

Preços em baixa
deixam livro em alta
Há de tudo um pouco. Obras que venderam muitos exemplares, outras que ficaram aquém das expectativas. Livros que foram muito procurados e folheados, outros que se amontoaram nos escaparates sem convencer quem passou pelas livrarias. Agora, estão todos reunidos, desde ontem e durante os 30 dias de Novembro, nas bancas montadas na tenda instalada na Praça da República. Lá podem encontrar-se livros infantis, mas também especializados. Há romances, policiais, biografias e muito mais.
Os preços são bastante convidativos. Com 75 cêntimos já se pode levar um livro para casa, mas há edições – «obras especiais, álbuns e livros mais recentes que têm alguma promoção» - que ultrapassam os 10 euros. A Festa do Livro de Coimbra, que já vai na 13.a edição, foi ontem inaugurada. Recorde-se que esta iniciativa se realizou, pela primeira vez, em 1995, nas instalações do ITAP (Instituto Técnico Artístico e Profissional) de Coimbra, mas também já teve lugar na Casa Municipal da Cultura e no Edifício Chiado, antes de se fixar na Praça da República.
Organizado pela empresa Calendário de Letras, o certame apresenta, este ano, uma novidade. Em virtude de se terem registado fenómenos de concentração editorial, que levaram ao desaparecimento de muitas pequenas e médias editoras, integradas em grandes grupos, a Festa do Livro de Coimbra exibe mais de 100 mil livros. Muitos destes - descatalogados, em fim de edição ou mesmo em saldo - deixaram de ter espaço disponível nas livrarias tradicionais e nas grandes superfícies livreiras.
Aberta todos os dias, entre as 10h00 e as 20h00, a Festa do Livro pretende, segundo Manuela Castro, da empresa organizadora, continuar a ter «enorme sucesso». «Neste espaço, o livro está em festa, com preços baixos, alguns de saldo mesmo e com promoções», acrescentou, antes de reforçar que «as pessoas encontram aqui o que já não encontram nas livrarias», pois, reafirmou, «ao que se edita, neste momento, em Portugal não há espaço compatível para manter, por muito tempo, estes livros e estas novidades nas livrarias».
Assegurando que os visitantes vão encontrar livros que «nem tiveram a oportunidade de conhecer e ver nos escaparates», Manuela Castro assegurou existirem «livros para todos os preços e bolsas». «Já que existe a crise, estes espaços têm, cada vez mais, razão de ter êxito», assumiu, antes de revelar: «Penso que os preços são discutíveis. O livro, por vezes, é muito barato quando comparado com outras coisas». A perspectiva para a edição 2008 é «positiva».
«Coimbra foi a primeira cidade portuguesa a organizar este tipo de espaço de livros, que, hoje, muita gente faz», disse Manuela Castro, afirmando que é «uma possibilidade de estudantes e jovens chegarem aqui e conseguirem literaturas por baixo preço». Por fim, a organizadora do evento revelou que, «cada vez mais, temos razão em fazer estas iniciativas, porque as pessoas vão ficar com livros que, de outra maneira, ao fim de dois anos, os editores tinham nos armazéns e faziam desaparecer».
João Henriques/ Diário de Coimbra 02-11-2008
domingo, 2 de novembro de 2008
13.ª Festa do Livro Coimbra. Outra iniciativa de Adelino Castro e a Calendário das Letras.
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domingo, 26 de outubro de 2008
A melhor da semana...
- A senhora aceita um uisque?
- Não posso. Faz-me mal às pernas...
- As suas pernas incham?
- Não. Abrem-se...
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Secção: Anedotas
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
A Tabuada do Tempo, de Cristóvão de Aguiar. Crítica de Cláudia Gameiro.
O primeiro olhar foi de desafio, quase de inveja pelas palavras ditas quase em sintonia com uma música de fundo, nunca presente mas sempre desperta. Depois veio a viagem, veio a lembrança, veio a presença por se estar a pisar os mesmos terrenos, as mesmas angústias. Ser-se ilha não é ser-se pequeno, é um estado de espírito que acompanha quem amou a terra onde nasceu e aprendeu a ser-se, a ver-se, diante de uma paisagem. Nos dias que se percorrem, saborando quase sempre a instabilidade do tempo, encarna-se uma audacidade também ela temperamental e procura-se um objectivo nas palavras do quotidiano.
