| Magnífico Reitor |
domingo, 18 de setembro de 2011
O Professor Doutor Teixeira Ribeiro vai ser homenageado pela Universidade de Coimbra, no próximo dia 7 de Outubro. Testemunho de Cristóvão de Aguiar, in Relação de Bordo 1964-1988. I
Coimbra, 1 de Agosto de 1974 --- Quem lança uma vista de olhos pela Imprensa Regional dá-se conta de que alguma coisa de muito importante se passou neste País de há uma semana para cá. E apesar de o calor estival convidar a um certo amolecimento da mente e do corpo, a semana que se passou foi das mais férteis em acontecimentos, tanto no âmbito nacional como no regional. O de maior relevância deu-se no último sábado, por coincidência no dia em que decorriam quatro anos sobre a morte física do velho ditador de Santa Comba Dão, em que o Presidente da República, sabe Deus com que amargos de boca, anunciou ao País que os Povos das Colónias poderiam, desde já, tomar em mãos as rédeas do seu destino, findando assim as causas da guerra que se prolongou durante cerca de treze anos. O outro acontecimento relevante foi a tomada de posse, na passada terça-feira, do novo Reitor da Universidade de Coimbra, Prof. Doutor Teixeira Ribeiro. Se a vetusta Sala dos Capelos tivesse sensibilidade teria decerto tremido como varas verdes ao ouvir o que lá se disse. Durante o último meio século, com excepção do então estudante de Direito, Carlos Candal, que, em 1961, como Presidente eleito da Associação Académica de Coimbra, ali proferiu no primeiro de Março, dia comemorativo da fundação da Universidade, um discurso notável e corajoso, as vozes que nessa venerável Sala dos Actos Grandes se fizeram ouvir eram de um modo geral monótonas, balofas, gordurosas de sapiência e onde os estudantes ¾ razão de ser da Universidade ¾ raramente a tiveram. Anteontem, porém, o Presidente da Associação Académica usou da palavra no acto solene da tomada de posse do Magnífico Reitor. Entre outras coisas foi dizendo que a "escola do futuro, se vai aproveitar os alicerces ainda válidos do ensino tradicional, não pode de modo nenhum assentar sobre as bases minadas e traiçoeiras da Universidade subserviente, dócil às exigências dos monopólios e aos caprichos do fascismo". E num solene aviso à navegação: "Aqueles que servilmente bajularam a política oficial de repressão estudantil, aqueles que puderam ocupar as suas cátedras à custa do afastamento de melhores valores intelectuais das nossas escolas, aqueles que viam na Universidade apenas um instrumento ao serviço dos seus interesses e dos seus benefícios pessoais não poderão ter mais lugar entre nós". As palavras do empossado, Prof. Doutor Teixeira Ribeiro, foram lúcidas, incisivas e claras, como é timbre do grande professor que tem sido. Agora vindas da sua qualidade de Reitor, cargo que foi sempre, salvo raríssimas excepções que confirmam a regra, a encarnação da flatulência oficial: "Não tenho ilusões sobre os muitos e agudos espinhos da minha tarefa. Mas conto com todos para me auxiliarem a cumpri-la. Conto em primeira linha com os estudantes. São eles os destinatários da Universidade e, como tais, maiormente interessados na excelência do seu ensino e no êxito da sua investigação. Espero que me aplaudam, quando entendam que procedo bem, e que me critiquem e esclareçam, quando entendam que procedo mal. Pelo que a voz dos estudantes há-de ser sempre atentamente ouvida e considerada por mim [...]". Há, de facto, algo de novo pairando no ar. Tudo se tornou mais bonito. Respira-se com mais largueza de fôlego. Súbito soltou-se a alegria das masmorras do peito para vir brincar para as ruas e praças. Os pés parece caminharem sobre um pavimento calcetado de nuvens. Seria tão bom nunca mais acordar deste quotidiano sonhar acordado!
Publicado por
Lapa
às
20:49:00
0
comentários
Secção: COIMBRA, HISTÓRIA DE PORTUGAL, Jornais, Relação de Bordo I
domingo, 5 de julho de 2009
+ Imagens da cozinha de escritores.
Publicado por
Lapa
às
18:32:00
2
comentários
Secção: COIMBRA, Cozinha de Escritores, Jornais, Notícias
quinta-feira, 5 de março de 2009
“Charlas sobre a língua portuguesa: alguns dos deslizes mais comuns de linguagem”. Jornal Nova Guarda. 28-01-2009.
Novo livro de Cristóvão de Aguiar

As "Charlas" são lições e apontamentos sobre os erros mais comuns praticados pelos falantes da Língua Portuguesa. Foram publicadas, individualmente, em diversos jornais, desde o Nova Guarda, ao Diário de Coimbra, Diário Insular, Comarca de Arganil, Correio dos Açores e Ilha Maior.
As “Charlas” tiveram grande aceitação dos leitores e os mais rasgados elogios. No livro, o autor dá exemplos práticos dos erros mais facilmente cometidos pelos falantes em geral e formula a sua correcção em textos de leitura agradável e didáctica.
Cristóvão de Aguiar, com a publicação deste livro, consolida e reforça a sua faceta de pedagogo na sua obra literária, sendo este mais um contributo muito válido para a Língua Portuguesa, por parte deste autor.
