura do livro; segunda, porque não se trata de uma obra maior do escritor. Foram sopradas as trombetas de Jericó, não cuido nem interessa se intencionalmente, e derrubaram-se os muros da nossa cidade ou paróquia provinciana, que mostrou à saciedade que milhares dos seus habitantes ainda não saíram da idade da pedra no tocante à literatura, mas correram às livrarias para se abastecerem do romance e grande parte deles também da Bíblia. Afinal, Saramago está a ser colaborante ou então o aviso grave que fez sobre a perigosidade da Bíblia deu efeito contrário. Não conseguiu apear o mito!

José Saramago, quanto a mim, atingiu o apogeu em No Ano da Morte de Ricardo Reis, embora os dois primeiros romances, Levantado do Chão e Memorial do Convento, sejam duas obras de grande valor. É humano e natural que um escritor tenha curvas ascendentes e descendentes. Quando se alcança o cume, o que se segue é a descida. O que é preciso é saber sair a tempo, sem dramas, a fim de se não estragar o bom que para trás ficou. Saramago, com Caim, continua em linha descendente. Há por lá muitos lugares-comuns e expressões infelizes, impróprios de um escritor da sua envergadura. Escrever um livro em quatro/ cinco meses, como confessou numa entrevista televisiva, se bem que o assunto lhe estivesse a latejar há muitos anos, não será bem avisado. Aquando da publicação de A Viagem do Elefante, título que poderá ser interpretado tanto no sentido literal como no figurado, sendo que este, no meu entender (a interpretação é livre), significaria o percurso de um grande escritor (o elefante) que, com aquele livro, iria pôr um ponto final na sua carreira literária. Com certeza que alguns dos críticos maldizentes da sua obra anterior o intuíram, porque logo se apressaram ao beija-mão ou ao panegírico fúnebre: “Trata-se de um hino à Língua Portuguesa”, cantaram em coro… A nossa língua deve ser um volumoso hinário de que já ninguém se lembra nem das músicas nem das letras. Excitações… Do romance Caim foi escrito: literatura pura… Quem há-de gabar o noivo senão…?

(III)
Em continuação do santo Evangelho segundo José Saramago, é bom não esquecer que o tema do pecado de Caim, o primeiro assassino da humanidade, a tomar como verídicas as palavras do Génesis, não foi uma novidade trazida pelo nosso Nobel à Literatura. Já antes dele, Byron, Baudelaire, Victor Hugo e Tournier trataram do assunto com outra elevação, adiante-se já a bem da verdade. O que irrita em Saramago, neste seu último romance, é a leviandade e a pobreza de ideias e falta de argúcia interpretativa com que trata os textos bíblicos, não raro lançando mão de uma linguagem escabrosa, que pouco dignifica quem a utiliza.

Exemplifique-se: “O lógico, o natural, o simplesmente humano, seria que abraão tivesse mandado o senhor à merda, mas não foi assim…”; ou, na mesma página: “Quer dizer, além de tão filho da puta como o senhor, abraão era um refinado mentiroso…”; mais adiante, na página 106, escreve o Nobel: “Lúcifer sabia o que fazia quando se rebelou contra deus, há quem diga que o fez por inveja e não é certo, o que ele conhecia era a maligna natureza do sujeito”… Linguinha de prata, como se diz na Ilha! Saramago já veio pedir desculpa por ter chamado filho da puta ao senhor. Mas, como bom teólogo que está provando ser, logo acrescentou: “Ele não é filho da puta, porque não tem pai nem mãe!”

Nada disto me choca no sentido religioso, mas convenhamos que o vazio de ideias e a escrita paupérrima, esses sim, escandalizam quem quer que seja, crente, ateu ou agnóstico, sobretudo quem ama a boa escrita e detesta mentes distorcidas!

(IV)
Saramago analisa o texto bíblico ao pé da letra. Atente-se nesta invectiva do Nobel a um teólogo, numa entrevista televisiva:

“Que autoridade têm os senhores para pôr na Bíblia o que lá não está escrito?” Que me desculpe o escritor, mas parece que a sua interpretação bíblica pede meças à das Testemunhas de Jeová e à dos Adventistas do Sétimo Dia, que esperam Cristo desde 22 de Outubro de 1844, pelas contas feitas, e bem feitas, pelo seu fundador, William Miller, antes pertencente à igreja Baptista e depois fundador do Adventismo por ter interpretado a Bíblia de modo diferente do dos baptistas. Nas suas contas baseou-se nas profecias de Daniel. Está escrito! E o que está escrito é a palavra de Deus… e a ela não se pode mudar um til! Deu no que deu: em 22 de Outubro de 1844, toda a gente, de olho no céu, à espera e Jesus não desceu… Grande foi a desilusão: ficou para a história como o Dia do Grande Desapontamento. Houve debandada quase geral dos fiéis. Sentiram-se defraudados: foram enfileirar-se noutros credos, fundando outros… Mas, e há sempre uma interpretação à letra que nos pode sair ao caminho: Os poucos que restaram fiéis à igreja, agora dirigida por Helen White, a profetisa dos adventistas, escreveu: Cristo realmente principiou a viagem, mas ficou a meio, em quarentena, num lugar entre o céu e a terra, esperando por melhor ocasião para aterrar no nosso planeta…