Para ler com uma grande vontade de saborear, nunca de entreter...
Publicada por claudiagameiro
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Secção: A Tabuada do Tempo, críticas literárias
sábado, 11 de outubro de 2008
COIMBRA 2008
ALGUNS FACTOS:
1- "Stand", depósito ilegal de automóveis legalmente inexistente. ABERTO AO PÚBLICO.
2- Instalado em "terreno para construção" Caído do céu (inscrição originária- não proveniente de qualquer artigo) depois de uma expropriação por utilidade pública?
3- Ausência de qualquer licenciamento, quer de edificação, quer de actividade comercial.
4- Cabovisão instalada e licenciada, no interior deste "terreno", nestas circunstâncias pela, Câmara Municipal de Coimbra.
5-Desvio clandestino de águas pluviais provenientes o IC2, directamente para a parede de um posto de transformação de electricidade, em zona de cheia,com manilhamento, sobreposição de terras e asfalto.
6-Não foi instaurado qualquer processo de contra-ordenação aos infractores.
7- Edificação implantada em zona de estrada, quer a nascente - IC2, quer a poente - Câmara Municipal de Coimbra.
8- Elevação do solo em 1,5m e sua total impermeabilização com asfalto em zona de cheia.
9- Remoção de terras, terraplanagem e depósito de entulhos no talude de segurança do IC2.
10- Tudo isto foi e é possível numa zona movimentadíssima da cidade de Coimbra - Estação Velha / Coimbra-B.
11- Atentado ambiental, urbanístico, à segurança, à lei em vigor, aos cidadãos lesados, à cidade e aos munícipes em geral.
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sexta-feira, 10 de outubro de 2008
CORRUPÇÃO: A IMPRENSA LIVRE É CENTRAL NO COMBATE. Por Aguiar-Conraria in Público, 10-10-2008

Apenas me dei conta da extensão do problema quando soube que Roberto Dell’Anno tem trabalhos publicados sobre o nosso país. Quanto até um professor de uma universidade do sul de Itália se aplica a investigar a corrupção em Portugal, podemos estar certos de que o problema atingiu dimensões consideráveis. As consequências da corrupção generalizada são conhecidas: é socialmente injusta, reduz a produtividade do sector público e cria distorções na economia privada, levando a más afectações de recursos e reduções no investimento. Tudo se traduz num crescimento económico mais baixo. Os efeitos são tão graves que o Banco Mundial declarou a corrupção como o maior obstáculo ao desenvolvimento económico e social.
Sabe-se quais os ambientes por onde os corruptos se movimentam. Em primeiro lugar, para haver subornos é necessário que haja agentes do Estado com poderes discricionários. Ou seja, alguém tem o poder de tomar decisões que influenciam a vida das pessoas e empresas. Em segundo, essas decisões têm de ter um valor económico, caso contrário não valia a pena pagar subornos. Finalmente, os corruptos gostam de instituições políticas, administrativas e judiciais fracas. As nossas leis e instituições são terreno fértil para a corrupção, parecendo ter sido criadas com esse propósito. Basta pensar nos investimentos avultadíssimos que ficam à espera de uma decisão administrativa para os desbloquear. Com administrações politicamente comprometidas, com uma polícia que não investiga e com tribunais que não funcionam um cidadão fica desprotegido. Paolo Mauro, num artigo do FMI, alerta para o perigo de se cair num equilíbrio armadilhado em que todos ficariam melhor se se acabasse com a corrupção, mas em que ninguém, individualmente, lhe pode fazer frente. Para sair desta armadilha, Aymo Brunetti e Beatrice Weder, prestigiados economistas suíços, elegem a imprensa livre como elemento central no combate à corrupção. Com uma imprensa descomprometida e competitiva, quanto mais generalizada a corrupção, maior o incentivo de um jornalista para investigar e denunciar.
