domingo, 26 de agosto de 2007

CRISTÓVÃO DE AGUIAR: "EU, ILHÉU, ME CONFESSO" - "I, ISLANDER, CONFESS" PUBLICAÇÃO NA AZOREAN SPIRIT, SATA MAGAZINE, N.º 18 Verão - Summer 2006



Esta revista é bilingue (português / inglês) e foi oferecida aos passageiros da Sata Internacional no Verão de 2006.

Capa - Isabel Figueira, no seu melhor, por terras (ilhas) Açorianas...






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Raiz Comovida (a semente e a seiva), Cristóvão de Aguiar - 1980

sábado, 25 de agosto de 2007

RAIZ COMOVIDA (A SEMENTE E A SEIVA), de Cristóvão de Aguiar - 1978



Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

MÃOS VAZIAS, Cristóvão de Aguiar - 1965












Primeiro livro de Cristóvão de Aguiar, publicado em 1965, quando ainda era estudante, antes de ser mobilizado para a Guerra Colonial na Guiné onde foi Alferes Meliciano.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Relação de Bordo (1964-1988), crítica de Vasco Pereira da Costa, DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 27 de ABRIL 1999, "O diário da geração da guerra colonial"

Comecemos por uma data e por uma cidade. Não poderia ser mais inicial a data: precisamente o primeiro dia do ano de 1964. E a cidade é Coimbra, terra a que sempre regressa aquele que elabora esta Relação de Bordo.
Cristóvão de Aguiar tem o cuidado de avisar quem se apreste a, com ele, viajar pelas páginas deste livro que se trata de um diário ou nem tanto ou talvez muito mais, deste modo alertando o desprevenido navegante para o facto de as rotas não estarem bem definidas na geografia difusa desta aventura literária, pelo contrário, serão determinadas pelos ventos das emoções, pelas calmarias da razão, pelas tempestades dos sentimentos, pelas correntes da vida.
Quando, depois de percorrer o planeta mágico das palavras – depois de ter riscado uma cartografia sinuosa de um passageiro em trânsito; depois de ter arriscado as atribulações de um ciclone de Setembro; depois de ter conhecido os calores insuportáveis de um grito de chamas; depois de ter um braço tatuado como todos os nautas impenitentes; depois de reconhecer fantasias das ilhas dos amores e desamores; depois dos torrões mais íntimos e sofridos ter arrancado as raízes mais comovidas – quando depois de tudo isto estiver de novo em Coimbra, 25 anos passados e completos, o viageiro apenas poderá registar na Relação de Bordo o indefinível definitivo.
Assinale-se que a viagem física não abarca os cinco continentes, paisagens mais diversas, itinerários longos e frequentes... A viagem mais vivida é a interior, aquela que percorre os escaninhos da memória, que aporta a calhetas de refúgio, que alarga para os oceanos da imaginação, que enfrenta as vagas verdes (olá, Nemésio!) dos sentidos, que estiola ao sol baço das desilusões, que se anima ao pressentir os incontidos entusiasmos do corso breve, que se apresta para as arremetidas de piratarias traiçoeiras...
De facto, na relação portulana, figuram Coimbra, Mafra, Tomar, Pico da Pedra, Lisboa, Guiné (e os sugestivos topónimos da guerra) e Bristol como espaços de permanência mais alongada. Como espaços de estada fugaz surgem Leça da Palmeira, Gerês, Vieira de Leiria, Sítio da Nazaré, Figueira da Foz, Ponta Delgada, Providence, Boston, Praia de Mira...
Não é porem, a diversidade de lugares que importa relevar nesta viagem. Tratando-se, apesar de tudo, de um diário (se bem que o seu autor não esclareça com decisão a tipologia da obra), o que, meu ver interessa destacar são os movimentos viageiros da escrita, movimentos provocados por ventos contrários, que na elaboração do discurso íntimo se chocam no espaço autobiográfico. Neste sentido, escreve Clara Rocha, no seu ensaio A Poética dos Géneros Autobiográficos: «Os dois movimentos de sentido contrário que se combinam na escrita intimista são, por um lado, a concentração ou procura de um centro e a dispersão ou desregramento da coerência do eu (je est un autre). Por outras palavras, chocam-se neste tipo de escrita uma força centrípeta e uma força centrífuga.»
Nos diários, este movimento de forças contrárias é particularmente visível. Na realidade, a actividade diarística é uma concentração (nos dois sentidos da palavra: procura introspectiva dum centro e atenção concentrada): mas a escrita produzida revela-nos um eu disperso, variável ao sabor dos dias ao mesmo das horas.
Ora, de facto, nesta Relação de Bordo, Cristóvão de Aguiar constrói a sua personalidade literária autenticando uma imagem através das confidências e do desvendamento da intimidade. Mas essa personalidade é indesligável de outra faceta, já anteriormente entrevista no conjunto da sua obra poética e, sobretudo, ficcional. Em boa verdade, o leitor assíduo de Cristóvão de Aguiar verificará que muitas pessoas que constam desta relação são personagens dos seus romances. O que é interessante, nesta operação reveladora, é o reconhecimento das suas personalidades reais e referenciais.
