segunda-feira, 29 de abril de 2013

In Relação de Bordo 1964-1988 de Cristóvão de Aguiar


Coimbra, 29 de Abril de 1974 ¾ Este ainda arremedo de democracia em que co­me­çámos a balbuciar os primeiros vagidos dá por vezes a ideia de se ter transfor­mado numa navalha de dois gumes. Principia a cultivar-se o berro pelo berro, pelo que, por vezes, o berreiro torna-se ensurdecedor. É que os cravos de Abril só me­drarão nos canteiros de Maio se estes estiverem de antemão mondados de certas er­vas daninhas. Não é bonito que a democracia sirva de pretexto para consolidar os seus próprios inimigos, à pala de que, num regime dessa natureza, há liberdade para todos, até a que basta para que ainda possa servir de trampolim para muitos daqueles, que neste último meio século português, fizeram dela letra morta e que agora, para se tornarem visíveis, procuram a qualquer preço apregoar aos quatro ventos as suas virtudes democráticas.

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Cyrano de Bergerac

Cyrano de Bergerac
Eugénio Macedo - 1995

TANTO MAR

A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.

Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.

Manuel Alegre
Pico 27.07.2006