quarta-feira, 26 de setembro de 2012
SPORTING: OS CINCO VIOLINOS, IN CICLONE DE SETEMBRO de CRISTÓVÃO DE AGUIAR, página 102. 1985. Editorial Caminho.
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quinta-feira, 31 de maio de 2012
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Dunane, Guiné, 19 de Outubro de 1965. Guerra Colonial Interior.
Dunane, 19 de Outubro de 1965
[...] E eis-me aqui, diante de mim, nu, andrajoso, suplicante, a alma enregelada e crucificada na cruz destes dias sem nome. Nos olhos, uma fornalha de fúria e uma fome antiga não sei em que víscera, essa fome de séculos que é já grito milenário de todas as bocas em mim. Eis-me, pois, aqui, disparando bombas de palavras ao concentrado silêncio da noite. Eis-me aqui, tentando pescar estrelas no poço aberto do firmamento. Eis-me aqui, indefeso e nu, interrogando não sei que morto que vive numa parte de mim... Em frente de mim, nu e com o frio de todos os pólos, interrogo-me como se fosse réu e juiz ao mesmo tempo. E as palavras que ouço vêm da minha voz antiga, saída do mais fundo de mim, carregada de pedras e de cardos, que grita e se contorce, morre e ressuscita, e continuo, indefeso e nu, aqui em frente de mim...
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sexta-feira, 26 de março de 2010
Túneis para ligar as ilhas ou metro de superfície… in Expresso das Nove 20 anos.
CRISTÓVÃO DE AGUIAR
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sábado, 26 de abril de 2008
Coimbra, 1 de Maio de 1974, por Cristóvão de Aguiar, in Relação de Bordo, 1964-1988.
Coimbra, 1 de Maio de 1974.
Nunca vi um dilúvio de gente desta natureza em toda a minha vida. Nem a procissão do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que é a maior de todas as que se realizam, também em Maio, nas Ilhas dos Açores, se pode comparar com o que hoje assisti com as lágrimas rebentando-me com gostosura dos olhos cheios. Era um tejo transbordando de povo correndo da Praça da República até ao Estádio Universitário, na margem esquerda do Mondego.
Miguel Torga seguia perto de mim. Procurei ler-lhe no rosto o que lhe ia na alma. Não consegui. Mas a sua presença na grandiosa procissão cívica deu ao acontecimento uma garantia de seriedade patriótica- a Poesia e a Revolução de mão dadas pela avenida abaixo. Oxalá seja este himeneu duradouro.
Até o meu filho mais velho, o José Manuel, que tem pouco mais de sete anos, teve hoje o seu primeiro acto de emancipação doméstica- perdeu-se por entre a multidão e só regressou a casa ao princípio da noite! E estava todo contente, porque, segundo declarou, sumiu-se de propósito, porque conhecia as ruas que o podiam conduzir de regresso a casa. Quis também saborear o seu quinhão de liberdade.
Ajuizando pela multidão que seguia no cortejo de Coimbra e em todos os outros que vi, à noite, pela televisão, deu-me a ideia de que toda a gente deste País estava ansiando pela democracia. Mas não serão democratas a mais numa nação tão pequena? É já tempo de começar a desconfiar de tanta fartura.
IN CRISTÓVÃO DE AGUIAR, RELAÇÃO DE BORDO ( 1964-1988) Pag. 124
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Secção: AÇORES, COIMBRA, HISTÓRIA DE PORTUGAL, PICO DA PEDRA, Relação de Bordo I, Textos avulso
TANTO MAR
do qual este poema começou a nascer.
Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.
Manuel Alegre
Pico 27.07.2006