Não abona muito em favor de um romancista da envergadura de Saramago ser tão estrito na interpretação de um livro polissémico. E tanto assim é que há centenas e centenas de igrejas cristãs, todas elas baseadas no mesmo livro, a Bíblia, cujos textos, pelo visto, podem ser interpretados de milhentas maneiras, ao gosto da imaginação de cada qual. Cada uma religião cristã de per si (e todos os dias nasce uma nova agremiação) são, segundo os seus pastores e teólogos, as únicas verdadeiras, as que melhor interpretam a palavra inspirada de Deus… Vamos agora fazer um exercício com dois romances de José Saramago: Jangada de Pedra e No Ano da Morte de Ricardo Reis. Se os interpretarmos como Saramago o faz em relação à Bíblia, temos que, na Jangada de Pedra, a Península Ibérica se desarreiga do resto da Europa e vai pelos mares afora em forma de jangada… Assim está escrito, assim se deve interpretar, caso contrário ainda podemos ter Saramago de dedo em riste a ameaçar: “Com que autoridade pões nos meus livros o que lá não está?” O mesmo em relação ao outro romance, em que o seu autor traz Ricardo Reis (heterónimo de Pessoa) do Brasil, onde se encontrava homiziado, para Lisboa, via marítima, ressuscita-o, fá-lo viver na capital durante algum tempo, morrendo-o mais tarde e enterrando-o no cemitério do Alto de São João. Quem poderá acreditar nisso, se tomado à letra? Duas ricas metáforas serão, que como tal devem ser interpretadas, mas Saramago não consente… A avaliar pela sua exegese bíblica, tem a razão do seu lado, como sempre… Até quando discursou, em Lisboa, nas comemorações do 25.º aniversário da Revolução de Abril: Se não tivesse havido revolução, o país estava como está!

Só de um Nobel, na altura ainda a cheirar a novo, poderia sair tal pesporrência. Pôs aquele ovo na sessão comemorativa e logo abandonou a sala, para ir dizer missa em outra freguesia, que a ocasião era de discursatas… Ninguém objectou. Temor reverencial!

(V)
Nada há de novo debaixo da rosa do Sol! Nem tão-pouco o tema de Jesus Cristo, que Saramago, no seu Evangelho, apesar de páginas sublimes, não consegue desmistificar o emaranhado que se teceu à volta da figura de Jesus e seus discípulos, sendo por vezes mais fácil acreditar no Novo Testamento do que na versão saramaguiana (coteje-se os dois textos sobre o milagre das Bodas de Caná, o da Bíblia e o do Evangelho), e ficar-se-á elucidado. Essa tarefa desmistificadora coube, porém, entre outros, a Renan, em A Vida de Jesus), a Gèrard Messadié, em Um Homem que se tornou Deus, que o autor transformou em romance (edição esgotadíssima da Difusão Cultural, que esteve ao lado do Evangelho, nas livrarias, et pour cause). Trata-se de um estudo profundo sobre o primeiro século da nossa era, em que o autor é especialista. Lido, como foi o caso, na altura em que saiu, seis meses antes de o Evangelho, de Saramago, fez com que este me tivesse sido uma desilusão, tanto pela celeuma que levantou por causa do então secretário da cultura, que fez o jeito de o proibir de concorrer a um concurso internacional, como pelo consequente exílio dourado de Saramago, em Lanzarote, embezerrado com a pátria e os seus governantes…. Outros dois livros de uma teóloga alemã, Uta Ranke-Heinemann, professora de teologia católica na Universidade de Essen: Eunuchs for the Kingdom of Heaven (Eunucos para o Reino dos Céus) e, sobretudo, Putting Away Childish Things (Deixando de Criancices, tradução livre, minha) ed. HarperSanFrancisco, 1992, que lhe valeu a irradiação da cadeira de Teologia, passando a leccionar História das Religiões. Os assuntos doutrinais-chave de que trata e se desmistifica neste livro são: The divinity of Christ; the Virgin Birth; the empty tomb (o sepulcro vazio), e muitos outros, que a autora considera distorcerem a mensagem do Jesus autêntico e genuíno…

De resto, tem sido o PSD um grande adjuvante na promoção da obra saramaguiana: no século passado, foi o secretário da cultura; neste, o inefável deputado europeu… A juntar às declarações explosivas de Saramago, em Penafiel, que tanta balbúrdia tem causado, fica o ramalhete publicitário bem florido e rematado. Saramago não acredita, mas tem anjos da guarda a zelar pelo êxito comercial de algumas das suas obras mais polémicas… O autor do romance Caim deve ser dos homens mais tementes a Deus em todo o planeta…

(VI)
No JL, de 3 de Novembro, Miguel Real, entre muitas outras coisas, escreve: “Em Caim permanece o estilo tradicional de Saramago (já amiúde analisado), tanto barroquizante (…) (uma floresta de palavras (sublinhado meu) ilustradora de uma ideia) e anarquizante (uma espécie de everything goes), isto é, a confluência de um léxico antigo e vernacular – avonde (pp.16 – com um vocabulário moderno, desenhando um melting pot semântico, aparentemente espontâneo, pelo qual a lógica do texto cria as suas próprias hierarquias gramaticais e ideológicas (…)".

