domingo, 29 de julho de 2007

NOVA RELAÇÃO DE BORDO, crítica de Aida Baptista


AIDA BAPTISTA





Sexta-feira passada deitei-me com Cristóvão de Aguiar e deixei-me invadir por toda a profundidade da escrita da sua “Nova Relação de Bordo”. Já a tinha comprado há bastante tempo, mas aqui me penitencio por me não ter disponibilizado ainda para com ela conviver. Os textos de Cristóvão de Aguiar não foram escritos para serem lidos em intervalos de lazer ou para descansar os olhos das rotineiras canseiras a que diariamente nos entregamos. Não! A sua escrita exige muita daquela preguiça que descarrega neurónios saturados, vasculha a mente suja de preocupações e prepara-a para uma leitura atenta e muito cuidada. Tão cuidada quanto o apreço em que ele tem o leitor, ao surpreender-nos com o que faz de melhor e mais bonito - escrever. Preciso de todos estes preliminares para me poder concentrar, ler e voltar atrás, sublinhar, tomar notas e repetir mentalmente muitas das frases, comendo-lhe as sílabas das palavras, uma a uma, como as cerejas. Se as conversas são como as cerejas - umas atrás das outras -, a escrita também. Se não era assim, passa a ser a partir de agora. Decretei-o eu, hoje!
Numa dessas colheitas de leitura sôfrega e sumarenta, deparei com este cacho

“Apetece passear os pensamentos à beira deste mar baboso de tanto tropeçar de sono e de sonho contra as pedras do anteparo da marina e da Avenida …”।

1 comentário:

Anónimo disse...

Grande livro.

Cyrano de Bergerac

Cyrano de Bergerac
Eugénio Macedo - 1995

TANTO MAR

A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.

Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.

Manuel Alegre
Pico 27.07.2006