sábado, 8 de agosto de 2009

Apresentação em Bucareste e na Maia de "Cães Letrados", de Cristóvão de Aguiar. (Calendário, 2008)


Rumo a uma tipologia canídea…

Revisitemos as palavras de Eloísa Alvarez (porta-voz do Júri do “Prémio Literário de Miguel Torga”), transcritas no “Prólogo” de A Tabuada do Tempo; a lenta narrativa dos dias: “A aparente insignificância de cada ins­tante do dia ou da noite é transcendida por Cristóvão de Aguiar com a paixão de quem vive esses momentos como se fossem os últimos, os decisivos da sua vida: ungindo-os - como se de um feito religioso de tratasse - com o amor, numa sacralização invasora que inclui quer o erotismo referido a Ela, quer o humanismo com que contempla o Outro, um Outro que, além de incluir o Homem, contempla também os bichos […].” (Coimbra, Livraria Alme­dina, 2007: 11).

E é, com efeito, de bichos que se trata, não de Bichos, de Miguel Torga (ao qual o professor, o escritor, o novelista e o linguista não raro rende preito), mas tão-só de cães, esses “inseparáveis e afectuosos companheiros” da infân­cia e juventude do Autor (2008: 10). Se nos detivermos, aliás, no título desta belíssima antologia - Cães Letrados -, revelando à saciedade a feliz osmose entre canidade e humanidade, se atentarmos nas três epígrafes de Jean Genet, de Simone de Beauvoir e de Victor Hugo, remetendo para uma concepção mítica da infância como “idade de ouro”, e se nos quedarmos na dedicatória “Para os meus netos”, não se tornará difícil privilegiar um duplo protocolo de leitura, visando dois ‘tipos’ de público-alvo: o leitor jovem (infantil e adoles­cente) e o leitor adulto; o leitor ingénuo, afeiçoado às histórias comovedoras de cães, e o leitor crítico, cuja experiência (que, segundo Oscar Wilde, é o nome que damos aos nossos erros...) não hesita em escavar na superfície do texto um ou outro trilho hermenêutico, mais ou menos consciente e profundo, voluntariamente traçado ou não... Configurando, de modo indubitável, o sen­tido imanente e a estrutura profunda – o fenotexto e o genotexto – , os títulos das dezoito novelas (não ao acaso respigados) tanto reenviam para os nomes dos caninos cuja trajectória existencial não deixa de ser narrada, como para uma reinvenção taxinómica dos Canídeos, a que não é alheia a sátira social.

No primeiro caso, o dos títulos epónimos, deparamos com genuínos bilhe­tes de identidade - que as talentosas ilustrações de André Caetano firmam em definitivo - de cães e de cadelas de estimação cuja genealogia - “Nasceu [a Pantera] há quatro anos.” (2008: 135) - a memória do Autor - que o “baú” metaforiza (2008: 137) - cristalizou em lugares de memória revisitados pela palavra. É o caso de A Girafa, “cadela branca, atravessada de galgo” (2008: 23), detentora do faro mais apurado de Tronqueira; é o caso do Alex que, numa das suas saídas de cariz sentimental e de matriz erótica, é vítima de morte por atropelamento; é o caso do Adónis (e repare-se na consciência cra­tiliana da linguagem...) que, ao longo da viagem, em segunda classe, no Inter-Regional entre Lisboa e Coimbra, se torna o centro de atenções, mercê dos seus balbu­cios caninos de estirpe aristocrática, dos militares regressando aos quartéis; é o caso do Isquininho, inventor do novo método de esvaziar gamelas graças à sua imobilização: “Passou a pôr uma pata no fundo da gamela e assim ela ficava mais que segura ao chão. E comia o resto da papa­roca à vontade e em sossego...” (2008: 62); é o caso do Ligeiro, “rasteirinho e de cauda enroscada em jeito de ponto de interrogação” (2008: 77), que sacri­ficialmente aprende os riscos da falácia da sedução, simbolizada pelas pele­zinhas de chouriço: “Ao abrir a boca, já com as peles a roçarem-lhe o foci­nho, tornou a apanhar um cachação. [...] ‘caim, caim, caim’, o rabo murcho, correu a bom correr, [...]” (2008: 79-80); é o caso da Regina Cadela, parideira de profissão e perita, por excelência, na arte da fuga matreira à actividade caninamente vigilante das autoridades do município: “A cadela-mãe sobrevi­via sempre às investidas regulares dos funcionários municipais [...] ” (2008: 86); é o caso do Schwarz, cão expatriado que, forçado pelo dono a reaprender a sua língua pátria, vai gradualmente conhecendo as tristes etapas da gaguez no latir, tor­nando-se motivo de chacota para os seus congéneres - “o Schwarz cada vez mais gago, entristecido e neurasténico...” - e debitando mal a língua de Lutero (2008: 116); é o caso do Valente, pastor alemão de envergadura, cuja fera intrepidez se vê premiada com uma injecção letal e subsequente viagem gratuita rumo à eternidade dos Canídeos: “Perdi um amigo e a minha casa um excelente guarda!” (2008: 130); é, por fim, o caso da Pantera, esse “grand danois” a caminho do matadouro por sofrer de doença perigosa; da Petruska­zinha, pekinois de luxo instigado pela ‘mamã’ Susana a comer o bifinho a bordo do Carvalho de Araújo, e da Andorinha que, no colchão do autor-nar­rador alferes, dá à luz, com intervalos de quinze, vinte minutos, seis filhotes, sendo o último “uma fêmea com parecenças com a mãe enquanto jovem cachorra...” (2008: 171).

