terça-feira, 31 de julho de 2007

Relação de Bordo 1964-1988, crítica do Professor Carlos Reis



"(…) "Relação de Bordo" permite-nos testemunhar muitos tempos e muitos lugares: o tempo e o lugar da Coimbra do anos 60, o regresso episódico às origens açorianas de Cristóvão de Aguiar, a passagem pelos lugares da emigração americana, a guerra colonial, os entusiasmos da revolução de 74, os dramas pessoais e familiares do autor, etc., etc. Em tudo surpreende-se normalmente a tonalidade de uma contenção que equilibra a escrita diarística de Cristovão Aguiar entre os dois extremos que não raro são escolhos da perdição de uma tal escrita: o extremo da radical pessoalidade, sem outra explicação que não seja o gosto pela autocontemplação; o extremo do relatório neutro de coisas, pessoas e eventos. Entre um e outro extremo transcorre o discurso de uma relação: um texto que, sendo relato e descrição, é também o resultado de um encontro e de uma interacção do sujeito 'viajante' (…). Saúde-se, pois, de forma expressiva, esta "Relação de Bordo" de Cristovão de Aguiar. Ela é um outro passo importante na obra de um escritor porventura ainda insuficientemente valorizado, mas a quem devemos já uma obra ficcional coerente, tecnicamente elaborada e bem representativa de tendências da ficção portuguesa contemporânea (…).»




CARLOS REIS, sobre o primeiro volume de "Relação de Bordo", in Jornal de Letras, 8/9/99

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Cyrano de Bergerac

Cyrano de Bergerac
Eugénio Macedo - 1995

TANTO MAR

A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.

Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.

Manuel Alegre
Pico 27.07.2006