Naturalmente, o acto de leitura leva a que, involuntariamente, sejam estabelecidas comparações com modelos anteriormente estabelecidos. Neste caso, há aproximações evidentes aos diários torguianos, posto que, de forma aberta e fecunda, as formas e os conteúdos são diversos. Claro que fica registado o percurso de vinte e cinco anos de vida e que o experienciado é o mais significativo, não só porque representa quantitativamente o essencial da viagem mas também porque relata, dá testemunho e recria factos de suma importância para o conhecimento do autor, sem dúvida, e, mais importante do que isso, para a compreensão do mundo em que vivemos.
Assim, logo no primeiro dia, anuncia... «No próximo dia 27 do corrente, numa segunda-feira, logo de manhã, vou iniciar em Mafra o curso de oficiais milicianos, com destino a guerra colonial.» Chegará, porém, a 26 de Janeiro de 1964, à noite: «O casarão do convento é tão frio e tão feio, que tenho o coração a doer e vontade de chorar.» E até Agosto o soldado cadete n.º 1114/64 dará conta das suas revoltas de consciência e dos seus arrepios perante, por exemplo, as condecorações póstumas ao assistir na televisão a uma parada militar no dia 10 de Junho.
Serão depois as peripécias da guerra que marcam duas gerações e que vão consumindo todas as razões até ao tição da loucura. Numa época em que tentam fazer crer na morte das ideologias e na inexistência do fascismo em Portugal, é pertinente a evocação do estado da alma e do corpo de um involuntário combatente. Para além do conhecimento das etapas da vida do escritor Cristóvão de Aguiar (e nesta Relação fica mais inteiro e reconstituído o possível homem total), a observação do quotidiano pode incidir sobre o conhecimento de uma realidade risível, delineando-se, a espaços, a caricatura, que chega a ser pungente. Apenas um atento observador das nossas tristuras mesquinhas as pode traçar de um modo tão certeiro quanto impiedoso.
Assinaláveis por aquilo que representam no plano individual e por aquilo que significam para o entendimento da vida cultural e social do nosso país são as evocações datadas e emotivas e emocionadas de personalidades que vincaram indelevelmente os tempos referenciados: Nemésio, Paulo Quintela, Joaquim Namorado...
Retomando a aproximação entre a Relação de Bordo e os diários de Torga, há que referir a inclusão de poemas que referem o local onde foram redigidas e ainda a obsidiante procura de um centro. Se, em Torga, é São Martinho de Anta, o espaço português, a pátria, em Cristóvão de Aguiar é a ilha. Como escreve Carlos Ascenso André na Carta-Prefácio: «Mesmo o “tu” que construíste, paulatinamente, a compasso dos dias que nestas páginas vais rastreando, mesmo esse “tu” poderá não ser quem tu planeaste que fosse. Queiras ou não, esse “tu” – que desejarias fosse a “ilha” onde aportaste – é também inelutavelmente a ilha de onde partiste. Melhor dizendo: Esse “tu” é a “ilha”. Simplesmente. Mágica, como todas as ilhas. Obsessiva. Fascinante. Pólo aglutinador de todas as vagas e areal por onde as mesmas águas se espraiam. Espaço de encontro e espaço de solidão. A “ilha” feita pessoa e a pessoa volvida “ilha”, como te impõe essa condição que os acasos da fortuna ditaram que fosse tua.»
Outro encanto deste livro reside no escorreito, limpo e direito uso da língua portuguesa – uso que provém da mestria e do pressuposto saudável de que aquele que escreve quer ser entendido.
Finalmente, o carácter sedutor de um diário provém daquelas virtudes assinaladas por Marcelo Duarte Mathias em No Devagar Depressa dos Tempos: «Um diário é isso mesmo, e não pode, em boa verdade, ser outra senão o reflexo particular de uma história que é de todos e a todos pertence. (...) Cada olhar reflecte uma imagem e é essa imagem diferente que procuro nos outros. Se o que a todos nos define é o nosso indefinível, o respeito pelos outros, a valorização da vida alheia só a entendo através do que os aproxima daquilo que em mim é irredutível aos demais, e faz de mim – do nascer ao morrer – o meu limite e a minha última referência.»
Pois, partir desta leitura, fico mais consciente do meu limite e mais sensibilizado para as minhas referências.
E, para além dos assinaláveis pontos de interesse diversos deste livro, que se abre à leitura onde tocam os dedos na cisão das páginas, oferecendo a crónica, o poema, o comentário, a memória, a narrativa a que se não furta o ficcionista que Cristóvão de Aguiar essencialmente é – a Relação de Bordo aí está, sobretudo, como o espaço por onde erra a geração que padeceu a guerra colonial, que fez e assistiu ao 25 de Abril, que tem inquietações e anseios de fim de século, que pode rever-se no eu autobiográfico de um sujeito dramático que ora vem dialogar connosco no mais íntimo e insulado tempo da leitura.

