Continuo a ver excluir a “esquerda radical” -- um quarto do eleitorado português mais esclarecido-- de forma leviana e antidemocrática das soluções para Portugal.
Permanecem os papões da união soviética que são invocados com uma ligeireza arrepiante.
Será que não compreendem que no nosso quadro constitucional essas “esquerdas radicais” não vão tomar o poder pelas armas e que um presidente da república poderia sempre dissolver a AR?
A solução para o nosso país tem mesmo de ser radical.
Ou acreditam que é possível pagarmos 14 000 000 000 de juros e amortizações em 2014 e 18 000 000 000 todos os anos a partir daí?
Se temos 10 000 000 de habitantes e se a população ativa não chega a 50% dos portugueses e apenas 25% dos portugueses paga impostos esta dívida não é pagável.
A evidência é esta.
O GOVERNO, AGORA, JÁ TEM BOA SOLUÇÃO PARA APLICAR A MOBILIDADE:
APLIQUE-A AOS FURA GREVES, AMARELOS, QUE CONCORDAM COM ESTAS MEDIDAS E QUE, PELOS VISTOS, NÃO SE IMPORTAM DE VIR PARA O OLHO DA RUA.
O ARGUMENTO DA FALTA DO DIA DE SALÁRIO NÃO COLHE POR QUE É IGUAL PARA TODOS. O DIA DE SALÁRIO FAZ FALTA A TODOS OS TRABALHADORES!
OS AMARELOS QUEREM É LANÇAR VERDES PARA COLHER MADURAS E CONTAR COM O OVO NO CU DA GALINHA...
A greve dos carteiros não é só uma greve, nem uma luta desse sector. É uma luta nacional que todos os cidadãos, dignos desse epíteto, devem apoiar.
RUA, RUA, com este governo de putos mal intencionados e fascistas.
BASTA de tanta CORRUPÇÃO.
QUE A GREVE DO DIA 27 SEJA MESMO GERAL.
QUE SE DÊ CAÇA AOS AMARELOS OPORTUNISTAS A QUEM DEVERIAM SER APLICADAS AS MEDIDAS QUE NÃO CONTESTAM.
Coimbra, 29 de Abril de 1974 ¾ Este ainda arremedo de democracia em que começámos
a balbuciar os primeiros vagidos dá por vezes a ideia de se ter transformado
numa navalha de dois gumes. Principia a cultivar-se o berro pelo berro, pelo
que, por vezes, o berreiro torna-se ensurdecedor. É que os cravos de Abril só
medrarão nos canteiros de Maio se estes estiverem de antemão mondados de
certas ervas daninhas. Não é bonito que a democracia sirva de pretexto para
consolidar os seus próprios inimigos, à pala de que, num regime dessa natureza,
há liberdade para todos, até a que basta para que ainda possa servir de trampolim
para muitos daqueles, que neste último meio século português, fizeram dela
letra morta e que agora, para se tornarem visíveis, procuram a qualquer preço
apregoar aos quatro ventos as suas virtudes democráticas.
TANTO MAR
A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.
Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.
Manuel Alegre
Pico 27.07.2006