sexta-feira, 20 de maio de 2011

sábado, 14 de maio de 2011

Catarse ou a escrita mano a mano de Cristóvão e de Francisco de Aguiar, por Victor Rui Dores

“A minha vida não tem idade: tem tempo”

Vitorino Nemésio, Eu Comovido a Oeste

As recordações dos verdes anos avivam-se à medida que vamos ficando mais vividos e menos jovens… A nossa existência é uma perpétua dialéctica: saudades do futuro e sauda¬des do passado

Catarse (Editora Lápis de Memórias, Coimbra, 2011) é um livro sobre a infância e a adolescência insulares enquanto busca de um tempo irremediavelmente perdido. Os autores, irmãos no sangue e nas emoções, protagonistas - narradores, revisitam, pela escrita, tempos, lugares, pessoas e memórias que povoam o seu imaginário. Vivendo em diferentes espaços geográficos, e através de um conjunto de cartas que vão tro-cando, recordam bons tempos que não foram tempos bons. “A vida, em S. Miguel era muito cainha” (pág. 20) porque esses eram os tempos de misérias várias e de repressões variadas de uma sociedade patriarcal – o salazarismo, o subdesenvolvimento, a hipocrisia social, a pobreza, a intolerância, a emigração, a guerra colonial…

A luta contra o esquecimento é a razão primeira da literatura em qualquer uma das suas formas e géneros, sendo que, no caso do livro em apreço, estamos perante um “diálogo epistolar em forma de romance”. Eis uma escrita de inquérito ao subconsciente, através da qual os autores, em diferentes registos e de forma sincera e sentida, travam intensos diálogos e partilham memórias surpreendentes.

Santa Luzia é o microcosmo de referência desta obra, constituindo-se como espaço onde pulsa todo o universo e toda a geografia sentimental e afectiva da ilha de São Miguel, de onde a acção parte viajando para outros lugares: Santa Maria, Terceira, Madeira, Lisboa, Coimbra, Guiné, Américas, Faial, Pico…

Por conseguinte, este livro dá conta de impressões do vivido e do sentido, isto é, das sensações e dos sentimentos que ficaram enraizados nas memórias dos autores. Essas memórias ora são muito positivas (a recordação das figuras tutelares da Mãe, dos Avós e outros familiares, amigos e conhecidos que surgem do fundo dos tempos como uma aparição de ternura no meio das ruínas da vida), ora são terrivelmente negativas (por exemplo, a memória magoada das tiranias do Pai, os ritos e os rituais da iniciação sexual que, nesse tempo de obscurantismo, descambavam invariavelmente para actos de pedofilia, violação e muitas outras formas de violência).

As deambulações dos narradores são fascinantes e lemos este livro como se de um romance se tratasse. Dando conta dos seus “eus” angustiados na sua relação conflituosa com a vida e com os outros, Cristóvão e Francisco, através de viagens interiores e narrativas justapostas, lançam olhares sobre o tempo do fascínio e do sortilégio (porque iniciático) do despertar para a vida, para os amores, para o mundo e para o conhecimento das coisas. E narram reminiscências e histórias das suas vidas com os outros. A prosa de um é sentida na pessoa do outro. E, pela escrita, fazem uma verdadeira catarse. Escreve Francisco, na página 304:

“Desculpa ter estado a escarafunchar coisas do passado, mas estou a passar por uma fase de despejar tudo aquilo que devia ter despejado na altura certa”.

Escreve Cristóvão:

“E que são estas cartas senão um exercício de psicanálise? Desde ontem já recebi três textos teus, qual deles o mais espirituoso! Vou, nas minhas respostas, procurar dar-lhes mais pormenores que os complementarão. Devido à diferença de idade entre nós, e ainda que tenhamos uma grande fatia de passado em comum, possuímos experiências desiguais e diversas histórias para contar, mas as personagens são praticamente as mesmas que conheci nos primeiros vinte anos que permaneci na ilha, só as mais novas me escapam.” (pág. 236)

As memórias sucedem-se com um ritmo perfeito e a descrição das pessoas evocadas – tanto a física como a psicológica – é um primor de minúcia. Desfila um universo de venturas malogradas perante nós. Vivências comuns confluem de página em página para nos recriarem um tempo (praticamente todo o século XX) que nos parece já tão distante mas que a geração dos autores não esquece nem desvaloriza como não glorifica em falsas nostalgias.