Infelizmente, em Portugal, o quarto poder não conta. Incrédulo, tenho assistido à saga do meu irmão José Manuel de Aguiar, advogado de Coimbra, que, usando as suas prerrogativas de munícipe empenhado, tem vindo a denunciar situações de óbvia ilegalidade e de corrupção na sua cidade. No seu blogue, “Podium Scriptae”, e depois de apresentar queixa no ministério público, apresenta documentos, fotografias, indícios de falsificação de documentos oficiais. Enfim, um sem número de indícios óbvios de corrupção espera que as autoridades ou algum dos jornais locais, como o “Diário de Coimbra” ou o jornal “As Beiras”, pegue no assunto e investigue. No entanto, uma noite de silêncio abateu-se sobre as suas denúncias. Imagino que o mesmo se passe em outras cidades do país.
Há duas semanas apercebi-me da extensão do problema quando li que o director do jornal Público foi ameaçado pelo Primeiro-Ministro antes de denunciar as peculiaridades que envolviam a licenciatura de José Sócrates. Disse o chefe de governo: “Fiquei com uma boa relação com o seu accionista e vamos ver se isso não se altera.” Esta ameaça é temível porque, obviamente, as decisões de um governo valem fortunas e não há empresa que lhes possa escapar. Sabemos agora que os mais altos responsáveis políticos pressionam os media de formas indignas de um regime democrático. Se nada acontece quando o primeiro-ministro ameaça o director de um jornal, o que não se passará por esse país fora? Também ficámos a saber que na Câmara de Lisboa comprava cumplicidades oferecendo casas a artistas e jornalistas. Entre os envolvidos, encontramos o filho de um ex-Presidente da República, um ex-ministro, um ex-Primeiro-Ministro e um ex-Presidente da República. Naturalmente que, com jornalistas cúmplices, dificilmente há jornalismo de investigação. É pena, o país agradecia.
Corrupção
Luís Aguiar-Conraria
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Secção: CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA URBANISMO, COIMBRA, HISTÓRIA DE PORTUGAL, Notícias, PROFESSOR AGUIAR-CONRARIA
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
INUNDAÇÃO POSTERIOR ÀS QUEIXAS.
Para conhecer em pormenor veja-se a secção Câmara Municipal de Coimbra Urbanismo, das mensagens antigas para as mais recentes estão numeradas.
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terça-feira, 30 de setembro de 2008
INCRÍVEL:Câmara Municipal de Coimbra mantém, impunemente, sucateira-ILEGAL aberta ao público a dias do prazo para demolição e reposição do terreno.
INSÓLITO/ ILEGAL/ INCRÍVEL
Legenda: Documento falsificado, enviado ao MP de Coimbra para encobrir o licenciamento ilegal da cabovisão por parte da Câmara Municipal (CRIMINAL) de Coimbra.Onde está escrito PT é, de facto, EDP. As águas pluviais do IC2 vazam directamente para a parede DE UM POSTO DE ELECTRICIDADE DE ALTA TENSÃO PONDO EM PERIGO A SEGURANÇA PÚBLICA.Onde se diz TV CABO DEVE LER-SE CABOVISÃO.POR OUTRO LADO, o Ministério Público de COIMBRA ACEITOU ESTE DOCUMENTO FALSIFICADO E AFIRMOU QUE O DENUNCIANTE É QUE NÃO TINHA CREDIBILIDADE...
Legenda: Fotografias do prédio contíguo ao stand/sucateira, que demonstram inequivocamente que a sucateira-ilegal foi edificada depois do prédio e em zona de estrada...
Fiscalização da Câmara Municipal de Coimbra continua a pactuar, impunemente, com prevaricadores em prejuízo da comunidade, da Lei e do interesse público.
A CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA ESTÁ CONCOMUNADA COM A CABOVISÃO, O STAND ILEGAL e AS ESTRADAS DE PORTUGAL.