Destarte, estão os dados lançados para o escorço de uma segunda linha de leitura, que passa obrigatoriamente pela animização e per­sonificação do canino, mediante a adjectivação, a adaptação, a comparação, o contraste e a hipálage, desembocando na caracterização indirecta de todo o ser humano (mais ao nível da etopeia – descrição caracterológica – do que da prosopogra­fia - descrição física) dono de um “cão letrado”... Assim sendo, é a “família humana” do Alex que, após o seu passamento, traja lutuosamente (2008: 40); é o José Jacinto que se vê invadido por sentimentos específicos de um “dono coruja” (2008: 69); é a Girafa que, ao invés da senhora dona Amelinha Costa, assolada pela avareza, se não coíbe de repartir o “prato das sopas de leite desnatado com o gato maltês” (2008: 25) e é o Isquininho, cão “fiel e honrado”, que, por graça divina, é agraciado com uma “Morte serena” (2008: 63). Do mesmo modo, o Schwarz, contrariamente à Maria do Socorro, declina o desejo acalentado pelo Senhor de Simas de aprender a sua língua; a Petruska espelha caracterologicamente, graças à ambiguidade de onde o lúdico não desertou, a sua dona Susana, amante de “ternura e cócegas” (2008: 161); por fim, os cães das Letras contemplam “os humanos […] com um acento tónico de sílabas de um verso bem escandido” (2008: 101), enquanto os da Faculdade de Direito se impõem pela sua sumptuosidade (2008: 108). De realçar, neste contexto específico, o recurso a certas expres­sões convencionais, convocando a tradição cristã, que inusitadamente con­templam determinados momentos da vida canídea: a Girafa humaniza-se ao receber o sacramento do baptismo, sendo esta humanização corroborada, na hora da sua morte, pela derradeira invocação: “dai-lhe, Senhor, o eterno des­canso, entre o resplendor da luz perpétua...” (2008: 34); por sua vez, não se furta o narrador a clamar “Paz à sua alma” na altura em que o Valente entrega a alma ao Criador (2008: 130) e a rogar a Deus que dê “uma boa morte” à Pantera (2008: 138).

Por intermédio de uma inversão semanticamente pejorativa, o universo parece transfigurar-se em “mundo cão” (2008: 138), habitado pelo “bicho-careta” (2008: 86) que é o homem. É, então, que irrompe a sátira social, sob forma de crítica à mentalidade estreita, sobrelevando a raça canina o ser humano: a Girafa, ao ter impudentemente relações sexuais, em público, com o galã do Calçado, escandaliza as beatas angelicais que, lestas, se encami­nham para o ofício matutino (2008: 27); um rafeiro, cão da esplanada, não refreia o desejo súbito de montar a sua amada, indiferente à turba preconcei­tuosa, mas minada pela sensualidade (2008: 91); a municipalidade, cuja pala­vra de ordem se resume eticamente a preservar os “bons costumes”, apressa-se a desinçar a via pública da indesejada descendência da Regina Cadela (2008: 85); o cão do mestre Oliveira, baptizado de Polícia, torna-se, à ima­gem do seu dono, mestre em morder o policial Beliboga (2008: 146), situa­ção caricata prenunciada pelo título Cão-Polícia ou vice-versa. A par da sátira, insiste a paródia em fazer a sua aparição em cena, mor­mente no tocante a esse hipotexto que é a erudição balofa, o discurso universitário her­mético, o casticismo de um ‘catecismo’ em desuso e o ensino que privilegia menos a reflexão salutar do que o ‘afinado’ papagueamento de verdades desactualizadas. A partir dos “cães atascados em literatura” (2008: 152) e dos “canídeos das filologias menos clássicas” (2008: 102) jorra, paulatinamente, um humorístico hipertexto (com “nuances” genettianas) denunciando quer “um dos muitos arquétipos de um arquitexto exemplificativo de certos ladra­res linguísticos de alguns cães e cadelas da semiótica” (2008: 103), quer “certas reminiscências estruturalistas no ladrar de alto” (2008: 102). Por um lado, o “professor transfigurado”, especialista na transmissão pseudo-peda­gógica das grandes correntes da crítica; por outro, o “coro dos falantes” can­tores, bons assimiladores da matéria trauteada (2008: 152). O resultado, “estupidamente real” (Idem), mais não é do que um amontoado lexical deli­rante, a desembocar no galimatias ou, talvez, no anfiguri, repassado (s) de conceitos teóricos descontextualizados e de absurdas abstracções teoréticas (2008:102). Do seio deste aranzel sobressaem tanto a parte prática da “teoria poética do luar” (2008: 151), exemplificada por um fragmento comicamente aliterativo - “Os lúbricos cães e as cadelas aluadas ululam lugubremente à lua… Os lú-bri-cos… a-lu-a-das… u-lu-lam… lu-gu-bre-mente… lu-a…” (2008: 151) -, como uma crítica velada ao decadentismo-simbolismo portu­guês (cujo corifeu foi Eugénio de Castro ao dar ao prelo os Oaristos) que, em vez de simbolismo genuíno e inovador (revisite-se Camilo Pessanha…), se ficou pela quintessência do parnasianismo...