“O livro já se encontra praticamente pronto, só falta um pormenor na capa. Deve, pois, sair nos princípios de Fevereiro, com a chancela da Livraria Almedina”, refere.
Arquivo: Edição de 28-01-2009
SECÇÃO: Cultura
Publicado por
Lapa
às
15:21:00
0
comentários
Secção: Charlas sobre a língua portuguesa, Jornais, Notícias
domingo, 15 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 5 de junho de 2008
Expresso das Nove entrevista Cristóvão de Aguiar, 24-02-2006, por Tibério Cabral.
"Liberdade de expressão não pode ser posta em causa"
Foi recentemente homenageado pelos seus 40 anos de vida literária. Portugal está a perder o mau hábito de se lembrar apenas dos mortos?
Uma andorinha não faz a Primavera, mas é, sem dúvida, um começo. Se, por um lado, é reconfortante ser homenageado em vida, como foi o caso pela passagem dos 40 anos da minha vida literária, e sobretudo por partir da iniciativa de uma instituição como a Universidade de Coimbra; por outro, abriu-se-me no íntimo uma clareira de angústia existencial que me tem perturbado o seu tanto. Fiquei com a sensação de que fui invadido por um deserto que me aguçou a consciência dos limites cada vez mais acanhados do tempo e ainda não consegui obter resposta à pergunta insistente que se me põe amiúde: "E agora?". Tudo tem o seu reverso e uma homenagem em vida não foge à excepção.
O facto de a sua obra estar a ser estudada em várias universidades é a prova da qualidade da sua escrita?
A qualidade e a profundidade de uma obra não se medem apenas pela razão de ser objecto de estudo ou análise literária numa qualquer universidade. Com os autores contemporâneos até pode ser uma questão de moda ou mesmo de compadrio. E poderá mesmo produzir efeito contrário, como sucedeu a muitas gerações com "Os Lusíadas" e outras obras clássicas da nossa Literatura. Em Espanha aconteceu o mesmo com o D. Quixote de La Mancha, obra imortal que já perfez quatro séculos de existência... Mas sempre lhe quero dizer que é saboroso saber que se é estudado numa universidade. Quando tomei conhecimento, por mero acaso, e através da Internet, de que os meus contos estavam a ser objecto de uma tese de mestrado no Departamento de Estudos Portugueses da Universidade de Aveiro, senti-me estupefacto e ao mesmo tempo inundado de uma grande alegria interior...
O acto da escrita é para si um acto de prazer ou é também um processo doloroso, angustiante?
Tenho-me debruçado com frequência, sobretudo na "Relação de Bordo", sobre o acto da escrita. Uma vez escrevi: "Escrever é abrir o fleimão com a lanceta bem afiada. Fica-se mais leve e pronto a fazer peito à próxima onda."
A leveza que se sente, porém, é breve e o prazer na mesma. Estou a falar de mim. Pode haver, e há decerto, escritores que sentem mais intensamente o prazer da escrita, ou o gozo de escrever, se é que ele existe de facto. No meu caso é tão fugaz que se não compara com a angústia de perfurar o poço de onde retiro a matéria, por vezes ígnea, com que vou lavourando as palavras. Escrevo com o fito de exorcizar a caterva de fantasmas que me persegue. Mas, quanto mais escrevo, tanto mais tenho para exorcizar.
Porque está constantemente a reescrever os seus romances? Assume-se como perfeccionista?
É uma questão de temperamento que me escapa a qualquer explicação racional. Há quem diga que se trata de narcisismo ou de perfeccionismo. Poderá ser! Sinto-me bem a reescrever um livro. É como se o escrevesse pela primeira vez. E nesta matéria, ressalvando as devidas distâncias, estou muito bem acompanhado: Miguel Torga, Eça de Queirós, Carlos de Oliveira... Se podar, nas páginas de um livro, galhos secos, e mondar uma ou outra erva daninha é ser perfeccionista, então dou com muito gosto a mão à palmatória...
"Raiz Comovida" é a sua obra emblemática? Neste romance vai fundo na linguagem popular. Foi uma forma de captar ou perder leitores?
Apesar de ser considerada uma obra emblemática da literatura de significação açoriana, não é a minha preferida. Cada escritor ama um determinado livro que escreveu acima dos outros, o que não significa que ele tenha razão. Para mim, e talvez pelo facto de ele ter apanhado uma grande tareia de um crítico açoriano, o meu livro preferido é o "Passageiro em Trânsito". Cada página desse livro foi parida com muita dor, pois trata-se de um ajuste de contas comigo mesmo e com a Ilha ou o fantasma dela em mim alojado. Mas, e voltando à "Raiz Comovida", ela não me fez perder leitores. Antes pelo contrário. No Continente, a obra foi bem aceite, sobretudo na província, porque o léxico lá empregado é português de lei, dos séculos XV e XVI, tal como Aquilino nas "Terras do Demo", cujo vocabulário é também, e em parte, comum ao nosso. Caiu em desuso nas grandes metrópoles, mas continuou a usar-se nas zonas mais insuladas, que funcionaram, por assim dizer, como frigoríficos que conservaram durante muito mais tempo o léxico arcaico. Se quisermos ouvir falar como se falava nas Ilhas há quarenta ou cinquenta anos, o melhor é dar um salto à América, onde os nossos emigrantes utilizam ainda muitos vocábulos que nas Ilhas, e mercê dos "media" e de um isolamento mais mitigado, já caíram em desuso.