Vasco Pereira Costa
Diário de Notícias
27 de Abril de 1999

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Professor Aníbal Pinto de Castro: Apreciação genérica da obra e razões do seu apreço por Cristóvão de Aguiar - 2000

(…)Hoje, porém, aqui estou. Não para lhe escrever o estudo crítico que, como escritor, Você de há muito merece. Não lhe escondo até que, se o tempo a isso me der talho, muito gostarei de fazer um dia. Desta feita quero apenas, de uma forma afectuosamente simples, dizer-lhe um pouco das razões do meu apreço por si e pela sua obra, tal como tenho vindo a conhecer um e outra, através dos três volumes da Raiz Comovida, e das páginas do Ciclone de Setembro, do Passageiro em Trânsito ou da Relação de Bordo, entre outros.
O que mais profundamente me impressiona na sua escrita é a riquíssima carga de humanidade que simultaneamente lhe serve de “raiz”, lhe vivifica a alma e lhe marca o estilo. Por isso a sua ficção está tão visceralmente ligada aos lugares onde nasceu, cresceu e viveu, e às pessoas que, sendo parte essencial desses lugares, deles conservam marcas tão fundas mesmo quando, no seu discurso, se volvem personagens. E daí decorrem, afinal, as características que melhor o definem como escritor.
Em primeiro lugar, a sua autenticidade, que é, acima de tudo, fidelidade às suas raízes, teimosa e indelevelmente arreigadas na lava da sua Ilha. Não é por acaso que este conceito e a palavra que o traduz lhe saltam com tanta frequência à mente no acto de escrita e lhe servem de título a uma assaz longa série de volumes! No seu mundo afectivo (do qual decorrem, afinal, as suas opções essenciais como escritor) a Ilha transforma-se, tanto pelo poder encantatório da saudade como por um sentido artifício metafórico e metonímico, numa envolvência generosa e plena, que é ao mesmo tempo mãe placentária, mulher de serena beleza, amante fogosa e sempre dolorosa nostalgia, mesmo quando nela reentra por períodos mais ou menos demorados de reencontro ou de evocação. É assim que, quando, num passo da Relação de Bordo escrito em Mafra a 3 de Fevereiro de 1964, escreve “Viajo por dentro de mim e chego sempre à Ilha”, não está apenas a referir-se ao encontro imaginário com um amor ausente no tempo que por lá deixou perdido. Está sobretudo a procurar dentro de si (e a encontrar!) essa Ilha feita de lava, de mistério e de saudade, sem se dar talvez conta de que, estando dentro de si, ela o envolve e o enleia, não para o sufocar, mas para o fazer vibrar de emoções sempre novas e lhe revelar, dentro e fora de si, dentro e fora dela, o melhor do sentir poético que, por uma força quase invencível que dela lhe vem, Você exprime na sua prosa, bem melhor (permita-me a franqueza) do que nos seus versos.
É por essa mesma razão que, sendo um errante passageiro em trânsito, Você consegue o milagre de conciliar esse apego profundo a essa sua Ilha ancestral com a entrega, sempre apaixonada, às novas ilhas de um seu arquipélago imaginário, em cujo mapa se vieram alinhando outros lugares, marcados pelo bom e mau que a Vida sempre traz consigo, sejam os eldorados da emigração açoriana em terras americanas, sejam (mirabile dictu!) as dores físicas e morais da lancinante experiência da guerra da Guiné, antecedidas pelo inferno tantas vezes desumano de Mafra, seja sobretudo o encantamento irresistível desta Coimbra, que tanto o soube cativar desde o tempo das suas ilusões de menino e moço! Compreende-se deste modo como, em si, a espontânea generosidade com que adere às causas que, em certos momentos da vida lhe parecem justas, se concilia com uma nobre capacidade de tolerância, só de raro em raro perturbada, e com um sentido quase bravio de independência de espírito e de opinião que o fazem respeitar os outros ou reconhecer, com exemplar humildade, que o seu caminho não era exactamente por onde, em determinadas circunstâncias, julgou que necessariamente poderia ou teria de passar.