Retomando as duas linhas de leitura que se têm vindo gradualmente a esbo­çar, indiferentes não podemos ficar à reinvenção canina a que procede Cris­tóvão de Aguiar. Na verdade, longe vão os tempos em que a canzoada se diferençava pelo pedigree, subdividindo-se em cães vadios ou rafeiros, em cães aristo­cratas ou de raça, podendo esta última categoria abarcar os galgos, os danois, os huskies e os pastores alemães, retratados com mestria no texto-imagem de André Caetano. Ora, em Cães Letrados, o conceito de canidade é diversa­mente (e enriquecedoramente...) abordado e sistematizado. Destaque-se, em primeiro lugar, a seguinte tetralogia canídea: “Cães de Esplanada”, “Cães Universitários”, “Cão-Polícia ou Vice-Versa” e “Cães Cantores”; atente-se, numa segunda etapa, no estudo denodado da caracterologia canídea condu­cente a uma taxinomia inédita: a cadela que se pauta pelos famosos relógios Longines e para a qual “o meio-dia era sagrado” (2008: 29); a cade­linha grá­vida que só aparece de manhã e à noite para cumprimentar o dono da casa - que não é o seu dono... - e os cinco colegas que nela residem (2008: 45); o cachorrinho que desfruta, com uma estudante, das Lições de pediatria, virando as folhas com a patinha direita e escapando ao pagamento de meio bilhete no Inter-Regional (2008: 54-55); o canino que se vai mantendo vivo até ao regresso dos donos da América (2008: 63); o cãozinho de orelha fita à espera da espinha e do rabo do “chicharrinho assado na sertã” (2008: 77); a cadela parideira que nunca considerou o seu corpo “res publica” (2008: 86), a cadelinha de luxo que tem um babeiro - qual “mise en abîme”! - onde apa­rece bordado “um cachorrinho de mama tomando o seu biberão” (2008: 161) e, por fim, o cão do futuro, “novíssimo cão”, totalmente informatizado e criado “à imagem e semelhança da tecnologia de ponta ou da ponta da tec­nologia.” (2008: 107). Por outras palavras, e decifrando a obliquidade da escrita, um anti-cão ou um contra-cão… Observe-se, numa terceira fase, não só a atracção de longa data do Autor pelos cães - “A minha atracção pelos cães é muito antiga. Há certas raças, porém, que me não agradam nada. Até tenho nojo de algumas dessas espécies meio exóticas: os muito pequeninos e alguns que não têm pêlo e parecem porcos...” (2008: 69) -, mas também a pertinência da sua função - “[...] acode-me à lembrança um velho professor amante de cães como eu. Chamava-lhes povoadores de solidões acumula­das.” (2008: 92-93) -, ambas desaguando num indubitável unanimismo caní­deo, quase nos antípodas do sentimento algo disfórico nutrido por uma certa raça humana, menos generosamente qualificada devido à intrusão da ironia.

“E, depois, dava ares [a Girafa] de maior esperteza do que alguns que anda­vam nos estudos.” (2008: 24).

“Falaram todos com muita propriedade e sabedura. Eu estava entre a luzidia assistência” (2008:39).

“Muito gostei de ouvir gente tão sábia sobre a matéria tão árida, ardente como as areias do deserto.” (2008: 40).

