PREFÁCIO
Não sendo um linguista de formação académica, aceitei de bom grado o desafio de prefaciar este trabalho que agora se apresenta ao leitor menos como um livro no sentido tradicional do que como um glossário de termos portugueses antigos, em parte ainda utilizados pelos falantes das Ilhas do Arquipélago dos Açores.
A um escritor empenhado, como sempre procurei ser, nada é defeso. Principalmente, e neste caso em particular, se é da linguagem das Ilhas que se trata. Os livros de ficção que tenho vindo a publicar ao longo das últimas três décadas são testemunho do meu empenhamento em dar à linguagem popular micaelense o estatuto literário que ela merece pela sua expressividade e riqueza semântica.
Propositadamente, não escrevi linguagem açoriana, visto que açoriano é um adjectivo que pouco ou nada qualifica em relação à realidade cultural do Arquipélago - nove Ilhas diversificadas entre si pelo modo de estar e de conceber o mundo e a vida. Deixo-o, por isso, atido apenas à sua significação estritamente gramatical. As próprias aves que deram o nome ao Arquipélago nem sequer são oriundas destas paragens, pelo que, à partida, houve confusão entre milhafres e açores. Dir-se-ia que os Açores receberam no baptistério águas equivocadas!
[...]
Cristóvão de Aguiar
Ilha do Pico, Maio de 2007
Dicionário de Falares dos Açores - Vocabulário Regional de Todas as Ilhas
J. M. Soares de Barcelos
Editora: Almedina
Tema: Dicionários e Gramáticas
Ano: 2008
Tipo de capa: Brochada
ISBN 9789724033761
614 págs.
Peso: 1.160 Kg
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Dicionário de Falares dos Açores, de Soares de Barcelos, com Prefácio de Cristóvão de Aguiar, Almedina 2008.
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Secção: AÇORES, Colaboração de Cristóvão de Aguiar, curiosidades, Livros, Notícias, PICO DA PEDRA
terça-feira, 22 de abril de 2008
Lançamento do livro "Braço Tatuado" de Cristóvão de Aguiar, na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia

"Braço Tatuado" de Cristóvão AguiarComemorações do Dia Internacional de Livro Infantil e do Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor
Lançamento do livro "Braço Tatuado" de Cristóvão de Aguiar
Na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia.
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Secção: Braço Tatuado., Lançamentos
Cristóvão de Aguiar, hoje 22 de Abril, às 21h30, em Beja: "Acontece em Português" sobre Guerra Colonial
Beja: "Acontece em Português" sobre Guerra Colonial.
Carlos Vale Ferraz, Cristovão de Aguiar, José Manuel Mendes e Fernando Dacosta são os convidados de Carlos Pinto Coelho. "Acontece em Português" regressa, esta noite, à biblioteca de Beja.
A Biblioteca Municipal José Saramago de Beja recebe esta noite, a partir das 21.30 horas, mais uma edição do “Acontece em Português”.
Carlos Vale Ferraz, Cristovão de Aguiar, José Manuel Mendes e Fernando Dacosta são os convidados de Carlos Pinto Coelho.
“Livros e memórias da Guerra Colonial” é o mote para a conversa desta noite como afirmou, à Voz da Planície, Figueira Mestre, director da biblioteca de Beja.
Recorde-se que a iniciativa “Acontece em Português” está a levar mensalmente à Biblioteca de Beja convidados oriundos de vários países de expressão portuguesa para uma conversa com Carlos Pinto Coelho. Para o final está agendada uma grande festa da Lusofonia.
Inês Patola
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Secção: Braço Tatuado., Notícias
Coimbra, 25 de Abril de 1974, in Relação de Bordo I (1964-1988), de Cristóvão de Aguiar.


Coimbra, 25 de Abril de 1974.