O ESTABELECIMENTO COMERCIAL ILEGAL PERMANECE, ALEGRE E IMPUNEMENTE, ABERTO AO PÚBLICO SEM QUALQUER RESTRIÇÃO IMPOSTA PELA CÂMARA, SENDO QUE ESTA TAMBÉM É RESPONSÁVEL POR TAMANHA ILEGALIDADE, POIS NÃO SÓ NÃO IMPEDIU A SUA CONSTRUÇÃO, COMO ERA SEU DEVER, COMO AGORA SUSTENTA INDEVIDAMENTE A MANUTENÇÃO DE TAMANHA ILEGALIDADE, SEM TER INSTAURADO, SEQUER, QUALQUER CONTRA-ORDENAÇÃO, NÃO OBSTANTE TER CONHECIMENTO FORMAL DESTES FACTOS HÁ MAIS DE 2 ANOS. COM O AGRAVANTE DE SER A ÚNICA ENTIDADE COM PODER DE FISCALIZAÇÃO NAQUELA ÁREA TERRITORIAL. NUMA AFRONTA E DESRESPEITO TOTAL PELOS MUNÍCIPES EM GERAL E PRINCIPALMENTE PELA COMUNIDADE RESIDENTE NA ÁREA ENVOLVENTE, UMA VEZ QUE PÕE EM PERIGO O EDIFÍCIO CONTÍGUO, ZONA DE CHEIA, É UMA ABERRAÇÃO ARQUITECTÓNICA, SEM QUALQUER ENQUADRAMENTO LEGAL. OS MORADORES DOS PRÉDIOS CONTÍGUOS ESTÃO PRIVADOS, TAMBÉM, POR VIA DESSA CONSTRUÇÃO ILEGAL DO PASSEIO PEDONAL E DE QUAISQUER OBRAS DE URBANIZAÇÃO QUE ENQUADREM AQUELA CONSTRUÇÃO ILEGAL, ESTANDO EM CAUSA A SUA SEGURANÇA!
A EVENTUAL E PRESUMIDA BOA-FÉ, DA CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA, É SERIAMENTE QUESTIONÁVEL, UMA VEZ QUE JÁ TENDO VIOLADO, DE FORMA GROSSEIRA, O SEU DEVER DE FISCALIZAÇÃO PRÉVIA, NÃO IMPEDINDO TAL CONSTRUÇÃO, TANTO MAIS NUMA ARTÉRIA ONDE PASSAM MAIS CEM VEÍCULOS MUNICIPAIS POR DIA. AGORA, PROTELA O CUMPRIMENTO DA LEI QUE VISA SALVAGUARDAR O INTERESSE GERAL DA COMUNIDADE, EM DETRIMENTO, SABE-SE LÁ, DE QUE OBSCUROS CONLUIOS E SUSPEITOS ILEGÍTIMOS INTERESSES ECONÓMICOS PARTICULARES...
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Secção: CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA URBANISMO, ILEGALIDADES, JUSTIÇA
sábado, 27 de setembro de 2008
Ex-combatentes escritores participam em ciclo de conferências, de 25 de Setembro a 20 de Novembro de 2008.

A guerra colonial estará em debate num ciclo de oito conferências a realizar entre Setembro e Novembro na Biblioteca-Museu República e Resistência e no qual participarão antigos combatentes que sobre o conflito nas ex-colónias portuguesas escreveram.
As conferências realizam-se à quinta-feira, sempre às 19:00 locais, a partir do dia 25 de Setembro, prolongando-se até 20 de Novembro.
"Organizamos exposições e ciclos diversos, de ordem histórica, e a guerra colonial surge, naturalmente, como um tema. A nossa ideia é manter viva a chama da História", disse à Lusa Júlia Pires, da direcção da Biblioteca-Museu.
O ciclo abre com Nuno Roque da Silveira e prossegue com António Graça de Abreu (2 de Outubro), António Brito (9 de Outubro), Leonel Pedro Cabrita (18 de Outubro), Mário Beja Santos (23 de Outubro), Cristóvão de Aguiar (30 de Outubro), João Gualberto Estrela (dia 13 de Novembro) e António Bracinha Vieira (dia 20 de Novembro).
"Nós, portugueses, cuidamos menos de reavivar a memória da guerra do que os norte-americanos [em relação ao Vietname]", observou a responsável, reconhecendo embora estar a registar-se um crescendo de interesse dos editores pela publicação de obras sobre o conflito.
