quarta-feira, 30 de setembro de 2009

“O Novíssimo Testamento”, de Mário Lúcio de Sousa, vence Prémio Literário Carlos de Oliveira 2009.

“O Novíssimo Testamento”, do escritor cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa, foi o título vencedor da segunda edição do Prémio Literário Carlos de Oliveira, concurso promovido pela Câmara Municipal de Cantanhede e pela Fundação Carlos de Oliveira. O objectivo é estimular a criação literária e, simultaneamente, homenagear um dos grandes vultos da literatura portuguesa do século XX.


Na acta da decisão, o júri refere que “a obra se distingue de todas as outras apresentadas a concurso”, fazendo notar “a grande originalidade da abordagem que faz ao religioso (…), o que evidencia um vasto conhecimento sobre o tema”, sublinhando ainda “a notável capacidade de escrita que se encontra bem patente na riqueza e vastidão do léxico utilizado”.
Na fundamentação utilizada é ainda apontada “uma efabulação poderosa, rica em imaginação e temperada por acentos de humor, que recorre muitas vezes à ironia e ao picaresco”. Segundo o júri, Mário Lúcio Sousa retoma em O Novíssimo Testamento as Escrituras Sagradas, “reinventa-as por meio do recurso a um contrafactual herdado da teologia medieval, colocando a hipótese de Jesus ter sido mulher e explorando as vastas implicações e consequências dessa hipótese”.
Nos termos do regulamento, integraram o júri Pedro António Vaz Cardoso, Vereador do Pelouro da Cultura, em representação do Presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, António Apolinário Lourenço, indicado pelo Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Osvaldo Silvestre, designado por Ângela de Oliveira (viúva de Carlos de Oliveira), Arsénio Mota, personalidade do meio literário convidado e vencedor da primeira edição do prémio, bem como Cristóvão de Aguiar, representante da Associação Portuguesa de Escritores.
O valor do Prémio Literário Carlos de Oliveira é de 5.000 euros, verba totalmente suportada pelo Município de Cantanhede, ficando também assegurada a publicação da obra pela autarquia.
Das 67 obras concorrentes, foram distinguidas com menções honrosas Rendição e Trevas, de Nuno de Figueiredo, autor de Coimbra que utilizou o pseudónimo de Urbano Soares, e Ao Compasso da Noite, de Ricardo Augusto Sanguinho de Jesus, autor de Lisboa que concorreu sob pseudónimo de Chico Marraquexe.
Conforme consta do regulamento, as inscrições para a segunda edição do concurso decorreram até 15 de Abril, estando aberta à participação de autores dos Países de Língua Oficial Portuguesa, que podiam concorrer apenas com uma obra, inédita e não editada, em prosa narrativa (conto ou romance) e assinada obrigatoriamente sob pseudónimo.
Recorde-se que na primeira edição do concurso, a obra vencedora foi Quase Tudo Nada, do escritor Arsénio Mota, jornalista, cronista, poeta, ensaísta, tradutor e editor de livros com vasta colaboração dispersa por jornais e revistas. Foram ainda distinguidos com menções honrosas Parede de Adobo, de João Carlos Costa da Cruz, residente em Febres, e Visões do Azul, de Emília Ferreira, com morada na Caparica.
RB

Tags: Cantanhede, Prémio Literário

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Quintela, Nemésio e Torga, in blog De Rerum Natura.

Quintela, Nemésio e Torga

Já não é recente o livro Com Paulo Quintela à Mesa da Tertúlia. Tive dele uma primeira edição que comprei em finais dos anos oitenta e que depois dum empréstimo não voltou às minhas mãos. Lembro-me disso, porque me ficou a fazer falta: a escrita de Cristóvão de Aguiar dava-me a conhecer melhor um mítico professor de Filologia Germânica da Universidade de Coimbra, que penso nunca ter visto mas de que muito me falavam na Faculdade de Letras – Paulo Quintela.