João Gaspar Simões saudou muito bem o livro "Raiz Comovida", fazendo mesmo um paralelismo com Aquilino Ribeiro. O que sentiu?
João Gaspar Simões foi durante cerca de meio século o papa da crítica em Portugal. Instituiu a crítica semanal, primeiro no Diário de Lisboa e por fim no Diário de Notícias. Acertou muitas vezes nos seus juízos de valor, mas também errou bastante. Quanto ao meu caso, de facto saudou o primeiro volume de "Raiz Comovida", mas foi adiantando que o tipo de regionalismo utilizado não tinha futuro, à semelhança de Aquilino das Terras do Demo e de Vitorino Nemésio dos contos de Paço do Milhafre. Para Gaspar Simões, o universal media-se pela tradutibilidade da obra. Creio que será um critério muito estreito. Há obras intra- duzíveis que são universais. Já Miguel Torga escreveu que "o universal é o local sem paredes" e Aquilino considerava mais ou menos isto: "quanto mais local for uma obra, tanto mais universal é ela". Apesar de todas as reticências de JGS, considerou "Raiz Comovida" como "um colar de pérolas a que lhe falta o fio", querendo com isto significar que se não tratava de um romance, como eu inadvertidamente o subintitulei, mas de um embrechado de histórias que se encadeiam umas nas outras por meio de uma palavra puxa palavra da linguagem popular.
"Passageiro em Trânsito" é também uma crítica à nossa diáspora?
Considerar que "Passageiro em Trânsito" é apenas uma crítica contundente à nossa comunidade emigrante luso-americana, por quem tenho muito respeito, até porque sou filho, neto e sobrinho de muitos emigrantes, é reduzir o livro a uma dimensão mesquinha. Foi isto que entendeu o tal crítico açoriano, na altura radicado na América, mas dá-me a ideia de que não percebeu patavina do que leu. De facto, existe crítica a uma certa mentalidade própria de determinado emigrante bazofeiro, mas daí a afirmar-se que ofendi a condição do emigrante não é justo. O livro é, sim, um ajuste de contas ou, se preferir, um frente-a-frente comigo mesmo e a Ilha, assim em maiúscula, por ser uma entidade mítica que contém todos os afectos e desafectos, amores e desamores de um ilhéu desilhado que eu sou. É este o destino dessa raça de gente: se volta não se adapta, mas também não se adapta totalmente no húmus para onde foi transplantado. Ficou com as raízes aluídas num chão pouco firme...
Conviveu com Paulo Quintela e com Miguel Torga. Tem saudades dos seus tempos de Coimbra?
Quem haverá por aí que não tenha saudades dos seus 20 anos? No entanto, não sou muito dado à saudade lamecha e coimbrinha que, por vezes, cons- titui doença crónica de milhares de bacharéis que se formaram na Lusa Atenas e enxameiam os quatro cantos do País, tentando, debalde, aprisionar o tempo. Vivi numa república de açorianos, os Corsários das Ilhas, e durante o tempo em que lá permaneci tive muitos momentos de alegria, ensombrada sempre pelo fantasma da guerra colonial, que rebentou poucos meses depois de ter chegado como caloiro a Coimbra. Vinha da Ilha como um bicho-de-conta, metido consigo, pensando que sabia alguma coisa, mas não. Nesse longínquo ano de 1960, a lonjura entre o Continente e as ilhas era realmente um grande obstáculo. Hoje, feliz ou infelizmente, já não. Os estudantes andam numa roda-viva ilha vai, ilha vem, com o maior dos à-vontades. Nesse tempo, a perspectiva era de pelo menos um ano a remoer saudades da Ilha e do que lá tinha ficado à nossa espera. Ter saudades seria, para mim, uma força de expressão, porque adoptei Coimbra como minha segunda pátria. De facto, tive o privilégio de conviver intimamente com Paulo Quintela, meu Mestre de Germanística e de muitos outros saberes aprendidos à mesa da tertúlia. De resto, saiu agora um livrinho, em edição refundida e aumen-tada, de minha autoria, publicado pela Imprensa da Universidade de Coimbra, que celebra o primeiro centenário do seu nascimento, ocorrido no passado mês de Dezembro, a que dei o título de "Com Paulo Quintela à Mesa da Tertúlia". Também convivi episodicamente com o poeta Miguel Torga.
"Culturas ocidental e islâmica estão a desmoronar-se"
Fale-nos da sua experiência no teatro de guerra na Guiné e da sua transposição para a escrita. Ainda hoje é importunado pelos fantasmas da guerra colonial?
Está ainda muito presente. Há milhares de ex-combatentes a sofrer sequelas da guerra colonial. Embora já haja uma mão cheia de grandes livros sobre a guerra colonial. Basta atentar nos exemplos de Manuel Alegre, Álamo Oliveira, João de Melo e Lobo Antunes, entre outros. A minha experiência de guerra deu-me também, 18 anos depois do regresso, um livro. "No Princípio" constituía uma das três partes de "Ciclone de Setembro". Mais tarde, em 1990, desenvolvi-o e autonomizei-o em livro que titulei de "O Braço Tatuado". Foi muito bem recebido pela crítica, mas foi pouco divulgado, uma vez que a editora que o deu a lume abriu falência pouco tempo depois. Será este livro um dos meus próximos trabalhos de reescrita.