Se está bom tempo como hoje vou a pé logo de manhã levar o meu filho Artur ao infantário da Universidade, que fica um pouco acima do Penedo da Saudade, mesmo ao princípio da Avenida Dias da Silva. Quero ensiná-lo, e ao mais velho também, a ser andarilho, e de pequeno é que se torce o vime. Levo-o pela mão, tentando durante o percurso responder o melhor que sei a todas as perguntas que me costuma fazer e que redobram sempre que chegamos ao prédio onde está instalado o Farol das Ilhas, Solar de estudantes universitários madeirenses, que tem à varanda uma enorme vaca de gesso e papelão, quase ou mesmo em tamanho natural. E o Artur quer por uma força saber por que está sempre ali, ao frio, se não tem caminha para se deitar, se dá leite de manhã e por que não fala como as outras da Ilha, que dizem, muuu, muuu, porquê, porquê... Ainda tem cinco anos e meio, mas já viu muitas vacas ao natural, o que vai sendo uma raridade em crianças nadas e criadas nos meios urbanos. E também conhece a melodia do Hino Nacional, porque esta manhã ao subirmos a Rua Teixeira de Carvalho, um pouco mais acima da varanda-manjedoura da vaquinha, que por vezes e através da minha voz disfarçada faz muuu, muuu, a ver se lhe aquieto a língua perguntadora—chamou-me a atenção para o facto, pois ouvíamo-lo, alto e bom som, jorrando de uma janela aberta, naturalmente das bem acesas goelas de um rádio que parecia querer transmiti-lo para a cidade e seus arredores. Logo o meu filho quis saber por que razão tocava o hino, se havia festa no infantário. E então, na minha inocência, inventei-lhe uma história em que metia um ministro e alguns bombeiros, numa inauguração de um chafariz e de um urinol com casa de banho privativa, onde o senhor ministro fez cocó para inaugurar a sanita e que, além disso, o Presidente Tomás havia estado na véspera ou antevéspera em Coimbra, e não estava mentindo, para ver se tudo se encontrava bem inaugurado, por isso é que havia hino, et cetera e tal. Com certeza que ficou satisfeito com a minha explicação, porque não me perguntou mais nada. Logo depois, ao virar da esquina para a Dias da Silva, entreguei-o no infantário e segui o meu trajecto para a Universidade, sem maldar de nada. Vim pelo caminho entretido comigo mesmo, como é meu costume: viajando pela Ilha que trago comigo, enquanto me consolava a tragar os primeiros cigarros da manhã no jardim em frente do Liceu, muito antes de tocar a sineta do senhor Tavares ( deixei de fumar há três meses e cinco dias, por isso estou sempre sonhando com umas tragaças bem puxadas), que eu chegava de véspera à cidade, a cavalo na camionete da carreira, a primeira que passava às sete da manhã na freguesia. Meu pai tinha medo que a dos estudantes, quase uma hora mais tarde, às vinte para as oito, chegasse atrasada à cidade e eu faltasse à primeira aula, e ele tinha horror a pessoas faltosas. Só quando cheguei ao Edifício das Matemáticas é que aterrei na realidade, porque dei conta de que havia qualquer coisa de novo no ar, muita gente junta cá fora, num quase alevante e o edifício encerrado. O senhor Pelicano, que de certo me viu com cara de quem andava a leste, adiantou-se do magote e veio para mim de braços abertos e anunciou-me a boa nova de uma revolução em Lisboa, mas ainda se não sabia ao certo de que lado é que vinha, se dos ultras, se da esquerda. Desconfiei que nada de bom seria, porque ainda nem há um mês se dera a revolta das Caldas, que fora prontamente abafada. Nessa expectativa e com uma ténue esperança bichanando-me, abalei logo dali, quase a correr, em direcção ao Emissor Regional de Coimbra, onde cá fora se havia aglomerado um ror de curiosos ávidos de notícias como eu.

Encontrei o Nogueira e Silva, meu camarada em Mafra e na Guiné, que me garantiu que o movimento era de esquerda ( sempre bebeu do fino!), só o que se não sabia ao certo era se vingava ou não, mas, segundo lhe tinha constado, havia fortes e fundadas esperanças de êxito. Pedi logo um cigarro para celebrar e apaziguar os nervos, que emoções fortes sem nicotina sabem a pouco. Já muito depois do meio-dia, quando, em Lisboa já estava tudo bem encaminhado e detidos os dois mais altos responsáveis, foi lido, aos microfones do Emissor Regional, para começar a haver humor na revolução nascente, um comunicado oriundo do Governador Civel, jurando fidelidade da cidade de Coimbra e do seu Povo ordeiro ao Governo legítimo da Nação, estando garantida a paz e a ordem pública em todo o distrito.

