quarta-feira, 25 de novembro de 2009

25 de Novembro de 1975, in Relação de Bordo, 1964-1988, de Cristóvão de Aguiar.


Coimbra, 25 de Novembro de 1975

"Era de esperar este desfecho. Andámos a brincar às revoluções durante muito tempo e quem brinca com o fogo. Neste momento o panorama apresenta-se feio e muito confuso, pelo menos há um forte desânimo nas hostes de esquerda. Os reaccionários exultam e esfregam as mãos de contentes e desabafam: "Até que enfim que vai haver ordem e disciplina, no caos em que isto se tornou." Para começar, e não variar, pede-se já a ilegalização pura e simples do Partido Comunista, mas Melo Antunes, principal responsável pelo Grupo dos Nove e seu ideólogo, esfriou o entusiasmo desses ultramontanos da política portuguesa, ao declarar na televisão, para grande desgosto de muitos, que o Partido Comunista não vai ser ilegalizado, pelo contrário, vai ser tão necessário como os outros para a continuação da democracia portuguesa. Há todavia quem assegure que este vinte e cinco vai ser o princípio do fim do outro que em Abril aconteceu."

Cristóvão de Aguiar.

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Cyrano de Bergerac

Cyrano de Bergerac
Eugénio Macedo - 1995

TANTO MAR

A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.

Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.

Manuel Alegre
Pico 27.07.2006