Comprada a segunda edição, reli-a de ponta a ponta, detendo-me em algumas passagens que me tinha ficado na memória durante mais de vinte anos. Partilho com os leitores uma dessas passagens em que se refere a longa e estreita amizade entre três grandes nomes das Literatura: Vitorino Nemésio, Paulo Quintela e Miguel Torga.

“Nemésio estudava pouco. Não teria muito tempo! Antes das frequências chegava-se a Quintela para se informar da matéria que vinha para o exame. Ouvia o que dizia o colega, ia tomando notas num cartão-de-visita, e por fim entrava na sala. Perante o papel da prova, escrevia o que sabia e inventava o que não sabia. Numa frequência de História Medieval, da regência do Doutor Gonçalves Cerejeira, Nemésio, como de costume, chegou-se à beira do amigo e perguntou-lhe as linhas gerais da matéria. Durante a prova desunhou-se a escrever. Dias mais tarde, o professor apreciava e comentava e comentava na aula, as provas escritas uma por uma, tão poucos seriam os alunos. Ao chegar ao exercício de Nemésio, «Quanto ao exercício de frequência do senhor Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva, tenho a dizer que mais me parece uma página de Anatole France…», tal era a sua capacidade de escrita.

Lá escrever bem, venha aí quem o negue, e como facilidade, o que já poderá ser um estorvo, mas segundo Paulo Quintela, Nemésio escrevia com a mesma naturalidade com que mijava. Anos mais tarde, leitor de Português em Bruxelas, Nemésio havia de surpreender Miguel Torga pela facilidade de escrita. O passo que a seguir se transcreve do tomo III de Criação do Mundo ilustra bem essa agilidade: «Ao cabo de algumas horas de comboio, fui encontrá-lo confortavelmente instalado num quarto burguês, a matraquear à máquina um ensaio sobre Valéry. Depois das primeiras efusões, com medo de o interromper, fiquei calado. – Vai dizendo, que isto tem de seguir hoje… – Acaba lá primeiro. – Ainda demora. Conta, conta… – Pasmado, assisti então ao fenómeno de o ver a conversar e escrever ao mesmo tempo»”

Imagem: Reprodução do quadro de Bárbara Borges. Nele se pode ver Cristóvão de Aguiar e Paulo Quintela com o seu cachimbo. Aguiar foi seu aluno e amigo e durante muitos anos encontravam-se com regularidade para conversar em tom de tertúlia.

Referência completa: Aguiar, Cristóvão. (2005). Com Paulo Quintela à Mesa da Tertúlia. No centenário do seu nascimento. Coimbra: Imprensa da Universidade, página 32.

sábado, 26 de setembro de 2009


sábado, 19 de setembro de 2009

O Doutor Figueiredo Dias venceu o Prémio Eduardo Lourenço 2009. € 10.000,00.

18.09.2009 - 19h43 Lusa

O professor catedrático de Direito Penal da Universidade de Coimbra, Jorge de Figueiredo Dias, já jubilado, é o vencedor da quinta edição do Prémio Eduardo Lourenço, no valor de 10 mil euros, atribuído pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI).
A decisão foi hoje anunciada, na Guarda, por Fernando Seabra Santos, reitor da Universidade de Coimbra, no final de uma reunião do júri realizada nas instalações do CEI.
O prémio, que tem o nome do ensaísta Eduardo Lourenço, mentor e presidente honorário do CEI, pretende galardoar personalidades ou instituições, de língua portuguesa ou espanhola, "que tenham demonstrado intervenção relevante e inovadora na cooperação transfronteiriça e na promoção da identidade e da cultura das comunidades ibéricas".

