domingo, 27 de janeiro de 2008

MEMÓRIAS DO ROCK PORTUGUÊS, 3.ª EDIÇÃO, DE ARISTIDES DUARTE, Professor, Jornalista, Bloguista e Melómano.

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Prefácio de António Manuel Ribeiro (UHF)
Faz-nos falta a memória para sabermos do hoje.

Há tarefas que são profundamente necessárias à nossa vida colectiva destes dias e, no entanto, permanecem ignoradas, esquecidas, até porque os tempos de aperto aconselham a sobrevivência desesperada. Mas, como no exemplo recorrente do deserto (para mim um local sempre purificador, um espelho), a imagem que não é miragem mostra que há vida e beleza para usufruir.
Tudo isto a propósito da responsabilidade que é prefaciar este compêndio do conhecimento musical português moderno do João.
Era uma história que faltava fazer, com lucidez jornalística, usando os traços fortes da síntese (a crítica fica para depois, para quem adquire a obra e a ouve), delineando a história do Pop/Rock luso com raízes antes da revolução política de Abril de 1974 até aos nossos dias. Primeiro, os movimentos, as modas musicais suscitadas em cada época; depois as biografias dos artistas e dos grupos; e por fim a escolha e (aí sim) a crítica discográfica com toda a vontade de mostrar e nenhuma de destruir.
Conheci o João através de uns recortes que regularmente recebia de uma empresa especializada em analisar e tratar notícias. Naturalmente o material recebido era sobre os UHF. Várias vezes parei para analisar o que um sujeito, desterrado na fria, forte e farta Guarda, escrevia sobre nós e sobre os meus colegas de aventura nos finais dos anos 70. Acreditem que, por várias vezes, fiquei espantado com a minúcia dos factos relatados. Glória a este homem que tem memória, pensei amiúde; aplausos para este melómano do Rock português e periféricos, reafirmo. Ainda bem que todo esse trabalho e toda essa paixão preocupada correram para este livro que agora começais a abrir.
Mais tarde encontrei o João Aristides Duarte ligado ao mundo dos espectáculos na sua região: fazia-o por hobby; importava-lhe que o artista contratado para a festa na terrinha tivesse obra de valor e qualidade cénica. Habituei-me, nesta profissão a que pertenço há tanto tempo, que não está felizmente tudo adquirido: há sempre, um pouco por aí, como as belezas naturais que as promoções turísticas formatadas esquecem, qualquer coisa de bom, de intrinsecamente nosso, por descobrir – o João é um artífice desses.
É preciso também referir neste ponto da prosa que ele é professor primário, por isso ocupado, por isso a sentir na pele e no carácter o reboliço destes tempos de encruzilhada social. Manter ao longo de oito anos uma crónica regular de pesquisa e análise do que se fez (história) na música portuguesa moderna, mantendo actualizada a escuta do que se faz no presente (há cada vez mais discos com edição de autor difíceis de encontrar), é obra! Tiro-lhe o chapéu, naturalmente.
“Memórias do Rock Português” vem completar a amostragem da nossa música popular iniciada com “Escrítica Pop” (Ed. Assírio & Alvim, 1982, com reedição em 2003), de Miguel Esteves Cardoso; “A Arte Eléctrica de Ser Português – 25 Anos de Rock’n Portugal” (Ed. Bertrand, 1984), de António A. Duarte; “Musa Lusa” (Ed. Hugin, 1997), de Jorge Lima Barreto; “Os Melhores Álbuns da Música Popular Portuguesa” (Ed. Jornal Público, 1998), de vários autores; e “Música Ligeira Portuguesa” (Ed. Círculo de Leitores, 1998), de Luís Pinheiro de Almeida e João Pinheiro de Almeida. É, naturalmente, o mais completo de todos, não só por ser o último mas também porque cuidou de ir atrás no tempo, cruzando nomes, projectos alternativos com elementos de bandas estabelecidas (uma peculiaridade muito nossa), desenhando na areia do deserto, onde quase sempre a música vive (cada um de per si), os trilhos das fugas dos músicos em busca de novas e noivas experiências.
Obrigado, senhor professor, pelo seu tempo, por este cuidado e pela coragem de reunir o seu conhecimento sobre nós em livro.

António Manuel Ribeiro (UHF)

Músico
Fevereiro de 2006

O PODIUM SCRIPTAE RECOMENDA ESTA GRANDE ENCICLOPÉDIA DO ROCK PORTUGUÊS.

Sem comentários:

Cyrano de Bergerac

Cyrano de Bergerac
Eugénio Macedo - 1995

TANTO MAR

A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.

Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.

Manuel Alegre
Pico 27.07.2006