Esse foi um tempo de “brandos costumes”, de muitas inquietações e poucas alegrias, de muitas dúvidas e poucas certezas, um tempo marcado por sonhos e desejos, paixões e temores, partidas e chegadas, separações e reencontros.

Mas atenção: estes olhares retroactivos não visam um mero exorcismo da saudade. Os autores respondem a uma verdadeira “prise de conscience”. Por isso, estas páginas são, acima de tudo, lugar de confronto, de denúncia (dos mecanismos dos poderes políticos e religiosos) e de renúncia às máscaras de um quotidiano alienante, até porque os autores foram vítimas desse estado de coisas e sofreram na pele as consequências desse tempo português fascizante.

Catarse constitui uma narrativa coesa e consistente, perfeitamente equilibrada e apoiada em dois eixos narrativos: coloquialidade, prosa enxuta e leveza de estilo por parte de Francisco de Aguiar (texto em itálico). Virtuosismo verbal e manejo robusto da linguagem por parte de Cristóvão de Aguiar (de antologia são as páginas 313 e 314: “Os meus mortos…”). Francisco era até agora escritor adiado. Cristóvão é o autor consagrado da Raiz Comovida, ficcionista de méritos reconhecidos. O primeiro é o comparsa municiador de memórias; o segundo é o criador – arquitecto da narrativa. Ambos se complementam e, numa escrita que mistura memória, diário e discurso literário, falam do problema do destino do homem e do sentido da vida. Em páginas humaníssimas que em nós causam uma imediata adesão afectiva.


Victor Rui Dores

sábado, 30 de abril de 2011

"Catarse". Cristóvão de Aguiar e Francisco de Aguiar dedicam obra a Viriato Madeira. in Diário dos Açores.

O escritor açoriano Cristóvão de Aguiar e o seu irmão Francisco de Aguiar lançam no próximo dia 20 de Maio, na Ribeira Grande, o livro "Catarse, Diálogo Epistolar em forma de Romance", em homenagem à memória de Viriato Madeira, um ribeiragrandense que sempre lutou pela melhoria da qualidade de vida da comunidade nortenha.

O livro da Editora Lápis de Memórias é lançado pelas 21h00, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, numa cerimónia presidida pelo presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, sendo apresentado por Eduardo Jorge Brum. (Director do Semanário Expresso das Nove)

Viriato Hermínio Rego Costa Madeira, que faleceu no passado dia 15 de Janeiro, dedicou toda a sua vida profissional e pessoal pela luta por um maior equilíbrio social, pela defesa dos direitos dos trabalhadores, mesmo em detrimento de promoções pessoais e profissionais. Foi um apaixonado e empenhado sindicalista regional e nacional, e um dos fundadores da Comissão de Trabalhadores da SATA, tendo exercido, por diversas vezes, cargos na referida comissão, até à sua aposentação.

Para além disso, Viriato Madeira foi um dos colaboradores do "Primeiro Plano de Estudo Económico Estratégico" da companhia e do "Plano para a Segurança". Fez, ainda, parte da Direcção do Clube Desportivo e Recreativo da empresa.

Tendo as preocupações sociais sempre um elevado peso no seu percurso de vida, nos finais da década de 80 foi o fundador da delegação ribeiragrandense do C.A.R.A. – Clube dos Alcoólicos Recuperados dos Açores.

Um amante da leitura e da escrita, deixou o seu contributo para a literatura açoriana com textos inéditos que ainda não foram publicados, embora durante muitos anos tenho dado forma a crónicas e artigos de opinião na imprensa regional. Animou, ainda, uma "tertúlia" ribeiragrandense, com análises entusiastas dos mais variados escritores nacionais, regionais e estrangeiros.