Este dia foi tão rico em emoções e contra-emoções, que, somadas e bem condutadas, dariam pela certa para muitos meses de vida bem vivida. O maço de cigarros que acabei por ir comprar é que não chegou para o resto do dia! Lá se me quebrou a jura que fizera comigo mesmo. Seja tudo por amor da revolução e por ( des) alma do regime que foi derrubado.
IN RELAÇÃO DE BORDO I (1964-1988), de CRISTÓVÃO DE AGUIAR, Págs. 120 a 122.
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sexta-feira, 18 de abril de 2008
35 - FÓRUM COIMBRA: Meia dúzia de restaurantes foram encerrados pela ASAE, por IRREGULARIDADES NO LICENCIAMENTO...
O Stand/Sucateira é que permanece ilegalmente aberto ao público, sem qualquer licença de funcionamento, de edificação, horário, etc. etc. TUDO COM O CONLUIO DA CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA QUE INSISTE EM NÃO PÔR TERMO A ESTA AFRONTA QUE SUBSISTE JUNTO À ESTAÇÃO-VELHA / COIMBRA-B.
PERIGO! Conheça em pormenor este caso grave na secção Câmara Municipal de Coimbra Urbanismo.
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Secção: CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA URBANISMO, COIMBRA, ILEGALIDADES
terça-feira, 15 de abril de 2008
Song dedicated to Lapa, by Azer Mantessa
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Secção: curiosidades, Videos
domingo, 13 de abril de 2008
33- Decisão Definitiva das Estradas de Portugal 03-07-2007. Dia 02-08-2007 João Rebelo concede, sem qualquer justificação, 180 de dilação do prazo.
A AUSÊNCIA DA DOCUMENTAÇÃO DO LICENCIAMENTO MUNICIPAL DA CABOVISÃO, QUE ESTÁ A SER ESCONDIDA E BRANQUEADA, PELOS VÁRIOS INTERVENIENTES PROCESSUAIS É GRAVE E IMPEDE O ESCLARECIMENTO CABAL DOS FACTOS.


O Stand/Sucateira ainda permanece ILEGALMENTE aberto ao público, sem qualquer licenciamento. Numa total violação dos requisitos exigíveis para o exercício das actividades nele desenvolvidas e numa construção ilegal que prejudica todo o meio envolvente porque acentua o perigo de cheias, priva os moradores do passeio, dos estacionamentos públicos e privados obrigatórios. Esteticamente é uma aberração e a sua implantação está em total violação do alinhamento e cotas dominantes na zona, etc, etc, etc.
Despacho em que João Rebelo concede 180 dias de dilação, perfeitamente injustificado e sem qualquer fundamento legal, no qual se suspende a contagem de prazos em todos os procedimentos admnistrativos.
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Secção: CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA URBANISMO, COIMBRA, ILEGALIDADES
sábado, 12 de abril de 2008
32 - CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA E ESTRADAS DE PORTUGAL ACEITAM COMO BOA PLANTA ONDE SE REFERE TV CABO EM VEZ DE CABOVISÃO.

Além disto, no mesmo processo também consta outra planta, assinada por técnica credenciada, para licenciamento de uma "habitação" - referindo-se ao escritório da sucateira onde está a Cabovisão- e que a mesma habitação possui, pasme-se, água dos SMASC e electricidade da EDP. 
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quarta-feira, 9 de abril de 2008
Baú Da Memória... , Por Eugénio dos Santos Duarte, in Jornal Cinco Quinas. Abril de 2008
Pessoas a recordar no Soito
O meu bisavô era natural de Alcácer do Sal, no Alentejo. Tinha origens judaicas, de família de cristãos-novos, convertida ao cristianismo.
Casou no Soito e tinha como profissão alfaiate. Por motivos de doença ou acidente ficou sem uma perna e passou a usar uma perna de pau. No Soito era conhecido pelo Ti Coxo.
Do seu casamento nasceram cinco filhos. Um deles era o meu avô, chamado Manuel José dos Santos, que foi taberneiro e almocreve.
