terça-feira, 11 de março de 2008

Coimbra, 11 de Março de 1975. In Relação de Bordo (1964-1988) de Cristóvão de Aguiar.

Coimbra, 11 de Março de 1975-
" Desta vez não foi inventona, não senhor. Houve um morto e tudo, o soldado Luís, que pertencia ao Ralis mas a tragédia podia ter sido maior - estivemos à beira da guerra civil, com militares contra militares e uma onda de boatos de meter medo. Depois de tudo, foi a fuga do General Spínola para fora do País. Falhou-lhe o golpe e ala que se faz tarde. Desde que abandonou a Presidência da República, no final de Setembro passado, não parou de conspirar. Era dos que via comunistas por todo o lado, até na sopa. Qual será agora a cena do próximo capítulo? "


Cristóvão de Aguiar, in Relação de Bordo (1964-1988), página 162, Grande Prémio de Literatura Biográfica APE/CMP - 2000 (ESGOTADO)

domingo, 9 de março de 2008

BRAÇO TATUADO, CRÍTICA DE JOÃO TUNES, ROMANCE DO ANTES A GUERRA APODRECER

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aqui o referi quando estava em meia-leitura, mas o romance recentemente publicado da autoria de Cristóvão de Aguiar (Braço Tatuado), agora com fruição completa e digerida, justifica que retome a meditação partilhada sobre ele.

[…] Literariamente apreciado, o pequeno romance de Cristóvão de Aguiar constitui um prosar de primeira água. A escrita do autor ilhéu, em que as raízes açorianas parecem sair em cada ramo de escrita, aliando-se a uma leitura cristalina de absorção da realidade guineense no ambiente bélico imposto, com a sua hierarquia própria nas escalas dos medos, do falar, do erotizar, do guerrear, do gerir as regras castrenses mal adaptadas à vivência miliciana, no cenário de um povo enxertado na guerra com armas e a morte nas mãos, é segura e de mestre no domínio da escrita e da sugestão. Assim, além do tema, o livro vale literariamente por si, como excelente romance que é.O livro de Cristóvão de Aguiar reflecte a perspectiva do oficial miliciano que foi à guerra levando na bagagem a politização adquirida nas lutas estudantis (no caso dele, no início da década de 60 na Universidade de Coimbra) e que fizeram, para muitos, Salazar “cair da cadeira” antes do trambolhão que fisicamente lhe foi fatal. Assim, só podia ser fruto de um olhar a guerra, não segundo os padrões da mobilização que ali o levaram, mas segundo o paradoxo, por tantos partilhado, de se fazer a guerra pelo lado errado. E, em literatura, os paradoxos, enriquecendo personagens e situações, germinando absurdos, são, normalmente (assim haja talento), um excelente filão para o desfiar literário. Cristóvão de Aguiar deu muito bom uso a esta boa boleia de inspiração.[...] Literatura da melhor, o romance de Cristóvão de Aguiar é, também, um contributo precioso à recomposição das memórias, sendo uma ponte entre gerações que deviam estar fartas de que tantos silêncios sejam pontos brancos na comunicação sobre o valor da democracia e que comporta, como aferição, a ideia precisa sobre os tempos em que a ditadura colonial fardava as suas gentes para que a estupidez triunfasse aos tiros e à morteirada.

João Tunes in blogue Água Lisa. 04-03-2008
http://agualisa6.blogs.sapo.pt/1131654.html

"BRAÇO TATUADO" CORREIO DA MANHÃ ENTREVISTA DE CRISTÓVÃO DE AGUIAR À REVISTA DOMINGO. 09-03-2008

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sábado, 8 de março de 2008

SANTO ANTÓNIO, por Mestre Eugénio Macedo, OITAVO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO, COIMBRA - 1996.

17- CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA. ESPERO, SINCERAMENTE, QUE ESTE "STAND ILEGAL" NÃO SEJA MAIS UM VISÍVEL SINAL DE CORRUPÇÃO AUTÁRQUICA DA MINHA CIDADE

Mas lá que parece, parece... Esperemos mais uns dias.
VEJA-SE A EVIDENTE EDIFICAÇÃO EM ZONA DE ESTRADA, QUER A NASCENTE, QUER A POENTE.
COMO É POSSÍVEL ISTO ACONTECER NO SEC XXI, NA CIDADE DE COIMBRA?
A CMC, ALÉM DE NÃO TER IMPEDIDO A CONSTRUÇÃO DESTE DEPÓSITO DE VIATRAS E SUCATAS, COMO DECORRE DAS SUAS ATRIBUIÇÕES, NÃO REPÕE A LEGALIDADE COMO LHE COMPETE?

sexta-feira, 7 de março de 2008

1.º DIA DO CLUBE ACADÉMICO DE COIMBRA 1976. AZULEJO, DA CERÂMICA ESTACO.