Fez, ainda, parte do Círculo de Amigos da Ribeira Grande e, desde 2000 até à data da sua morte foi Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande, tendo lutado pela construção do respectivo quartel e da piscina, novamente na senda pela melhoria da qualidade de vida de toda uma comunidade.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Molelos tem escultura de Eugénio Macedo «Tondela» louça preta é uma referência: São Pedro padroeiro de Molelos«Tondela»

Molelos tem escultura de Eugénio Macedo «Tondela» louça preta é uma referência: São Pedro padroeiro de Molelos«Tondela»: "Aqui uma das etapas, em ângulos diferentes, próximo a conclusão da escultura feita apartir de um único bloco de granito, para a terra da "louça do barro preto". Molelos ,«Tondel..."

terça-feira, 12 de abril de 2011

terça-feira, 5 de abril de 2011

De arte, precisa-se. João Boavida. In As Beiras de 5-04-2011

Há dias ocorreu no Centro Cultural D. Dinis um acontecimento de relevo: a apresentação de uma nova editora – A Lápis de Memórias – e o lançamento, com a sua chancela, de dois livros: de Cristóvão Aguiar e Francisco Aguiar, “Catarse”, de Carlos M. Rodrigues “Um homem à janela” e a reedição de “Anos de eclipse” de Jorge Seabra.



Como se diria à moda oitocentista, a luzida cerimónia esteve muito concorrida, foi abrilhantada por algumas canções da linha baladeira de intervenção, à anos 70, bem escolhidas e interpretadas e com noção da medida. As apresentações dos livros foram preclaras, pois associaram a qualidade à moderação, tanto nos adjetivos como no tempo gasto. E as intervenções dos autores, nos agradecimentos, decorreram na mesma linha, espontâneas, interessantes e curtas. Enriqueceu o evento a leitura de passagens de todos os livros, também com cuidada escolha e equilíbrio, segundo a sábia lição aristotélica, que os tempo correntes não apreciam por aí além, mas que por cá se vai cultivando. Coimbra sabe fazer estas coisas e ainda bem.



O acontecimento foi importante. Em primeiro lugar, pela novo editora. Que tem por detrás o nome de Adelino Castro, homem há muito ligado aos livros e à edição, que tem o saber-fazer destas coisas e que, ao criar, em Coimbra, uma editora vocacionada para a ficção, vem remar contra a maré. Contra o facto das editoras da cidade terem deixado, há muito, de publicar nestes domínios. Temos muita edição mas não nesta área. A Almedina e a Coimbra Editora editam sobretudo no campo jurídico, educativo e sociológico, há a interessante coleção Minotauro, de autores espanhóis, do Grupo Almedina, a Minerva, com muitas edições de autor, tem sido um respiradouro e a Alma Azul tem editado alguns clássicos e poesia. Mas é pouco. Referência obligatoria é a Imprensa da Universidade de Coimbra, que tem feito um trabalho notável, mas ainda, e como é natural, no domínio cientifico.



Uma nova editora, que entra pela literatura e com escritores de Coimbra é de louvar. E mais ainda se for ao arrepio da literatura à tonelada, que por aí anda, criando resistência à onda da literatura de sucesso e aos monopólios editoriais, que a atrofiam. É refrescante, revolucionário até e deve ser apoiada. Depois os autores. Certamente que nenhum deles aparecerá no Expresso ou no Público, apesar de um deles, Cristóvão Aguiar, ter, como se sabe, obra importante. Mas por que não há de Coimbra editar os seus escritores e mandar às malvas o monopólio dos cânones literário-centralizantes? Por que não este ato de liberdade e de rebeldia? Estando assim as coisas, isto é um ato de respiração.