O estilo enxuto, descarnado, nunca foi dom de Saramago. O escritor explica tudo até à exaustão, o que não raro se torna enfadonho. Dir-se-ia que há uma inundação de palavras, grande parte delas inúteis, como se tivesse ocorrido uma séria avaria na canalização provinda da nascente criadora. Por esta e outras razões, muita boa gente letrada costuma(va) afirmar, em surdina (o politicamente correcto vigora com força), que se a certos livros de Saramago fossem retiradas cem ou cento e cinquenta páginas, não perderiam nada: pelo contrário, ficariam mais claros, exactos, sucintos…

Quando assim acontece, alguma coisa está podre no reino da literatura. A arte de dizer muito em poucas palavras é difícil, dura, requer muito esforço, muita lima, muita monda… Escrever é cortar! Veja-se Miguel Torga, um dos mais elevados expoentes de concisão de escrita! Se lhe fosse retirada uma só palavra de uma frase ou de um verso, logo ficariam mancos…

Não posso acreditar numa arte literária em que palavra menos palavra vai tudo dar ao mesmo…

Os lugares-comuns sempre ocuparam uma posição de relevo na obra romanesca de Saramago. Só do romance Caim extraí uma caterva deles: máquinas de encher chouriços; do pé para a mão; dar tempo ao tempo; para aí virado; fazendo das tripas coração; carta branca; mal se podia ter nas pernas; dois coelhos de uma cajadada; a carne é supinamente fraca (genial, o acrescento do advérbio); chorar o leite derramado (expressão traduzida, à letra, do inglês: em português de lei seria: depois de o mal feito, chorar não é proveito; mas, veja-se a frase completa, para aquilatarmos da genialidade de quem a engendrou: “Chorar o leite derramado não é tão inútil quanto se diz, é de alguma maneira instrutivo porque nos mostra a verdadeira dimensão da frivolidade de certos procedimentos humanos, porquanto se o leite se derramou, derramado está e só há que limpá-lo, e se abel foi morto de morte malvada é porque alguém lhe tirou a vida (…)” (Lili Caneças não diria melhor!) …

E por aqui me quedo, que agora me não apetece fustigar mais. Uma nota ainda: durante a leitura do livro, ouvi dezenas de vezes, a matraquear-me no pensamento, o diálogo do Ambrósio com a Senhora, tantos são os algos que o escritor utiliza ao longo do livro: “O que eu queria era algo, Ambrósio, algo de bom, entende, Ambrósio?!” “Entendo, sim, Mylady”…

Analise-se alguma da tão autoproclamada ironia saramaguiana, associada a um humor do mais fino recorte. Examinemo-los, contextualiza¬dos, em alguns passos de Caim:

“Falaste como um livro aberto, disse o querubim, e adão ficou contente por ter falado como um livro aberto, ele que nunca havia feito estudos. (…)”, pp. 30;

“(…) Esta espada de fogo, para alguma coisa servirá finalmente, basta chegar-lhe a ponta em brasa aos cardos secos e à palha e tereis aí uma fogueira capaz de ser vista desde a lua (…) acabaria por pegar fogo ao jardim do éden, e eu ficaria sem emprego (…)”, pp. 31;

“O velho das ovelhas não estava ali, o senhor, se era ele, dava-lhe carta-branca (hífen da minha responsabilidade), mas nem mapa de estradas, nem passaporte, nem recomendações de hotéis e restaurantes (…)”, pp. 78;

“Há que levar em consideração o facto de caim estar mal informado sobre questões cartográficas (…)”, pp. 80;

Acerca do jerico em que caim percorria o mundo através do espaço e do tempo: “Pena não haver ali alguém que soubesse interpretar os movimentos das suas orelhas, essa espécie de telégrafo de bandeiras com que a natureza o dotara, sem pensar o afortunado bicho que chegaria o dia em que quereria expressar o inefável, e o inefável, como sabemos, é precisamente o que está para lá de qualquer possibilidade de expressão (…), pp.81 (uma das mais profundas definições de inefável jamais proferidas);

“O anjo fez cara de contrição, Sinto muito ter chegado atrasado, mas a culpa não foi minha, quando vinha para cá surgiu-me um problema mecânico na asa direita, não sincronizava com a esquerda, o resultado foram contínuas mudanças de rumo que me desorientavam, na verdade vi-me em papos-de-aranha (palpos-de-aranha?) para chegar aqui (…)”, pp. 88… etc., etc.