A propósito dos cartoons sobre Maomé, como conciliar liberdade de imprensa e de expressão e respeito pelas crenças religiosas?
O que se passou com a reacção muçulmana aos cartoons de Maomé não se pode admitir, nem sequer pôr em causa a liberdade de expressão. Nem ninguém tem de pedir desculpas. Muito menos Portugal, numa declaração infeliz de Freitas do Amaral. Os primeiros cartoons foram publicados em Setembro por um jornal dinamarquês. Foi para tribunal, que não deu seguimento ao processo. Só agora a barbárie entrou a matar. Não quero com isto dizer que concordo com os cartoons. Nem com o preservativo no nariz do Papa João Paulo II, em cartoon publicado há anos pelo Expresso. O que penso é que há outras maneiras de reagir àquilo com que se não concorda sem ser com violência desabrida. Mas, repito, a liberdade de expressão não pode de modo nenhum ser posta em causa. São culturas diferentes, sempre o foram, e ambas estão a desmoronar-se: a ocidental e a outra. Enquanto não houver tolerância de parte a parte, nada feito. Recentemente, por ocasião do doutoramento Honoris causa de um líder espiritual muçulmano, na Universidade de Évora, o imã frisou bem este ponto e a pluralidade de opiniões.
Tibério Cabral
Publicado por
Lapa
às
17:31:00
0
comentários
Secção: AÇORES, BRISTOL R.I., COIMBRA, Cultura, entrevistas, Jornais, PICO DA PEDRA, Polémica
domingo, 2 de março de 2008
"BRAÇO TATUADO", crítica literária de Beja Santos in semanário "O Ribatejo" 08-02-2008.
CLICAR NO TÍTULO PARA LER ARTIGO INTEGRAL DE BEJA SANTOS
[...] " Cristóvão de Aguiar combateu na Guiné entre 1965-1967. É um momento crucial em que o PAIGC começa a demolir e a rechaçar as posições no leste e norte da Guiné, cultivando e ocupando territórios onde as tropas portuguesas nem sempre podiam ir e quando iam era por curta permanência. "Braço Tatuado, Retalhos da Guerra Colonial" (Publicações Dom Quixote, 2008) é um relato poderoso de quem está a fazer a guerra na região este, acima de Bafatá.
O relato dos horrores da guerra: executar um inimigo que serviu de guia e depois escrever no relatório que foi abatido por tentativa de fuga no teatro de operações. Guerra significa também misteriosas relações de poder: ameaças de punição, desautorização, desacreditação. Os soldados podem chamar-se Barrancos, Vila Velha, Cartaxo, Pombal. O capitão chama-se Carvalho e o alferes Mendonça. Pelo nome se conhece a classe e a hierarquia. Fazem-se patrulhamentos, batidas, emboscadas e golpes de mão. Há feridos em combate e acidentados em combate. Temos depois as alquimias dos relatórios, é nessa prosa que um desastre se torna num retumbante feito militar.
Cristóvão de Aguiar fala em Mário Soares, um célebre comerciante português de Pirada que, produto das circunstâncias, tem bom relacionamento com os guerrilheiros. É através de Soares que se dão e obtêm informações. Temos depois os comportamentos bizarros, os actos de heroísmo, as manhas, os oportunismos, o autor deambula pela guerra, satiriza, caustica, observa costumes, pega nos pontos altos e obscuros da alma humana, nas cartas que não chegam, na solidão, na perda do autodomínio, na bebedeira, no inesperado suicídio. Sete anos depois a guerra acaba.
Narrativas como a de Cristóvão Aguiar lembram-nos que há feridas que se mantêm abertas. Virá o dia em que todos estes apontamentos e testemunhos serão tomados em conta como episódios de uma História de Portugal ainda desvanecida. Até lá, bons testemunhos e bons escritos como o de Cristóvão de Aguiar precisam de ser reconhecidos pelos seus contemporâneos como textos de sofrimento que as novas gerações precisam de conhecer. Em Portugal e em África, pois claro."
In semanário O Ribatejo, por Beja Santos
Publicado por
Lapa
às
19:55:00
1 comentários
Secção: AÇORES, Braço Tatuado., críticas literárias, GUINÉ, Jornais
Braço Tatuado, Jornal Público 28-02-2008.
Publicado por
Lapa
às
10:13:00
0
comentários
Secção: AÇORES, Braço Tatuado., COIMBRA, GUINÉ, Jornais, Notícias, PICO DA PEDRA
sábado, 1 de março de 2008
17 Perguntas a Cristóvão de Aguiar. SEMANÁRIO O DESPERTAR 29-02-2008:

17 PERGUNTAS A CRISTÓVÃO DE AGUIAR
Cristóvão de Aguiar, 67 anos
Nasceu na Ilha de São Miguel, nos Açores, e tem actualmente residência em Coimbra e Ilha do Pico. É escritor. É divorciado e tem três filhos
E-mail: cristovaodeaguiar@gmail.com
Melhores recordações da infância: R: Vivo ainda nesse reino encantado!