Aliás, a Semana Cultural da Universidade de Coimbra deste ano – “Reinventar a Cidade” – foi sob o mote da criação artística, que se faz e se tem feito em Coimbra. E teve coisas excelentes. Poderá dizer-se que a Semana Cultural ganhou a maioridade ao assumir a criação. Alguns o têm referido, sobretudo Virgílio Caseiro: é preciso fazer de Coimbra, cada vez mais, um lugar de acontecimentos artísticos, de realizações onde a expressão inovadora seja rainha e senhora. A criação artística – plástica, musical, literária, cénica, gráfica, fotográfica, enfim, toda – não pode ficar à sombra, nem na sombra, da científica. Não o tem feito, mas tem estado numa medida menor, e é por isso que acontecimentos assim são importantes. São bons sinais de autonomia e de vitalidade. E, já agora, de descentralização cultural, tão benéfica ao país, mesmo que este o não saiba nem queira saber, como às vezes parece.

quinta-feira, 10 de março de 2011

segunda-feira, 7 de março de 2011

sábado, 5 de março de 2011

PRÉ-PUBLICAÇÃO: Excerto do livro Catarse - Diálogo epistolográfico em forma de romance, da autoria de Cristóvão de Aguiar e Francisco de Aguiar, a publicar em Abril próximo pela novel editora Lápis de Memórias. In Semanário Expresso das Nove, 4 de Março de 2011