16- COIMBRA CANDIDATA A PATRIMÓNIO MUNDIAL DA UNESCO? COM ESTES EXEMPLOS...?



















CABOVISÃO INSTALADA E LICENCIADA PELA CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA DENTRO DESTA ILEGAL ABERRAÇÃO URBANÍSTICA. CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA TEM SUSTENTADO E PROTEGIDO FORMALMENTE ESTA SITUAÇÃO, EM PREJUÍZO DE TODA A COMUNIDADE E DA LEI.

quinta-feira, 6 de março de 2008

15- URBANISMO / ESCANDALOSO: CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA. CLICAR TÍTULO PARA VER ALGUMAS ILEGALIDADES.

















VEJA-SE A ELEVAÇÃO DO SOLO EM ZONA DE CHEIA.
AUSÊNCIA DE PASSEIO PARA PEÕES.
AUSÊNCIA DE ESTACIONAMENTOS PÚBLICOS E PRIVADOS.
AUSÊNCIA DE QUAISQUER OBRAS DE URBANIZAÇÃO.
DESVIO ILEGAL DE ÁGUAS PLUVIAIS.
TOTAL DESENQUADRAMENTO DO ALINHAMENTO DOMINANTE.
AUSÊNCIA DE QUALQUER LICENCIAMENTO MUNICIPAL.
A CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA TEM CONHECIMENTO FORMAL DESTES FACTOS DESDE AGOSTO DE 2006 E AINDA NÃO INSTAUROU QUALQUER PROCESSO DE CONTRA-ORDENAÇÃO.
CABOVISÃO INSTALADA E LICENCIADA PELA CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA DENTRO DESTA ILEGAL ABERRAÇÃO URBANÍSTICA.

quarta-feira, 5 de março de 2008

domingo, 2 de março de 2008

"BRAÇO TATUADO", crítica literária de Beja Santos in semanário "O Ribatejo" 08-02-2008.

CLICAR NO TÍTULO PARA LER ARTIGO INTEGRAL DE BEJA SANTOS

[...] " Cristóvão de Aguiar combateu na Guiné entre 1965-1967. É um momento crucial em que o PAIGC começa a demolir e a rechaçar as posições no leste e norte da Guiné, cultivando e ocupando territórios onde as tropas portuguesas nem sempre podiam ir e quando iam era por curta permanência. "Braço Tatuado, Retalhos da Guerra Colonial" (Publicações Dom Quixote, 2008) é um relato poderoso de quem está a fazer a guerra na região este, acima de Bafatá.

O relato dos horrores da guerra: executar um inimigo que serviu de guia e depois escrever no relatório que foi abatido por tentativa de fuga no teatro de operações. Guerra significa também misteriosas relações de poder: ameaças de punição, desautorização, desacreditação. Os soldados podem chamar-se Barrancos, Vila Velha, Cartaxo, Pombal. O capitão chama-se Carvalho e o alferes Mendonça. Pelo nome se conhece a classe e a hierarquia. Fazem-se patrulhamentos, batidas, emboscadas e golpes de mão. Há feridos em combate e acidentados em combate. Temos depois as alquimias dos relatórios, é nessa prosa que um desastre se torna num retumbante feito militar.

Cristóvão de Aguiar fala em Mário Soares, um célebre comerciante português de Pirada que, produto das circunstâncias, tem bom relacionamento com os guerrilheiros. É através de Soares que se dão e obtêm informações. Temos depois os comportamentos bizarros, os actos de heroísmo, as manhas, os oportunismos, o autor deambula pela guerra, satiriza, caustica, observa costumes, pega nos pontos altos e obscuros da alma humana, nas cartas que não chegam, na solidão, na perda do autodomínio, na bebedeira, no inesperado suicídio. Sete anos depois a guerra acaba.

Narrativas como a de Cristóvão Aguiar lembram-nos que há feridas que se mantêm abertas. Virá o dia em que todos estes apontamentos e testemunhos serão tomados em conta como episódios de uma História de Portugal ainda desvanecida. Até lá, bons testemunhos e bons escritos como o de Cristóvão de Aguiar precisam de ser reconhecidos pelos seus contemporâneos como textos de sofrimento que as novas gerações precisam de conhecer. Em Portugal e em África, pois claro."

In semanário O Ribatejo, por Beja Santos

Cyrano de Bergerac

Cyrano de Bergerac
Eugénio Macedo - 1995

TANTO MAR

A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.

Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.

Manuel Alegre
Pico 27.07.2006