Fernando Seabra Santos, reitor da Universidade de Coimbra, que presidiu ao júri da edição deste ano,
anunciou que a distinção foi entregue ao professor catedrático jubilado Jorge de Figueiredo Dias, "uma figura muito importante da ciência jurídica portuguesa e espanhola, neto de espanhóis, e uma personalidade importantíssima da ciência jurídica e, em particular, do Direito Penal".
Referiu que o galardão "está bem entregue" ao catedrático que nasceu a 30 de Setembro de 1937, na Freguesia Oriental da cidade de Viseu, que frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra entre 1954 1959, onde se licenciou com a classificação de 17 valores e foi professor catedrático de Direito Penal até à jubilação em finais de 2007.
Figueiredo Dias ensinou Direito Penal, Processo Penal e Ciência Criminal da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e, entre outras funções, integrou o Conselho Científico da Faculdade de Direito de Macau e foi membro do Conselho Científico da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa.
Também foi presidente esda Comissão de Revisão do Código Penal e do Código de Processo Penal, membro do Conselho de Estado (1982/1986) e deputado à Assembleia da Republica de 1976 a 1978. Em 1984 foi condecorado pelo presidente da República Ramalho Eanes com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, a mais alta distinção honorífica portuguesa.
"É uma personalidade importantíssima da ciência jurídica portuguesa, tem trabalhado muitíssimo com colegas espanhóis, tem colaborado e contribuído para o estreitamento de relações universitárias, académicas e científicas, na área do Direito Penal, entre Portugal e Espanha", destacou o presidente do júri.
Segundo Fernando Seabra Santos, a escolha de Figueiredo Dias "responde bem aos critérios do Prémio [Eduardo Lourenço] e é uma personalidade ímpar da nossa ciência jurídica".
A sessão solene de entrega do prémio hoje anunciado terá lugar a 27 de Novembro, na Guarda, no dia do Feriado Municipal.
As quatro anteriores edições do prémio Eduardo Lourenço contemplaram Maria Helena da Rocha Pereira, catedrática jubilada da Universidade de Coimbra na área da Cultura Greco-Latina, o jornalista espanhol Agustín Remesal, antigo correspondente da TVE em Lisboa, a pianista Maria João Pires e o poeta espanhol Ángel Campos Pámpano.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

8.º Colóquio Anual da Lusofonia. Bragança, de 30 de Setembro a 3 de Outubro. O convidado especial de 2009 é o Escritor Cristóvão de Aguiar.

®™ colóquios da lusofonia 2009 - 10:51colóquios da lusofonia. convidado especial o escritor açoriano CRISTÓVÃO DE AGUIAR para homenagear Miguel Torga e Paulo