O que mais aprecia nos seres humanos? R: A amizade
E o que mais detesta? R: Hipocrisia
Coimbra em três palavras: R: Cidade do coração
O governo em três palavras: R: Não há alternativa credível
Portugal tem futuro? R: Tem, se o merecer e trabalhar
O melhor do mundo é (são): R: Os livros…
Onde está o mal deste mundo? R: O desconcerto entre as nações, as guerras, o terrorismo e as alterações climáticas
Três títulos para uma primeira página ideal: R: Palestinianos e Israelitas finalmente em paz!
Terminou a guerra no Iraque! Americanos Levantam Bloqueio a Cuba
A fórmula do sucesso: R: Suor, muito trabalho e alguma sorte também
Desporto favorito: R: Andar a pé…
Filme que gostaria de rever 10 vezes: R: A Quimera do Ouro
Uma data marcante (a nível pessoal): R: 8 de Setembro
Uma data marcante (país): R: 25 de Abril
Uma data marcante (mundo): R: 11 de Setembro
Um sonho por concretizar: R: Todos…
Um pesadelo que o atormente: R: A morte…
29.02.08
CW: Zilda Monteiro
Publicado por
Lapa
às
23:11:00
0
comentários
Secção: COIMBRA, entrevistas, Jornais
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
CINCO QUINAS: Mestre Fernando expõe no Museu Municipal do Sabugal
CLICAR NO TÍTULO PARA VER JORNAL CINCO QUINAS
Fernando Monteiro Fernandes artesão natural do Soito, manteve durante todo o mês de Fevereiro uma exposição com obras executadas em ferro, madeira e granito.
Esteve patente ao público, na sala de exposições temporárias do Museu do Sabugal, desde 02 de Fevereiro até 02 de Março de 2008, uma exposição de trabalhos em ferro forjado, madeira e pedra da autoria de Fernando Monteiro Fernandes.
Fernando Monteiro trabalha o ferro com mestria na sua oficina na vila do Soito e apresentou-nos um conjunto de obras escultóricas dotadas de imensa originalidade e denotando uma incrível inspiração, talento e trabalho valoroso.
A exposição foi inaugurada no dia 02 de Fevereiro de 2008, pelas 16h00. Na abertura o Presidente do Conselho de Administração da Sabugal +, E.M., Norberto Manso, tomou a palavra para agradecer ao artista e aos muitos amigos que a ele se quiseram juntar. «O Mestre Fernando Monteiro Fernandes trabalha o ferro como ninguém e, mais recentemente, levantou asas para outros voos, tendo-se aventurado no trabalho da madeira e da pedra», disse Norberto Manso, elogiando o trabalho que tem realizado e cujas obras já estão espalhadas internacionalmente. «O Fernando», disse ainda Norberto Manso, «onde põe as mãos nasce poesia e as aves levantam voo».
No final da sessão de abertura da exposição, Norberto Manso agradeceu, mais uma vez, ao artista e aos convidados bem como a todos os funcionários da Sabugal +.
Por sua vez, Fernando Monteiro Fernandes, agradeceu à Sabugal + a oportunidade de expor e a todos os amigos que a ele se quiseram juntar nesse dia. Seguiu-se um porto de honra para todos os presentes.
A exposição pôde ser visitada de terça a sexta-feira entre as 09h00 as 12h30 e entre 14h00 as 17h30 bem como nos fins-de-semana entre 14h30 as 17h30.
Por: M. D.
Publicado por
Lapa
às
11:19:00
0
comentários
Secção: A Arte do Ferro. F.M.F., Jornais, Soito Sabugal
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Diário de Coimbra, Domingo, 17-02-2008. Cristóvão de Aguiar homenageado no Porto.
Publicado por
Lapa
às
11:14:00
0
comentários
Secção: COIMBRA, curiosidades, Jornais, Notícias, PICO DA PEDRA
sábado, 16 de fevereiro de 2008
BRAÇO TATUADO: "É UM MURRO NO ESTÔMAGO", CRÍTICA DE VICTOR RUI DORES. Açoriano Oriental.14-02-2008
Retalhos da Guerra Colonial
2008-02-14 12:13
A Guerra Colonial (1961-1974) constituiu uma das mais trágicas encruzilhadas da História portuguesa e é ferida que ainda não cicatrizou na memória dos que a viveram. Não foi só o caudal de feridos, estropiados, desaparecidos, desertores e mortos que essa guerra provocou. Foi também a memória de um tempo em que o medo, a angústia, a crueldade e a intolerância foram postos ao serviço dos mecanismos repressivos do Estado Novo.
A “Síndrome do Stress Pós-Traumático da Guerra” não é mera figura de retórica – é uma enfermidade que atinge hoje milhares de ex-combatentes (há estudos que apontam para cerca de 140.000), com reflexos directos nas suas famílias, havendo mesmo psiquiatras que afirmam tratar-se de um problema de saúde pública.