A conjugação verbal da segunda pessoa do plural é tão vulgar no Norte do País e em Trás-os-Montes, que toda a gente a sabe utilizar de olhos fechados. Ao invés, no romance Caim, as misturadas são frequentes. Do mesmo modo, o descaso votado à diferenciação de tempos verbais não é despicienda. Apenas um exemplo dos muitos que poderiam ser dados “[Eva] ia, como alguém dirá, decentezinha, embora não pudesse evitar que os seios, soltos, sem amparo, se movessem ao ritmo dos passos. Não podia impedi-los, nem em tal pensou (pensara, tinha ou havia pensado), pp. 26.No tocante à conjugação verbal da segunda pessoa do plural, analisemos apenas algumas em que o autor se ensarilha e ninguém dos seus acólitos lhe acudiu: “(…) Depois é convosco, aí já não posso nada, arranjem (arranjai) maneira de se juntarem (vos juntardes) à caravana, peçam (pedi) que os contratem (vos contratem) só pela comida, estou convencido de que quatro braços por um prato de lentilhas será bom negócio para todos, tanto para a parte contratada, quando isso acontecer não se esqueçam (vos esqueçais) de apagar a fogueira, assim saberei que já se foram (vos fostes) (…)”, pp. 31.

Poderia continuar o massacre, mas não vale a pena: a um Nobel todos os pecados lhe são perdoados. Os estudiosos que o dissecam, como as beatas o Missal Romano, lá se encarregam de lhe transformar os erros em virtudes e em novas regras… Que¬rem continuar sentados ao redor da fogueira, soprando em sustenido as trombetas da louvaminhice, rindo às gargalhadas quando o patrono conta ou escreve uma frase humorística, sem piada nenhuma, na esperança de conseguir, pela devoção que lhe dedicam, a sua migalhinha de fama e prestígio, no universo globalizado da literatura! É tempo de proclamar: O rei vai mesmo nu… Nuinho em folha!

Outra das pechas que enxameiam o livro e a Língua Portuguesa: não tenho a menor dúvida, a menor ideia! Menor do que quê? Trata-se de um comparativo de inferioridade. Melhor seria escrever ou dizer não tenho a mais pequena dúvida ou a mínima ideia!

Sobre o tempo dos verbos, no discurso indirecto, há também pouca segurança ou mesmo ignorância: em pano nobelizado também chovem nódoas negras… Que dizer desta frase de Eva, no Éden, em resposta a Deus passeando pela brisa da tarde (título do livro do mesmo nome, de Mário de Carvalho, retirado do Génesis: “A serpente enganou-me e eu comi, Falsa, mentirosa, não há serpentes no paraíso, Senhor, eu não disse que haja serpentes no paraíso (…)”, pp.19.

Haja Deus! Nem um simples discurso indirecto Eva consegue encarreirar… “Não disse que haja. Não disse que havia”, assim é que está certo, D. Eva Saramago del Rio! A mesma sábia que escreveu: “Se Deus existisse, já tinha vindo falar com Voltaire e Saramago”. Ó prosápia das prosápias, tudo é prosápia e vaidade!

Tempo de fechar a tenda desta escrita. Vou já arrumar o livro na estante, junto dos irmãos colaços. Tenho a esperança de que no futuro um dos meus trinetos ou tetranetos o tire da prateleira para o ler e possa, depois, atestar, com a segurança que o tempo costuma reiterar, ou retirar, às grandiosidades fabricadas no presente, nessa altura já pretérito muito perfeito: “Foi este o primeiro Nobel da Literatura de Portugal? De certeza?"

Quanto a mim, não insisto: desisto. Não sei se perdi ou ganhei tempo. Quando o embaixador de Espanha, Porras & Porras, apresentou as credenciais ao Rei D. Carlos para encetar as suas funções diplomáticas no nosso País, El-Rei terá comentado com um dos ministros do reino: “Não é pelo nome, é pela insistência”… Eu também não insisto mais. Nem que me caiam pedaços de céu velho em cima da cabeça. Mais não ponho na carta, já vai mui longa.


quarta-feira, 30 de setembro de 2009

“O Novíssimo Testamento”, de Mário Lúcio de Sousa, vence Prémio Literário Carlos de Oliveira 2009.

“O Novíssimo Testamento”, do escritor cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa, foi o título vencedor da segunda edição do Prémio Literário Carlos de Oliveira, concurso promovido pela Câmara Municipal de Cantanhede e pela Fundação Carlos de Oliveira. O objectivo é estimular a criação literária e, simultaneamente, homenagear um dos grandes vultos da literatura portuguesa do século XX.