Depois, gostaria de sublinhar a intrínseca simbiose que estabelece entre o memorialismo e a ficção. Como em todos quantos se abalançam à arte difícil da escrita diarística, o meu Amigo vê a realidade vivida por si com as lentes de uma agudíssima sensibilidade poética de dimensão universal. Não admira, pois, que, quando narra o seu dia-a-dia, nos dê dele um ou mais quadros que, sem faltar à verdade, adquirem uma dimensão ficcional tão própria e acentuada que os projecta numa polifonia já de pendor flagrantemente lírico; e que, por outro lado, a sua ficção se mantenha tão presa ao seu quotidiano referencial, conferindo-lhe tons de verdade que mantêm os problemas humanos sofridos pelas personagens ao alcance imediato dos seus leitores e da vida real que estes também defrontaram ou defrontam. Lembra-me Camilo, em cuja ficção personagens, criador e os virtuais leitores tão facilmente conviviam que pareciam comparsas de um mesmo drama em cuja representação se acotovelassem sobre as tábuas do imenso palco do grande teatro do Mundo!
E é ainda a essa simbiose de ancestralidade, de experiência de vida e de cultura literária que Você vai buscar o melhor do seu estilo. O linguajar da fala micaelense, bebido no leite de sua Mãe e no rigor honrado de seu Pai, e do qual Você (Deus louvado!) conserva o feliz sotaque, dá-lhe belíssimas expressões que conferem ao seu discurso, em cuja correcção se sente ainda a excelência dos Professores de Português que teve e a lição das muitas e boas leituras que ao longo da vida fez, aquela mesma autenticidade feita de saber, de sentir e de exprimir que eu acima sublinhava. Respigo, quase ao acaso, alguns exemplos das páginas da Relação de Bordo. Veja como ficou “néscio e sucinto”, quando a Contuboel chegou o telegrama anunciando o nascimento do seu primeiro filho (p. 67); ou aquele “lirismo de confeitaria [que] atinge o negativo no termómetro social” que tanto o irritou na véspera de um Natal passado em Coimbra (p. 104); ou aquele “desistir de ter futuro” com que noticia a morte de Ary dos Santos (p. 310); ou aquela sensação de que “era a cabeça do mundo que doía em si”, no fim de uma tarde passada numa esquadra de polícia (p. 331); ou o desejo que sentiu um dia em Bristol, de que o levassem imediatamente a casa de seus Pais a fim de reunir, um por um, os cacos em que se fragmentara (p. 384) – cá temos um sinal bem claro daquela sua fragmentação de ilhéu ancorado por vários cantos do mundo! –; ou o adro azul da sua infância, de que fala na p. 408...
Não deixa de ser prova bem evidente dessa sua capacidade de metaforizar a vida e a linguagem que a traduz, mesmo nos seus momentos mais difíceis, este passo, datado de Coimbra, a 3 de Maio de 1984, em que, para exprimir a dificuldade de retomar a escrita, evoca o salto para o galho que, como todos os que por lá passámos, tinha sido obrigado a dar quase 20 anos antes, na Tapada de Mafra: “O galho da escrita está um pouco mais afastado da plataforma onde se encontram as intenções. Nele entram em jogo outros músculos e outras mãos” (p. 344).
Recordarei sempre, como momentos de magnífico recorte poético e estilístico a página datada de Leiria, a 16 de Dezembro de 1970, em que, perante um menino pobre que brincava na rua, se aproximou de Jesus, porque a Ele o compara o menino, mas também porque, descido de novo à realidade, não encontrou nenhum José de Arimateia que se aproximasse da sua cruz... Ou aquela outra a ressumar um doloroso sentimento de abandono, mas de tão feliz riqueza metafórica, quando em Coimbra, a 24 de Agosto de 1988 (p. 412), o telefone emudeceu, o carteiro não tocou e, sobretudo, a esperança não esperneou!
Meu caro Cristóvão, tenho de parar, sob pena de transformar a expectativa da carta que lhe prometi, num enfadonho arrazoado de análise de textos que corre sério risco de lhe causar pesadelos. É que eu, como Professor, pergunto muitas vezes a mim próprio o que diriam os autores cujos textos ensinamos, se pudessem ver os coelhos críticos que lhes iramos das cartolas que escreveram... Graças a Deus que o meu Amigo está vivo e são para me poder desmentir e pôr na ordem, se vir que desatremei ou que me atrevi a vender a suculenta lebre dos seus livros pelo esfolado e mal cozinhado gato vadio da minha prosa arvorada em... crítica! Creia, no entanto, que, justo ou injusto, certo ou errado, quanto aqui lhe escrevo é sincero, porque nasce do cordial apreço que lhe dedica o seu colega, amigo e fiel leitor muito agradecido.