Os que ontem eram jovens na flor da idade, vivem hoje o trauma e o recalcamento dessa guerra escusada e inglória. Na guerra aprenderam a amar melhor a paz. Vendo a morte a rondar por perto, aprenderam o valor excepcional de viver. E, porque calaram durante longos anos a indignação, têm vindo a dar testemunho dos horrores vividos e sentidos. Nesta matéria, e no âmbito da produção literária, há autores incontornáveis que, através da escrita, fizeram (e continuam a fazer) catarse e exorcismo da memória: Álamo Oliveira, António Lobo Antunes, Cristóvão de Aguiar, Fernando Dacosta, Fernando Assis Pacheco, João de Melo, José Martins Garcia, Manuel Alegre, Mário de Carvalho, entre outros.
Por outro lado, o cinema português tem vindo também a dar importantes contributos na revisitação desse conflito armado, havendo a destacar filmes como O Mal Amado (1974), de Fernando Matos Silva; Um Adeus Português (1985), de João Botelho; Inferno (1999), de Joaquim Leitão; Preto e Branco (2002), de José Carlos de Oliveira; Os Imortais (2003), de António Pedro de Vasconcelos, entre outros.
Mais recentemente, dois excelentes comentários televisivos vieram avivar a memória dessa guerra e lançar novas formas de compreensão da mesma: As Duas faces da Guerra, de Diana Adringa, e A Guerra, de Joaquim Furtado.
É neste contexto que surge o livro Braço Tatuado – Retalhos da Guerra Colonial (Dom Quixote, 2008), de Cristóvão de Aguiar, agora reeditado em nova versão. Este romance começou por constituir uma das partes de Ciclone de Setembro (1985), tendo sido mais tarde autonomizado com o título O Braço Tatuado (1990). E esta é uma atitude de coerência de Cristóvão de Aguiar, na medida em que estamos perante um escritor que, contínua e continuadamente, reescreve os seus livros.
O autor, cumprindo serviço militar obrigatório, viveu uma experiência traumática de dois anos no pior palco da guerra colonial: Guiné. E, por isso mesmo, faz uma “digressão retrospectiva” (pág. 28) a vivências, perplexidades e amarguras dos dias incertos dessa guerra – feita de ataques, flagelos, emboscadas, contra-emboscadas e outras atrocidades…
Os soldados da companhia 666 vivem o jogo da vida e da morte num quotidiano povoado de angústias e medos. As ciladas e as armadilhas espreitam a cada momento. E, nas páginas deste livro, ecoam rajadas de G-3, explosões de granadas, minas, morteiros, rockets, canhões, armas ligeiras e semi-automáticas. Há ordens insensatas, missões absurdas e relatórios hipócritas. Há picadas de incerteza, montes baga-baga e “rios secos de angústia” (pág. 134). E há a ração de combate, a leitura expectante de cartas e aerogramas. E há a loucura do capim, o desespero do cacimbo, a miséria dos autóctones, os efeitos do paludismo, as densas matas, as extensas bolanhas, a violação de mulheres indefesas, as sevícias sobre os prisioneiros… É, enfim, o horror de matar e ver morrer e uma contundente chamada de atenção para o desrespeito pela vida humana.
Braço Tatuado – Retalhos da Guerra Colonial denuncia a hierarquia “castrense e castradora” e o regime político que sustenta uma guerra sem fim à vista. O livro desenrola as teias do delírio e da loucura. Neste aspecto, é bastante significativo e sintomático o suicídio de Niza – tatuado com os dizeres AMOR DE LENA, a sua amada que o trocaria por outro…
Anti-heróis inadaptados numa guerra onde o que conta é manter-se vivo, as personagens (humaníssimas) deste livro entregam-se com sinceridade a contar o tempo que lhes falta para o definitivo adeus às armas, aguardando, com impaciência, que o navio Uíge (“em sua colonial majestade” – pág. 131) os transporte de regresso a Portugal. Como aspecto positivo da guerra, ficarão apenas as amizades que se construíram, as cumplicidades que se aprofundaram, as experiências de grupo que se viveram.
De salientar que Cristóvão de Aguiar percepciona a guerra não só sob o ponto de vista de ex-combatente, mas também na perspectiva do próprio povo africano, afinal tão vítima como nós dessa guerra escusada e inglória. Os portugueses lutavam pela sua sobrevivência, tal como os guerrilheiros do PAIGC lutavam pela sua libertação. Há aqui um olhar humano e uma consciência crítica sobre o logro da guerra colonial.
Escrito com desenvoltura narrativa, Braço Tatuado – Retalhos da Guerra Colonial é um murro no estômago. Urge lê-lo, sabido que é curta a memória dos homens.
Victor Rui Dores
BAFATÁ; NOVA LAMEGO; DUNANE; PICHE; KANQUELIFÁ; BURUTUMA; FAJONQUITO; RIO GEBA; JABICUNDA; CONTUBOEL; MAFRA; COIMBRA; ILHA; SONACO; SENEGAL; GUINÉ-CONACRI; CARESSE; MECA; NHACRA; AMURA; BURUTUMA; ALGARVE; PIRADA; MANSOA; ANGOLA; BAMBADINCA; CAMBAJU; MADINA DE BUÉ; PIGIGUITI; ARGEL; LISBOA; BISSAU; SARE BACAR; UÍGE.
Publicado por
Lapa
às
08:27:00
1 comentários
Secção: Braço Tatuado., críticas literárias, GUINÉ, Jornais, Victor Rui Dores
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Campeão das Províncias, 14-02-2008, Notícia Única da Última Página
Clicar título para ver notícia original no Campeão on-line
CLICAR NOTÍCIA PARA AMPLIAR

Desta vez, fizeram as vontadinhas todas ao Cristóvão, não há razões para não estar contente.