Na acta da decisão, o júri refere que “a obra se distingue de todas as outras apresentadas a concurso”, fazendo notar “a grande originalidade da abordagem que faz ao religioso (…), o que evidencia um vasto conhecimento sobre o tema”, sublinhando ainda “a notável capacidade de escrita que se encontra bem patente na riqueza e vastidão do léxico utilizado”.
Na fundamentação utilizada é ainda apontada “uma efabulação poderosa, rica em imaginação e temperada por acentos de humor, que recorre muitas vezes à ironia e ao picaresco”. Segundo o júri, Mário Lúcio Sousa retoma em O Novíssimo Testamento as Escrituras Sagradas, “reinventa-as por meio do recurso a um contrafactual herdado da teologia medieval, colocando a hipótese de Jesus ter sido mulher e explorando as vastas implicações e consequências dessa hipótese”.
Nos termos do regulamento, integraram o júri Pedro António Vaz Cardoso, Vereador do Pelouro da Cultura, em representação do Presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, António Apolinário Lourenço, indicado pelo Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Osvaldo Silvestre, designado por Ângela de Oliveira (viúva de Carlos de Oliveira), Arsénio Mota, personalidade do meio literário convidado e vencedor da primeira edição do prémio, bem como Cristóvão de Aguiar, representante da Associação Portuguesa de Escritores.
O valor do Prémio Literário Carlos de Oliveira é de 5.000 euros, verba totalmente suportada pelo Município de Cantanhede, ficando também assegurada a publicação da obra pela autarquia.
Das 67 obras concorrentes, foram distinguidas com menções honrosas Rendição e Trevas, de Nuno de Figueiredo, autor de Coimbra que utilizou o pseudónimo de Urbano Soares, e Ao Compasso da Noite, de Ricardo Augusto Sanguinho de Jesus, autor de Lisboa que concorreu sob pseudónimo de Chico Marraquexe.
Conforme consta do regulamento, as inscrições para a segunda edição do concurso decorreram até 15 de Abril, estando aberta à participação de autores dos Países de Língua Oficial Portuguesa, que podiam concorrer apenas com uma obra, inédita e não editada, em prosa narrativa (conto ou romance) e assinada obrigatoriamente sob pseudónimo.
Recorde-se que na primeira edição do concurso, a obra vencedora foi Quase Tudo Nada, do escritor Arsénio Mota, jornalista, cronista, poeta, ensaísta, tradutor e editor de livros com vasta colaboração dispersa por jornais e revistas. Foram ainda distinguidos com menções honrosas Parede de Adobo, de João Carlos Costa da Cruz, residente em Febres, e Visões do Azul, de Emília Ferreira, com morada na Caparica.
RB

Tags: Cantanhede, Prémio Literário

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Quintela, Nemésio e Torga, in blog De Rerum Natura.

Quintela, Nemésio e Torga

Já não é recente o livro Com Paulo Quintela à Mesa da Tertúlia. Tive dele uma primeira edição que comprei em finais dos anos oitenta e que depois dum empréstimo não voltou às minhas mãos. Lembro-me disso, porque me ficou a fazer falta: a escrita de Cristóvão de Aguiar dava-me a conhecer melhor um mítico professor de Filologia Germânica da Universidade de Coimbra, que penso nunca ter visto mas de que muito me falavam na Faculdade de Letras – Paulo Quintela.

Comprada a segunda edição, reli-a de ponta a ponta, detendo-me em algumas passagens que me tinha ficado na memória durante mais de vinte anos. Partilho com os leitores uma dessas passagens em que se refere a longa e estreita amizade entre três grandes nomes das Literatura: Vitorino Nemésio, Paulo Quintela e Miguel Torga.

“Nemésio estudava pouco. Não teria muito tempo! Antes das frequências chegava-se a Quintela para se informar da matéria que vinha para o exame. Ouvia o que dizia o colega, ia tomando notas num cartão-de-visita, e por fim entrava na sala. Perante o papel da prova, escrevia o que sabia e inventava o que não sabia. Numa frequência de História Medieval, da regência do Doutor Gonçalves Cerejeira, Nemésio, como de costume, chegou-se à beira do amigo e perguntou-lhe as linhas gerais da matéria. Durante a prova desunhou-se a escrever. Dias mais tarde, o professor apreciava e comentava e comentava na aula, as provas escritas uma por uma, tão poucos seriam os alunos. Ao chegar ao exercício de Nemésio, «Quanto ao exercício de frequência do senhor Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva, tenho a dizer que mais me parece uma página de Anatole France…», tal era a sua capacidade de escrita.

Lá escrever bem, venha aí quem o negue, e como facilidade, o que já poderá ser um estorvo, mas segundo Paulo Quintela, Nemésio escrevia com a mesma naturalidade com que mijava. Anos mais tarde, leitor de Português em Bruxelas, Nemésio havia de surpreender Miguel Torga pela facilidade de escrita. O passo que a seguir se transcreve do tomo III de Criação do Mundo ilustra bem essa agilidade: «Ao cabo de algumas horas de comboio, fui encontrá-lo confortavelmente instalado num quarto burguês, a matraquear à máquina um ensaio sobre Valéry. Depois das primeiras efusões, com medo de o interromper, fiquei calado. – Vai dizendo, que isto tem de seguir hoje… – Acaba lá primeiro. – Ainda demora. Conta, conta… – Pasmado, assisti então ao fenómeno de o ver a conversar e escrever ao mesmo tempo»”

Imagem: Reprodução do quadro de Bárbara Borges. Nele se pode ver Cristóvão de Aguiar e Paulo Quintela com o seu cachimbo. Aguiar foi seu aluno e amigo e durante muitos anos encontravam-se com regularidade para conversar em tom de tertúlia.