Outro dos filhos era António José dos Santos que viveu em África e, quando regressou, nos anos 70 do século XIX, foi tomar conta de uma ourivesaria, em Lisboa, que acabou por ser da sua propriedade. Mais tarde tornou-se proprietário de uma chapelaria.
Tinha a sua residência na Rua Latino Coelho, na capital.Foi o primeiro homem do Soito a ser proprietário de um estabelecimento comercial, em Lisboa.
Um dos seus filhos chamava-se Henrique, licenciado em Direito, que foi funcionário dos Correios, tendo chegado ao posto de Correio-Mor.
O Ti Coxo teve ainda uma filha chamada Maria do Carmo, a qual viveu muitos anos em Lisboa com um cónego, que lhe deixou toda a sua fortuna. Essa fortuna foi, mais tarde, herdada pelo sobrinho Henrique.
Maria dos Santos, conhecida por Maria do Coxo, era, também, filha do Ti Coxo. Essa Maria dos Santos era mãe do sr. Miguel Diamantino dos Santos, do sr. José Diamantino dos Santos e de Júlio Diamantino dos Santos. O sr. Miguel era motorista e esteve no Brasil, tendo sido já motivo de crónica anterior neste “Baú da Memória”.
O sr. José Diamantino dos Santos e o Júlio eram ferreiros, com forja, no Soito.
Armindo, filho do sr. José Diamantino, também foi ferreiro, no Soito. Foi para o Brasil e lá morreu.Mariana dos Santos, filha do Ti Coxo, casou com um grande artista serralheiro, natural da Cerdeira do Côa. O seu nome era António Paulo Fernandes.
Foi ele quem fez os portões da igreja, a parte de cima do púlpito e os portões do cemitério. Foi ele que soldou, com uma pasta própria que se usava nessa época, os tirantes do tecto da igreja do Soito, de tal maneira que não se notam as emendas. Para isso levou a forja, com fole e tudo, para o curral do sr. Arnaldinho, que fica perto da igreja. Nessa época ainda não havia electricidade, pelo que não existia a solda por electrogénio.
Todo este trabalho, feito por este artista, ainda hoje existe, no Soito.
Além disso, este homem trabalhou nas pontes do caminho-de-ferro da linha da Beira Alta, onde aprendeu muito.
O casal Mariana/António Paulo teve vários filhos. Dois deles eram ferreiros, no Soito: o sr. António Fernandes, conhecido por Antoninho e o sr. Manuel Fernandes.
Carlos Fernandes, conhecido por Carlos “Ferreiro”, era filho do sr. Manuel Fernandes e exercia, também, a profissão de ferreiro.
O Manuel, conhecido por “Mija”, era filho do sr. Manuel Fernandes e, também, era ferreiro, no Soito. Um dos filhos do Manuel “Mija” é Fernando Monteiro Fernandes, conhecido por Fernando “Mijinha”que ainda exerce a profissão de ferreiro, na forja que foi do seu pai. Além disso é conhecido por ser um grande artista em obras de ferro. Recentemente teve uma exposição no Museu do Sabugal, onde toda a sua criatividade pôde ser apreciada pelos visitantes.
José Oliveira, um grande artesão em objectos de madeira (nomeadamente com figuras que se movem mecanicamente), com exposições em variados locais de Portugal e, até, nos Estados Unidos da América, é neto de António Paulo Fernandes. Juntamente com os irmãos João e Domingos foi o obreiro da fábrica de sumos Cristalina. Também foram estes três irmãos que deram início à fábrica de iogurtes Yoplait, na cidade da Guarda.
Outro neto do sr. António Paulo é António Fernandes de Oliveira um dos maiores negociantes do Soito. Foi ele que iniciou as Confecções Ranking.
Fernando Fernandes, conhecido por Fernando do Ti Antoninho, neto do António Paulo, exerceu também como profissão a arte da serralharia, no Soito.
Quiçá o Soito fosse a terra do concelho com maior número de ferreiros, a julgar pelos exemplos apresentados.
Na imagem pode ver-se a fotografia do casal António Paulo Fernandes/Mariana dos Santos.
Por: Eugénio dos Santos Duarte
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Secção: A Arte do Ferro. F.M.F., Notícias, Soito Sabugal
TANTO MAR
do qual este poema começou a nascer.
Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.
Manuel Alegre
Pico 27.07.2006