Para quem declarou ao Campeão das Províncias, em Agosto de 2007, que tinha dificuldade em arranjar editora...
Em seis meses, editou três livros, qual deles o melhor?
Este último, na verdade, é um mimo, capa brochada, letra grande, mesmo ao gosto do Cristóvão "menino"...Mas, realmente, merecia-o.
E o "TRAILER"? -Ganda pinta.
Agora, tem duas editoras de prestígio, a Almedina e a Dom Quixote e está a ser homenageado por uma terceira, a novel e promissora Editora Calendário de Letras, que o homenageia no próximo dia 23 de Fevereiro, na cidade do Porto, no Mercado Ferreira Borges onde, pela última vez, se realiza este mercado do livro.
Cidade do Porto, onde viu reconhecida a sua obra, Relação de Bordo, com o Grande Prémio de Literatura Biográfica da Associação Portuguesa de Escritores/Câmara Municipal do Porto, depois de ter sido apresentado na Livraria Lello, por Egito Gonçalves- "o único livro que se lhe impôs apresentar em vida".
Hoje de manhã, ao ler o Campeão, disseram-me, na padaria Padrão, perto do comboio, que o Cristóvão andava impecável. Que lhe fazia bem andar como anda... e que andava muito!
Sim senhor, é assim mesmo!
Não há fome que não dê em fartura.
E, pelos vistos, isto ainda é só o começo...
Publicado por
Lapa
às
17:47:00
4
comentários
Secção: Braço Tatuado., COIMBRA, GUINÉ, Jornais, Lapa, Notícias
sábado, 9 de fevereiro de 2008
DIÁRIO DE COIMBRA: JOVEM CONDENADO A 11 ANOS DE PRISÃO E O OUTRO ARGUIDO FOI ABSOLVIDO DE TODOS OS CRIMES DE QUE VINHA ACUSADO.

LEGENDA: O LAPA, DE CIGARRO NA BOCA, À DIREITA A DESLIGAR O TELEMÓVEL, MOMENTOS ANTES DE OUVIR O ACÓRDÃO ABSOLUTÓRIO DO SEU CONSTITUINTE QUE ESTÁ DE COSTAS A ENTRAR NA SALA DE AUDIÊNCIAS.
Ana Margalho / Diário de Coimbra
Publicado por
Lapa
às
17:19:00
1 comentários
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
#Cristóvão de Aguiar, Escritor Universal, por Rita Basílio in Campeão das Províncias, 10 de Março de 2005 #CristóvãodeAguiar
“Poucos se aventuraram a ser marinheiros. Os que foram ficando em terra abraçaram outras ondas, talvez mais amargas, sem barcos nem navios. Quanto a mim, cumpri o meu destino: trago uma Ilha servindo-me de lastro num dos porões abalroados da proa deste velho navio onde navego e me viajo”.
Não poderia ser mais inconfidente a pena de Cristóvão de Aguiar nesta passagem de «Marilha», título que, por estes dias a D. Quixote irá lançar. Aderir à leitura da obra do escritor, nascido em 1940 no lugar de Pico da Pedra, Ilha de São Miguel, e “refugiado” em Coimbra desde os turbulentos anos 60, é entrar no âmago da sua experiência mental e emocional.
Por uma razão simples. Escrever, argumenta no seu sotaque carregado, “é um exercício autobiográfico. O que acontece é que todo o autor altera cenários, personagens e mente. Quanto mais mentir, melhor!”
Numa palavra, Cristóvão é o criador e o protagonista das suas histórias. Desde a «Raiz Comovida», o primeiro volume a romper a barreira do conhecimento e a merecer uma distinção de peso – o Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa, em 1978 –, até «Trasfega: casos e contos», título com que arrecadou o Prémio Miguel Torga, em 2002.
Reconhece-se na escrita “como, e enquanto, pessoa-escritor”, atesta, por seu lado, Ana Paula Arnaut. A sua prosa, prossegue a docente da Faculdade de Letras de Coimbra, é “uma catarse onde se misturam tempos e vivências, espaços e recordações, pessoas e amores perdidos ou encontrados, mundos experimentados ou imaginados”. Mas universos recriados de dentro para fora, como bem testemunha «Trasfega», colectânea de histórias com perfume insular. Nesta, salienta Ana Paula Arnaut, ele “se perde e se encontra em casos e contos que, embora diferentes no que respeita à temática particular, parecem ser presididos pelo mesmo espírito e por uma mesma preocupação”. A saber: “dar conta das teias em que o Homem se vê enredado”.
É exactamente por isso que José Medeiros Ferreira considera Cristóvão um nome incontornável da produção literária contemporânea:
“Está para os Açores como Almeida Garrett está para a literatura portuguesa do século XIX”. Começou, retrata, por “mergulhar na memória ficcionada, assentando, depois, no registo diário e aderindo, mais tarde, à dimensão onírica, através do relato dos sonhos”, mas, em qualquer uma dessas fases, “tornou erudita a linguagem popular”.
Quatro décadas de vida literária.