Referência completa: Aguiar, Cristóvão. (2005). Com Paulo Quintela à Mesa da Tertúlia. No centenário do seu nascimento. Coimbra: Imprensa da Universidade, página 32.

sábado, 16 de maio de 2009

O Impacte do risco político no investimento directo estrangeiro – O caso do Brasil como país de destino. Sandra Conraria Aguiar e Mohamed Gulamhussen.

O Investimento Directo Estrangeiro tem-se expandido muito nas últimas décadas. A propriedade estrangeira de empresas tipicamente domésticas tem levantado algumas dúvidas e suspeições em vários países, especialmente nos países em desenvolvimento. Apesar disso, o processo de liberalização dos movimentos de capitais não tem diminuído.
A investigação científica recente sobre este assunto tem tentado explicar como pode cada país tornar-se mais apetecível aos olhos do investidor estrangeiro. Pouca investigação tem sido feita para tentar explicar quais as características dos países de origem do investimento que potenciam a necessidade de procurar investimentos noutras paragens. É este o tema deste livro, onde se destaca a importância do risco interno como factor determinante. O estudo é aplicado ao Brasil, que se tornou, por mérito próprio, num dos principais beneficiários do investimento estrangeiro.

domingo, 26 de abril de 2009

"Baú da Memória... O Soito de Antigamente", de Eugénio dos Santos Duarte, 25 de Abril de 2009.






















Ti Eugénio lança livro – “Baú da Memória” Lançamento será no dia 25 de Abril, no Auditório Municipal do Sabugal.

Eugénio dos Santos Duarte, natural do Soito, irá lançar no dia 25 de Abril, no Auditório Municipal do Sabugal, o seu livro “Baú da Memória – O Soito de Antigamente”.

Trata-se de um livro, em edição do autor, com mais de 160 páginas, que foca, particularmente, factos e vivências do autor, no século XX, ou que lhe foram transmitidos oralmente, por familiares ou pessoas com quem conviveu, no Soito.
Entre os temas focados no livro estão a antiga Banda Filarmónica do Soito, as malhas e as ceifas, as inspecções militares, os retiros, os legionários, “correr o boi”, os casamentos, etc., etc.
Para além destes temas, no livro, surgem episódios de algumas figuras carismáticas da terra como o Zé Manel Moiteira, o Ilívio Corracha, os Rendeiros, o sargento Palhas, o Chico Viriato Lopes, o Dr. Alfredo Lopes, o Ti Patrício, etc.
A obra é enriquecida com várias fotografias de acontecimentos e figuras do Soito de antigamente.
O livro contém, ainda, um glossário com expressões usadas no Soito de antigamente, bem como letras de canções que se cantavam na meninice do autor.
O livro será apresentado pelo do director jornal “Cinco Quinas”, António Rito Pereira, também natural do Soito.
Recorde-se que Eugénio dos Santos Duarte nasceu no Soito e tem apenas a 4.ª Classe do Ensino Primário, mas, sempre foi uma pessoa interessada em saber mais. Aprendeu com o seu pai a profissão de carpinteiro. Devido à sua profissão conviveu com pessoas do Soito, de diversa condição social.
O lançamento do livro insere-se nas comemorações do Dia da Liberdade, organizadas pela Empresa Municipal Sabugal + e Câmara Municipal do Sabugal.O autor, que sempre foi um opositor ao Estado Novo, nasceu, também, num dia 25 de Abril, mas do ano de 1927, pelo que a data escolhida para o lançamento coincide com o dia do seu aniversário. É, portanto, um dia que o autor recorda com dupla emoção.
Por: J.M.A.Duarte, in Cinco Quinas online 23 de Abril de 2009.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

L’Origine du monde par Gustave Courbet, 1866. Censura em Portugal, Carnaval de 2009, do livro "Pornocracia" de Catherine Breillat.

PSP de Braga justifica apreensão de livros com “perigo de alteração da ordem pública”
24.02.2009 - 16h11 Samuel Silva
O Comando da PSP de Braga justifica a apreensão dos livros com uma pintura do francês Gustave Courbet (1819-1877) com o “perigo de alteração da ordem pública” que a exposição pública da obra estava a provocar.

A polícia adianta que a confiscação dos livros não ficou a dever-se à violação de “qualquer norma do código penal”, mas às queixas dos pais de várias crianças que visitaram a feira do livro em saldo, no centro da cidade.

“Tratou-se de uma medida cautelar para evitar uma alteração da ordem pública e o cometimento de outros crimes”, afirmou ao PÚBLICO o segundo-comandante da PSP Henriques Almeida, que diz ter havido “iminência de confrontos físicos” no recinto da feira.

