Only in America! Só na América poderão acontecer certos milagres. Tanto para o bem, como para o mal. Obama e Bush, respectivamente. Há quarenta anos era assassinado Martin Luther King. Toda a vida lutou pelos direitos de seus irmãos negros. Foi-se tornando uma voz incómoda, insuportável para os racistas. E mataram-no. O mesmo tinha já acontecido a Abraham Lincoln, que aboliu a escravatura. Balearam-no num teatro. E a outros três presidentes também, afora outras figuras de relevo da política americana, como Robert Kennedy. Volvido todo esse tempo, historicamente breve, é eleito um afro-americano, por larga maioria e com grande delírio, para a Presidência – Barack Obama. Ninguém se atreveria a acreditar nesse sonho no dia 4 de Abril de 1968, data em que Martin Luther King é assassinado por um racista em Memphis. Obama ia a caminho dos sete anos de idade.
I have a dream. Eu tenho um sonho! O mítico e profético discurso proferido, em Agosto de 1953, com a estátua de Lincoln em fundo, o Presidente que tem servido de modelo a Obama. Que força desabalada lhe permitiu transpor tantos empecilhos, a principiar pela cor da sua pele, e chegar aonde ninguém da sua estirpe jamais chegara? O segredo de tanto êxito deve morar na sua indomável força de vontade, na sua inteligência, na sua personalidade intensa, no seu apego às raízes de que nunca se envergonhou.
A sua candidatura causou arrebatamento. Ele vinha religar o sonho americano, que os Pais Fundadores arquitectaram. O seu discurso novo, persuasivo e despido de vestes inúteis, seduziu os seus patrícios e grande parte do mundo cristão. Vêem nele o sonho encarnado, uma luz de esperança de que a vida melhore, de que a economia americana (e por simpatia a do resto do mundo) se erga do atoleiro em que se afundou. Se o conseguir, tornar-se-á um herói que a História consagrará, uma personagem de romance, e quem sabe se a sua vida não inspirará um filme!
Torna-se necessário, no entanto, não cavalgar sem freio pelos céus da fantasia. A realidade mundial e doméstica que o espera é dura. Conflitos que se reacendem no Médio Oriente; outros na iminência de surgir; a retirada do Iraque; a guerra do Afeganistão; o perigo do Irão; o fecho de Guantánamo; o bloqueio a Cuba… São tarefas gigantescas com que Obama terá de lidar com muita perspicácia. Qualidades não lhe faltam. Com ele, cumpriu-se a profecia de Martin Luther King. E isto dá muitas esperanças de que o sonho não fique pelo caminho.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Barack Obama,"indomável força de vontade", por Cristóvão de Aguiar, in Jornal de Letras, 14 de Janeiro de 2009.
Publicado por Lapa às 14:38:00
Secção: Notícias, Textos avulsos
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
TANTO MAR
A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.
Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.
Manuel Alegre
Pico 27.07.2006
do qual este poema começou a nascer.
Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.
Manuel Alegre
Pico 27.07.2006
3 comentários:
Parece uma escritura Sagrada.
Parabéns pelo texto. Conseguiu resumir tudo o que penso sobre este assunto.
Boa sorte para ele.
Gostei muito que Barack Obama tenha conseguido ganhar eata eleição. Muito mesmo.
Es importante tener sueños, pero es más importante todavia tener voluntad para hacerlos realidad.
Obama parece encarnar esa voluntad. Le deseo éxito porque el mundo la necesita.
Un saludo.
Enviar um comentário