Os escritores ex-combatentes participantes no ciclo são autores de "Um outro lado da guerra" (Nuno Roque da Silveira), "Diário da Guiné. Lama, sangue e água pura" (António Graça de Abreu), "Olhos de caçador" (António Brito), "Capitães de vento" (Leonel Pedro Cabrita), "Diário da Guiné, 1968-69. Na terra dos Soncó" (Mário Beja Santos), "Braço tatuado-Retalhos da guerra colonial" (Cristóvão de Aguiar), "Perigo e fascínio em África, Angola 1962-64" (João Gualberto Estrela) e "Fim de Império" (António Bracinha Vieira)
A guerra colonial travou-se em três frentes - Angola, Moçambique e Guiné-Bissau - e fez cerca de 10.000 mortos nas fileiras portuguesas.
LUSA.
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Secção: Braço Tatuado., Cultura, curiosidades, GUINÉ, Notícias
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
"Tabuada do Tempo": Expresso das Nove online 26/09/2008, por Bartolomeu Dutra.



"Ainda estou cheio de Ilha, como poderia dizer o Cristóvão de Aguiar, que não vi no Pico, mas encontrei-o n' A Tabuada do Tempo das pequenas coisas que nos enchem a vida, do Amor que nos aquece por dentro."
BARTOLOMEU DUTRA
PROFESSOR/MÚSICO (excelente)
Uma voz que veio de longe
Aceitei o convite do Vítor Rui Dores, em carta impressa na última página d'O Dever, e cá me encontro balouçando por dentro destes três tempos de valsa. Talvez me tenha antecipado na lembrança quando, no mês passado, olhando o Pico na transparência de um gin no Peter, tentava indicar à Guilhermina o local onde Brel tocara a sua guitarra. O prazer de recordar algumas histórias vividas pelo grande trovador no Faial, fez correr o tempo até à chegada do avião que me traria de volta ao continente. Dias antes, o meu irmão Jorge levara-me num magnífico passeio até ao Cabeço Verde e depois ao Cabeço Gordo, alargando-me o fascínio da ilha na contemplação dos recortes agrestes da Caldeira desde um ponto mais elevado. De volta ao Pico, pude rever a antiga Fábrica da Baleia, já sem aqueles homens de espeiro nas mãos a cortar os pedaços de toucinho. Mas a chaminé ainda era a mesma que tinha conversas de vizinha com a da Fábrica do Antunes, enquanto o batelão, com o meu irmão Manuel ao pé da máquina, trazia o peixe das traineiras que ao largo se espreguiçavam num balanço tranquilo para os meus olhos à espreita desde o alto de uma parede nos Biscoitos. Ainda estou cheio de Ilha, como poderia dizer o Cristóvão de Aguiar, que não vi no Pico, mas encontrei-o n' A Tabuada do Tempo das pequenas coisas que nos enchem a vida, do Amor que nos aquece por dentro e da viagem perene com a Ilha no peito, um pesqueiro andante em busca de aventuras. No decorrer desta lenta narrativa dos dias, que recebeu o prémio Miguel Torga, pode ler-se a dada altura, no contexto de uma viagem com esmero preparada para um grupo de amigos da vivência coimbrã:
"São Miguel, Agosto, 12
Chegámos há três dias e já demos grandes passeios por toda a Ilha. Ao planear esta excursão, principiei deliberadamente pelo grupo central para que, ao chegarmos aqui, houvesse apoteose, espécie de grand final. Enganei-me e bem! Toda a gente abria a boca, maravilhada, com as paisagens das Sete Cidades, da Lagoa do Fogo, das Furnas, da Caldeira Velha, mas no fim exclamava: tudo muito belo, mas o Pico... Às tantas, também eu fazia coro: mas o Pico..."
26 de Setembro de 2008
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Secção: A Tabuada do Tempo, AÇORES, COIMBRA, Cultura, ILHA DO PICO, Notícias
TANTO MAR
do qual este poema começou a nascer.
Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.
Manuel Alegre
Pico 27.07.2006