“Havia vários grupos de crianças a visitar a feira que, depois de se aperceberem da obra, arrastaram vários colegas para a verem. Os pais não gostaram da situação, começaram a ficar inquietados e pediram aos organizadores que retirassem os livros”, explica o responsável da polícia.

Quanto à explicação avançada no auto de apreensão dos livros de que estes “apresentavam cenas com conteúdo pornográfico, estando os mesmos expostos ao público”, Henriques Almeida admite ter-se tratado de uma “confusão” dos agentes da PSP com o título da obra em causa (“Pornocracia” de Catherine Breillat).

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A GIRAFA DE CRISTÓVÃO DE AGUIAR, POR ANDRÉ CAETANO, in Cães Letrados. 2008



« O episódio da Girafa é uma obra-prima. Ele bastaria para fazer um livro e afirmar um autor.»
Fernando Namora


"Textos como «A Girafa» nunca mais se esquecem, devido à sensibilidade e à carga afectiva que o autor nelas derrama."
Urbano Tavares Rodrigues

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Cães Letrados. Apresentação fnac: Hoje, 01.12. SEG 22H00 Mar Shopping; 04.12. QUI 18H30 Colombo; 06.12. SAB 17H00 Coimbra Fórum


Apresentação

CÃES LETRADOS




04.12. QUI 18H30 Colombo
06.12. SAB 17H00 Coimbra
08.12. SEG 22H00 Mar Shopping

SINOPSE:
Um magnífico livro de histórias sobre cães.
Histórias comoventes, onde aprendemos coisas extraordinárias destes nossos amigos.
Por exemplo: sempre que quisermos um cão idóneo devemos adoptá-lo entre a família dos vadios de primeira geração - só estes possuem capacidade para serem amigos de verdade e dar tudo pelo dono que o escolheu.
A apresentação de Cães Letrados, em Coimbra, conta com a presença do autor e de Leocádia Regalo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

"Cães Letrados" é o novo livro de contos de Cristóvão de Aguiar, com desenhos de André Caetano. Editora Calendário - 2008.

No dia 6 de Dezembro, pelas 17 h, na FNAC de Coimbra, é apresentado o livro de Cristóvão Aguiar, "Cães Letrados", pela escritora Leocádia Regalo.
INCLUI OS CONTOS: "GIRAFA" e "CÃES UNIVERSITÁRIOS".
"Um dia aconselhou-me. Sempre que eu quisesse um cão idóneo que o fosse adoptar entre a família dos vadios de primeira geração. Só estes possuíam capacidade de ser amigos de veras, dar tudo pelo dono que o elegera: da dentuça arregaçada, num sorriso de aviso à navegação, à meiguice de um lamber de mãos, passando por um roçar macio por entre as pernas…"

1.ª Edição: Novembro de 2008
Execução: ROCHA/artes gráficas, lda.
Depósito Legal: 285444/08
ISBN: 978-972-8985-29-5

sábado, 8 de novembro de 2008

APE: Grande Prémio de Literatura Biográfica para o livro "Diário Quase Completo", de João Bigotte Chorão.

O Grande Prémio de Literatura Biográfica da Associação Portuguesa de Escritores (APE) e da Câmara Municipal de Castelo Branco foi atribuído ao livro "Diário Quase Completo", de João Bigotte Chorão, anunciou hoje a APE em comunicado.

A decisão de distinguir esta obra, publicada pela Imprensa Nacional - Casa da Moeda, foi tomada por maioria de um júri presidido por José Correia Tavares (vice-presidente da APE) e constituído pelo professor universitário Artur Anselmo, a vice-reitora da Universidade de Coimbra, Cristina Robalo Cordeiro, e professora e ensaísta Clara Rocha (que votou na obra "Raul Proença - Vols. I e II", de António Reis).

No valor de 5.000 euros e patrocinado pela Câmara de Castelo Branco, o prémio, que se pretende bienal, abrangeu excepcionalmente um período mais alargado, entre 2000 e 2007, e admitiu a concurso 85 obras de escritores portugueses, nas áreas da biografia e autobiografia, memórias e diários.

Nas quatro anteriores edições, o Grande Prémio de Literatura Biográfica da APE foi atribuído a obras de Maria Teresa Saavedra, Eduardo Prado Coelho, Norberto Cunha e Cristóvão de Aguiar.

ANC.
Lusa/fim
João Bigotte Chorão:
Data de Nascimento: 18 de Outubro de 1933
Naturalidade: São Vicente (Guarda), Portugal

Alguns dados biográficos

João Bigotte Chorão, tido como um "especialista" de Camilo (a quem consagrou muitos escritos), na sua crítica e no seu ensaísmo - definidos já como "humanistas" - privilegia valores estéticos, não desligados porém de valores éticos. O seu Diário, pela contenção verbal e tensão interior, tem sido aproximado do de Miguel Torga, de quem, aliás, se confessa devedor.