I
Parto amanhã de manhã para Lisboa. Sábado que será de sol. Voo semidirecto: Pico, Lajes, Lisboa. Sempre que me vou de abalada, sinto uma ponta de tristeza e de saudade do local onde aqueci lugar durante algum tempo. A mala e a pasta do computador já se encontram no chão do alpendre da casa virada ao mar. Contemplo a Ilha de São Jorge: estende-se ao longo do meu olhar numa extensão de cerca de oitenta quilómetros. Hoje, pintou-se de azul arroxeado. Daqui a pouco, já troca de pintura, mas não é troca-tintas! Nunca usa a mesma durante muito tempo. Grande vaidosa, a Ilha em frente de minha casa! O Expresso que liga os portos da Horta, de São Roque e São Jorge, não navega: azula-se de tal maneira que já vai a meio do canal, o de Vitorino Nemésio, rumo à Vila das Velas. Enxergo o casario com nitidez e, à noite, até vislumbro a claridade dos faróis dos automóveis circulando nas estradas. O mar, um espelho. Estanhado. Bom Tempo no Canal! Ainda é muito cedo! Sou ardido no tocante a horários! A boleia só chegará daqui por uma hora, mas gosto de sentir-me em mangas de camisa dentro do tempo que me faço sobejar. Vou ainda percorrer a casa, palmo a palmo. Retiro algum prazer mórbido ao despedir-me das coisas, devagar. Das pessoas, é mais fácil! Entro de novo, subo as escadas que me levam ao sótão, o meu santuário da escrita e dos livros. Acaricio a lombada de um ou outro, endireito algum mais indisciplinado, sem vocação militar para a formatura rígida, deixo cair os olhos nas estantes de criptoméria, aliso a secretária já esvaziada do computador portátil, lanço um lento olhar em redor, na esperança de que ele fique, ali, preenchendo a ausência prestes a desabotoar-se e me dê as boas-vindas quando de novo eu chegar… Como existirão os livros sem mim, neste sótão de silêncio? Desço de novo as escadas, paro uns momentos em cada degrau, capto a sala de cima, e enterneço-me com o vidrinho de lágrima semi-inventada que me embacia os olhos.
Cristóvão de Aguiar
II
Passei a tarde em casa da filha da Flávia. A Gracinha lembrou-se de organizar uma festa para celebrar os setenta anos da mãe. Muito gostei de rever pessoas da família que há muito já não encontrava. A primeira com quem falei foi com a Telma de titia Maria da Ascensão. Está com muito bom aspecto. Todos os dias anda três milhas ao longo do passeio das ruas, para não ter de tomar medicamentos para a diabetes. Depois, falei com a irmã, a Maria Manuela, a Mané em família. Já não a via há muito tempo. Creio que desde que a Mãe faleceu. Convidou-me que fosse, um destes dias, a sua casa. Vive na mesma casa da filha, a Rosalinda. Diz que gosta muito de lá morar e não sente falta nenhuma da cidade de onde saiu.
Disse-me que o Humberto, o marido, não fala com ninguém. Vive numa rua sem saída e não há um conhecido com quem possa conversar. Queixou-se muito dele. Já não parece o mesmo. Tornou-se como a mãe, recadento, intenica com tudo e com todos. E continuou: "Já viste, Fernando, tenho de aturar, na minha velhice, o filho do Jaime Pardalito: é a comida que tem sal a mais, a roupa que está mal corrida; se faço massa sovada, diz logo que só vou acabar à meia-noite; mesmo assim, agora que o tempo melhorou, vai para o quintal - é um descanso. Eu bem que lhe digo: 'És igual a tua Mãe: mezinha, recadento, nunca me dás o valor'; responde-me que eu estou sempre a falar da Mãe: 'Pois então, se ele é igual a ela…'. A mãe teve de ir para o asilo dos velhos, ninguém a podia sofrer em Santa Luzia: sempre que as vizinhas lhe iam levar comida, ela respondia: 'Põe-me esta comida pelo cu a cima'. À noite, entretenho-me a ver a telenovela, mas é uma telenovela sem desdão nem tarelo… E é assim, meu rico Fernando José, esta vida não vale nada. O Humberto fala, fala, mas nunca lhe respondo, já não me apetece falar, quero o meu sossego; na outra cidade sabe-se tudo, um nunca mais acabar de enredos; agora, estou para aqui em paz…".
Teodora do José Anastácio: "Já estou casada há cinquenta e cinco anos, sempre com o mesmo homem: anda cada vez mais teimoso, fuma que nem chaminé, quer saber os mexericos todos, anda meio despercebido, uma desgraça. Também vejo a telenovela, mas não tem nenhum tarelo.".
José Anastácio: "Eh, Fernando, há tanto tempo que não te vejo, andas sumido por aí; tanto que trabalhaste; ainda estou por saber como é que ias à Ilha, estavas lá duas horas e, a seguir, regressavas a Boston; muito labutaste tu pela vida; o teu irmão Francisco também já tem a sua idade, ele está bom? Se calhar, a gente não se vai ver mais: vou fazer 78 anos para Novembro, não é brincadeira nenhuma. Custa-me saber que vou morrer."
Jesualdo: "Hoje a Ricardina fazia oitenta e sete anos; sem ela, vivo numa tristeza muito grande; os meus filhos fazem muito caso de mim, quase todas as semanas vou para casa deles; o Emanuel já fez sessenta e dois anos; em Julho, faço eu oitenta e nove; meu pai morreu aos cento e um, pode ser que eu também aguente até lá. Proibido adivinhar. Gostava de saber a tua opinião sobre um assunto que me tem posto a cabeça numa arredouça: tua Mãe morreu muito antes da Ricardina. Eram amigas e primas; todas as semanas iam juntas fazer compras; achas que elas já se encontraram lá em cima? Tenho na minha que sim, já estão juntas…"
Maria Josefina: "Vivo sozinha naquela casa, sem ninguém com quem conversar; o meu filho mora no Havai, veio visitar-me em Novembro passado. Agora, só vem daqui a meses, se vier…"
Salvador da Telma da tia Maria da Ascensão, em diálogo com o Fulgêncio Seco: "Ontem, no telejornal da RTP I, só falaram do José Saramago; ele tem a alma no inferno; que corisco homem era aquele?!"
Fulgêncio: "Sempre foi um homem muito controverso, contra tudo e contra todos, nunca estava satisfeito; os livros dele, quem os entende?"
Maria Lúcia da tia Maria da Ascensão: "Eh, Fernando, regalo-me a comer: desde que me levantei de manhã cedo, não meti nada no bucho para chegar aqui e consolar-me a comer…"

Francisco de Aguiar
4 de Março de 2011

Cyrano de Bergerac

Cyrano de Bergerac
Eugénio Macedo - 1995

TANTO MAR

A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.

Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.

Manuel Alegre
Pico 27.07.2006