In prefácio do Relação de Bordo II e Homenagem a Cristóvão de Aguiar

Nobre Arquitectura, de António Arnaut. Versão inglesa de Cristóvão de Aguiar


















Livro de poemas.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

MARILHA, crítica de Vasco Pereira da Costa

Só agora, numa nesga de manso Agosto, pude ler, com atenção a Marilha- se quiseres, a maravilha da aventura da escrita que, em ti, nunca é conclusa.
De facto, voltar ao Grito em Chamas e ao Ciclone de Setembro e fazer ecoar o grito e agitar o ciclone só demonstra a tua contumaz perseguição à escrita perfeita e à unidade ontológica do eterno tema do criador - a criatura.

Mas daquilo que mais gostei (acho que ainda é possível gostar quando se lê...) foi da limpeza e do bom trato que dás à Língua Portuguesa.

Bem hajas.

Vasco Pereira of Costa

Miguel Torga, por Lapa


TRIBUTO


Leia-se em verso ou bela prosa,
Trás-os-Montes e seu memorial
Das suas "pétalas": perfume rosa
Tudo narrado de forma magistral.

Coimbra, cidade buliçosa
Dela ódio, amor colossal.
Exigente, bela e formosa
Também a cantaste sem igual

Lavrador de versos e prosas,
Foste, porém, poeta visceral.
E as colheitas tão dolorosas…

Teu arado esventrou Portugal!
Muito obrigado, Miguel Torga,
por tudo, teu fruto é imortal!

domingo, 19 de agosto de 2007

Raiz Comovida, o mais portentoso título da actual literatura portuguesa



"Cristovão de Aguiar,autor do mais portentoso título da actual literatura portuguesa-RAIZ COMOVIDA"

Medeiros Ferreira

Cyrano de Bergerac

Cyrano de Bergerac
Eugénio Macedo - 1995

TANTO MAR

A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.

Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.

Manuel Alegre
Pico 27.07.2006