Tal como a escrita, quase sempre mais sofrida do que prazenteira, também a vida não trouxe a Cristóvão de Aguiar só alegrias. Originário de uma família de camponeses e artífices, só prosseguiu os estudos para além da primária graças ao sacrifício do pai, que se empregou na base militar do arquipélago para fazer face às despesas crescentes.
Foi bom aluno, interessado, desde o berço, na literatura e até o responsável pela ausência de Medeiros Ferreira nos campos de futebol. Contagiou-o a tal ponto com o vício da Biblioteca do Liceu de Ponta Delgada que, anos mais tarde, inauguraram ambos uma colaboração literária n’«O Correio dos Açores», como uma página dedicada a Eça de Queirós.
À boleia de uma bolsa de estudo, viaja, findo o liceu até Coimbra, para cursar Filologia Germânica e só à custa de uma extraordinária resistência ao doloroso sentimento da solidão não regressou, pouco depois, ao regaço familiar. Valeu-lhe a imersão na vida cultural da cidade e nas tertúlias de figuras eminentes, onde sempre preferiu falar menos e escutar mais.
Apaixonou-se por essa efervescência intelectual e não mais se ausentou da cidade meses a fio a não ser por culpa da guerra. Fê-lo interromper o curso, atirou-o para a Guiné e pô-lo de rastos durante os anos seguintes à comissão.
Pelo meio nasceram-lhe dois dos seus três filhos. O primogénito, concebido em África e crescido com os olhos colados na sua obra, chegou a vender os seus livros porta a porta, promovendo-o como um autor que “não pede meças aos grandes nomes da literatura portuguesa”.
Hoje, José Manuel Aguiar, advogado de profissão, aprecia a sua obra como se de um tratado multidisciplinar se tratasse. “Ela abarca a História, a sociologia, o fascismo, a vida académica de Coimbra, a portugalidade e, acima de tudo, a alma do povo açoriano”.Curiosamente, o primeiro registo que o antigo redactor da revista «Vértice» escolheu para se expressar foi a poesia. Antes mesmo de se licenciar, de dar aulas em Leiria e de se tornar director de Inglês na Faculdade de Ciências de Coimbra – funções que desempenhou durante 30 anos e até se aposentar –, estreou-se com um livro de poemas. Hoje, vê esse «Mãos Vazias», surgido em 1965, como “mau, muito mau”. O único valor que lhe vislumbra é o de assinalar o início da sua vida literária.
Volvidos 40 anos, a Faculdade de Letras de Coimbra prepara-se para o homenagear. Sob a coordenação de Ana Paula Arnaut, está a ser forjado um livro que reúne grande parte das críticas que, ao longo destas décadas, foram sendo dirigidas à sua obra. São, ao todo, mais de dezena e meia de títulos nascidos da pena de um homem com o coração dividido. Ama os Açores, mas só deste lado do Atlântico, a uma distância espacial e emocional vasta e sentida, consegue ficcionar as suas experiências de ilhéu.
A sua matriz, porém, é a identidade de um povo. Já o disse o ensaísta Aníbal Pinto de Castro quando, no prefácio ao seu «Relação de Bordo II», afirma que observa a “realidade vivida por si com as lentes de uma agudíssima poética de dimensão universal”.
Publicado por
Lapa
às
15:21:00
0
comentários
Secção: entrevistas, Jornais, Marilha, PICO DA PEDRA
sábado, 27 de outubro de 2007
ILHA MAIOR, CAPA DA EDIÇÃO N.º 653, de 23 de JUNHO DE 2006
Publicado por
Lapa
às
10:59:00
7
comentários
Secção: A Tabuada do Tempo, Jornais
domingo, 21 de outubro de 2007
CORREIO DOS AÇORES, PONTA DELGADA, EDIÇÃO N.º 25336, de 21-06-2006
Publicado por
Lapa
às
10:39:00
3
comentários
Secção: A Tabuada do Tempo, Jornais
NOVA GUARDA, Edição N.º 565 de 22-08-2007
Publicado por
Lapa
às
10:20:00
0
comentários
Secção: Jornais, Raiz Comovida
sábado, 20 de outubro de 2007
António Manuel Rodrigues, in Diário de Coimbra, 4 de Março de 2004.

Nascido nos Açores em 1940, mas radicado em Coimbra há 44 anos, onde se licenciou em Filologia Germânica, Cristóvão de Aguiar dá agora à Literatura Portuguesa uma Nova Relação de Bordo, último volume da trilogia de diários. Segue-se mais “trabalho e persistência”, sem se preocupar com prémios ou que há-de vir. O escritor, que amanhã, pelas 16h30, ouvirá Ana Paula Arnaut (Professora de Literatura da Faculdade de Letras), apresentar, na Casa Municipal da Cultura e no âmbito da Mostra Cultural da Universidade, a sua nova obra, tem sido assemelhado a grandes vultos da literatura, mas considera-se um “simples mortal”.
Simples sim, nota-se nesta entrevista, mortal também, naturalmente, mas, pela obra literária, indiscutivelmente invulgar.
Publicado por
Lapa
às
11:05:00
7
comentários
Secção: COIMBRA, entrevistas, Jornais, Relação de Bordo III
TANTO MAR
do qual este poema começou a nascer.
Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.
Manuel Alegre
Pico 27.07.2006

