Artigos, crónicas e ensaios seus estão, muitos deles, dispersos por jornais e revistas.

Colaborou com numerosos artigos em enciclopédias e dicionários de literatura e evocou autores vários em livros in memoriam.

Escreveu prefácios ou posfácios para obras de Leopardi, Garrett, Camilo, Eça, Trindade Coelho, João de Araújo Correia, Fernanda de Castro, Francisco Costa, Tomaz de Figueiredo, Domingos Monteiro, João Mendes, Couto Viana, Fernando de Paços, Júlio Pomar e Camilo de Araújo Correia.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Museu do Sabugal: Colecção Arqueológica 2008. Mais uma excelente iniciativa da Câmara do Sabugal e da Empresa Municipal Sabugal +.

Autores:

André Tomás dos Santos
Raquel Vilaça
Pedro C. Carvalho
Iñaki Martín Viso
Luís Rêpas
Miguel Soromenho
Marcos Osório (catálogo)
Ricamente apresentado e com inúmeras ilustrações a cores, o volume Museu do Sabugal – Colecção Arqueológica constituirá, doravante, um guia indispensável para quem deseje saber dos vestígios arqueológicos naquele concelho beirão.
Fruto da colaboração entre a Câmara local e a Empresa Municipal Sabugal +, data de Março de 2008 e tem textos de André Tomás Santos (Pré-História), Raquel Vilaça (Proto-História), Pedro C. Carvalho (Época Romana), Iñaki Martín Viso (Época Medieval: reino de Leão), Luís Repas (Época Medieval: reino de Portugal), e Miguel Soromenho (Época Moderna). É de Marcos Osório a responsabilidade do catálogo.
Tem o ISBN: 978-989-95684-0-2; a edição é de Pro-Raia (Associação de Desenvolvimento Integrado da Raia Centro Norte) e do Município do Sabugal. 184 preciosas páginas, terminando com bibliografia complementar e índice dos sítios arqueológicos donde procedem as peças.

sábado, 24 de maio de 2008

25 Olhares de Abril, Coordenação de Carlos Garrido, Prefácio de Maria Barroso, Campo das Letras, 2008. Inclui Crónica do Escritor Cristóvão de Aguiar.

A obra com o prefácio de Maria Barroso e capa de Albino Moura, é assinada por:


Abrantes Raposo, Aida Baptista, Albino Moura, Alice Tomé, Ana Júlia Sança, Artur Vaz, Carlos Cardoso Luís, Carlos Garrido, Carlos Pimenta, Cid Simões, Cristovão de Aguiar, Domingos Marques, Fernando Barão, Fernando Vasco, Gabriela Silva, Ilda Januário, Joaquim Alves Lavado, Jorge Paulos, José Carlos Fonseca, José Nascimento, Kalidás Barreto, Luís Alves Milheiro, Manuel Freire, Manuela Marujo e Maria Luísa Baptista.













25 Olhares de Abril, como o próprio título sugere, é um conjunto de textos de diferentes autores que, dentro e fora de Portugal, relatam a forma como viveram as emoções de uma revolução anunciada. Alguns, pela sua militância e proximidade, sentiram-se actores da mudança; outros, mais distantes, aguardavam expectantes que tudo se definisse.
Porém, e independentemente da visão que cada um tem, todos os autores deste livro se sentem unidos por um sentimento comum – o de que deixam o seu testemunho genuíno e autêntico sobre um acontecimento que mudou a vida de todos os portugueses. Por isso, esta pluralidade de olhares, mais do que uma obra literária, é um documento destinado às futuras gerações, evitando, assim, que se apague a memória dos que viveram e fizeram História.

Carlos Garrido nasceu em Lisboa, em 1944. Viveu na Freguesia do Sacramento até 1972 e, desde então, mora em Almada. É licenciado e doutorado em Economia. Publicou diversos artigos científicos e técnicos em revistas nacionais e estrangeiras, no domínio da análise da conjuntura económica e da economia das catástrofes. Tem publicado crónicas na imprensa regional e nacional. É membro de diversas instituições científicas, culturais e de solidariedade social. Tem prestado colaboração em diversas universidades portuguesas e estrangeiras. Foi assessor no Departamento de Prospectiva e Planeamento até à sua aposentação, em 2004. Actualmente é investigador no Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto e professor de Economia no IADE. Tem publicadas as seguintes obras literárias: "A Lua Vem com a Gente?" (Editorial Escritor, 2003) e "O Pintor de Palavras" (Editorial Escritor, 2005).

Lançamento/ Santarém
Hoje, 24 de Maio 17h30
Sala Multiusos - Centro Cultural Gil Vicente
25 OLHARES DE ABRIL
136 PP. ISBN 978-989-625-288-5 PVP 10.50 €

Cyrano de Bergerac

Cyrano de Bergerac
Eugénio Macedo - 1995

TANTO MAR

A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.

Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.

Manuel Alegre
Pico 27.07.2006