PRESS RELEASE 8º Colóquio Anual da Lusofonia
Patronos: Professor João Malaca Casteleiro Academia de Ciências de Lisboa /Professor Evanildo Cavalcante Bechara da Academia Brasileira de Letras.
8º Colóquio Anual da Lusofonia
Em Bragança juntam-se as 3 Academias de Língua Portuguesa para a Homenagem contra o Esquecimento sob o signo do novo acordo ortográfico.
Presentes no Anfiteatro Dr Paulo Quintela em Bragança (Portugal) de 3º de setembro a 3 de outubro 2009 no 8º Colóquio Anual da Lusofonia (12º no total) os Professores Doutores Adriano Moreira (Vice-Presidente da Academia, Presidente da Classe de Letras, Presidente do Instituto de Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa), que se junta aos Patronos dos Colóquios desde 2007 João Malaca Casteleiro (Classe de Letras, 2ª Secção – Filologia e Linguística, da Academia de Ciências de Lisboa), e Evanildo Bechara (Academia Brasileira de Letras) e onde estarão também o convidado de 2009, escritor Dr. Cristóvão de Aguiar, o Dr. Ângelo Cristóvão (da Academia Galega da Língua Portuguesa)
Igualmente de salientar a sessão especial sobre literatura (de matriz açoriana) e tradução com a participação de Cristóvão Aguiar, Rosário Girão, Zélia Borges, Ilyana Chalakova e Chrys Chrystello. Este 12º colóquio (8º Anual) conta com 47 oradores e dezenas de presenciais representando os seguintes países, regiões e universidades: Portugal 19, Brasil 12, Galiza 6, Açores 4, Bélgica 1, Macau R P China 1, Espanha 1, Bulgária 1, Nigéria 1, Ucrânia 1, Roménia 1
Assistiremos ainda ao lançamento de livros, integrados numa mostra de obras açorianas, havendo música AÇORIANA, música GALEGA, duas representações teatrais de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Catarina, Brasil e sessões de poesia (galega, portuguesa e brasileira). Debater-se-ão ainda propostas e projetos dos
Colóquios: Planos de Ação/Conclusões. Propostas/ Projetos 2010, Museu Virtual da Lusofonia/Língua, Acordo Ortográfico, Diciopédia, Crioulos de Origem Portuguesa, Estudos Açorianos, Estudos Transmontanos, o 13º Colóquio de 2010 em santa Catarina no Brasil, etc.
TEMAS em debate:
1. HOMENAGEM CONTRA O ESQUECIMENTO: autores sugeridos :
1.1. Carolina Micha?lis (ver bio aqui),
1.2. Leite de Vasconcellos (ver bio aqui),
1.3. Euclides da Cunha (ver bio aqui),
1.4. Agostinho da Silva (ver bio aqui),
1.5. Rosalía de Castro (ver bio aqui),
1.6. Gulamo Khan (Moçambique 1952-1986 ver bio aqui)
1.7. Outros autores esquecidos
2. LUSOFONIAS:
2.1. Debate sobre questões e raízes da Lusofonia.
2.2. A vigência do 2º Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico de 1990
2.3. Promoção da Língua Portuguesa (2ª língua/língua estrangeira)
2.4. Ponto da Situação da Língua Portuguesa no Mundo.
2.5. Léxicos da Lusofonia.
2.6. Lusofonias e Insularidades
2.7. Criação de uma base de dados sobre Estudos de Crioulos da Língua Portuguesa
3. TRADUÇÃO:
3.1. Tradução de autores portugueses
3.2. Tradutores de Português e Tradutores para Português
3.3 Tradução e novas tecnologias
4. Propostas de dinamização dos PROJETOS dos Colóquios da Lusofonia
4.1. Diciopédia
4.2. Crioulos de origem portuguesa, criação de uma base de dados
4.3. Museu da língua/museu virtual da lusofonia
4.4. Estudos açorianos na Unisul (universidade do sul de santa catarina)
4.5 Estudos transmontanos
COLÓQUIOS DA LUSOFONIA
Colóquios da Lusofonia/Encontros Açorianos da Lusofonia,
O Presidente da Comissão Executiva,
Dr J. CHRYS CHRYSTELLO,
A NOSSA DIVISA É
NÃO PROMETEMOS, FAZEMOS
Telefone: (351) 296 446940, Telemóvel: (+ 351) 91 9287816 / 91 6755675
E-fax (E-mail fax): + (00) 1 630 563 1902
E-mail: coloquioslusofo...@gmail.com , coloquiolusofo...@gmail.com ;
lusofoniazo...@gmail.com ,
lusofo...@sapo.pt, lusofoniazo...@sapo.pt
8º Colóquio Anual da Lusofonia 2009
http://www.lusofonias.net/lusofonia%202009/index.htm
5º Encontro Açoriano 2010 (Sta Catarina Brasil)
http://www.lusofonias.net/encontros%202010/index.htm
* Todos os colóquios: http://www.lusofonias.net
* Diciopédia Contrastiva dos Colóquios:
http://www.lusofonias.net/diciopedia/index.html
* Tudo sobre o Acordo Ortográfico http://www.lusofonias.net/paginaprincipal.htm
PATRONOS: MALACA CASTELEIRO E EVANILDO BECHARA E
* APOIOS
Câmara Municipal de Bragança /Câmara Municipal da Lagoa (Açores)
* Protocolos e Parcerias:
GOVERNO ESTADUAL DE SANTA CATARINA
ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA, BRASIL (UNISUL)
UNIVERSIDADE MACKENZIE DE SÃO PAULO, BRASIL
ESE, INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL
ESE, INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGANÇA
ACADEMIA DE LETRAS DE BRASÍLIA,

Cyrano de Bergerac

Cyrano de Bergerac
Eugénio Macedo - 1995

TANTO MAR

A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.

Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.

Manuel Alegre
Pico 27.07.2006