Que nos seja lícito, para concluir esta breve nota, aflorar não só o método de trabalho do escritor açoriano, como também a presença da Ilha na antolo­gia em pauta. No que respeita ao primeiro ponto, a “Nota Prévia” parece ser sobejamente esclarecedora ao alertar o leitor de todas as idades para o traba­lho incessante de depuração da escrita, identificado com um “verdadeiro cal­vário… […] sofrendo muitas alterações, cortes e acrescentos” (2008: 10). Escrita ou reescrita? No tocante ao segundo ponto, a Ilha constitui trampolim para o lirismo invadente, para a saudade inefável que Afrânio Gaudêncio aprende a definir: “Repercutiu-se-lhe então de imediato e de novo o som dos três berros. […] Três urros doídos. Em jeito de despedida. Nunca mais se podia esquecer. […] E ficarão doendo para o resto da vida. Assim acontece a todo o ilhéu desilhado. A Ilha é implacável. E vinga-se.” (2008: 162).

Livro de cães ilhéus e continentais (não falando dos estrangeiros…) para miúdos e graúdos, histórias para netos e avós e para pais e filhos, Cães Letrados só não será lido por quem tão-somente gostar - o que não deixa de ser insalubremente redutor... - de gatos literatiqueiros ou, pior ainda, de feli­nos estagnados na aliteracia.



Maria do Rosário Girão Ribeiro dos Santos

MARIA DO ROSÁRIO GIRÃO RIBEIRO DOS SANTOS doutorou-se na Universidade do Minho, com uma tese intitulada À sombra de Baudelaire. Estudo da recepção de Baudelaire na Literatura Portuguesa. De finais do Romantismo ao Modernismo. Desde então, tem vindo a leccionar disciplinas no âmbito da Literatura Comparada, Literatura Portuguesa/Literatura Francesa e Literatura e Mito, e a orientar teses de
Mestrado e de Doutoramento. O seu último livro de ensaios (no prelo) intitula-se MonsieurProust: o homem das leituras solitári

Bucareste, 4 de Março de 2009

Maia, 24 de Março de 2009

sexta-feira, 31 de julho de 2009

O escultor Eugénio Macedo junto do cartaz que anuncia a homenagem a Agostinho da Silva. Figueira de Castelo Rodrigo - 2009.

NÓS - 1969, Duarte & Ciríaco, Canções Populares. Lado A - Naufrágio, de Cristóvão de Aguiar.





















SONOPLAY - SON. 100.002 - 1969

Lado A
Naufrágio (música popular/letra de Cristóvão Aguiar)

"Canção de Embalar" (popular)

Lado B
Estrada Real (Duarte Brás/Fausto José)

Trova A Este Vilancete (Ciríaco/F de Sousa/Séc. XVI)

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Stand/sucateira continua ilegalmente aberto ao público. Câmara e autoridades continuam a fechar os olhos...


Eugénio Macedo esculpe ao vivo monumento dedicado a Agostinho da Silva, em frente da casa da cultura de Figueira de Castelo Rodrigo.

O monumento está a ser esculpido, ao vivo, na Praça Serpa Pinto em Figueira de Castelo Rodrigo e depois será colocado em Barca D´Alva, onde perpetuará um dos mais insignes filhos da região.
Parabéns aos autarcas que apoiam este evento e, em especial, ao mestre Eugénio Macedo. O maior artista que conheço.
Clique Para Conhecer Melhor Agostinho da Silva

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Cozinha de escritores: SINOPSE DO EVENTO

Ao longo do tempo, Coimbra - cidade do conhecimento e da universidade – teve o privilégio de acolher prestigiados nomes da literatura portuguesa.
De igual modo, são várias as referências encontradas em obras literárias a refeições memoráveis descritas por grandes escritores portugueses.
É com este espírito de simbiose entre a literatura e a gastronomia que a Turismo de Coimbra, E.M.se orgulha de apresentar a primeira edição de “Cozinha de Escritores – Semana Gastronómica deCoimbra”.
Partindo da descoberta de referências gastronómicas em obras dos escritores Eça de Queirós,Miguel Torga e Cristóvão de Aguiar foi realizada uma selecção de pratos tradicionais portugueses que serão reinventados com a mestria dos chefes de cozinha dos mais de 20 restaurantes da cidade de Coimbra que decidiram aderir à iniciativa.
Assim, de 3 a 12 de Julho, a população residente e visitante de Coimbra poderá degustar preciosas iguarias gastronómicas que já deliciaram Eça, Torga e Aguiar, em contacto directo com as respectivas passagens literárias onde surgem mencionadas.
Os restaurantes aderentes estão dispersos por Coimbra e serão devidamente identificados por sinalética exterior alusiva ao evento. Cada um dos espaços disponibilizará aos clientes uma ementa especial com algumas das criações seleccionadas, durante os 12 dias consecutivos desta semana gastronómica. Ao almoço e ao jantar será possível degustar refeições intemporais, numa viagem pelo mundo literário de obras marcantes dos séculos XIX, XX e XXI.

Cyrano de Bergerac

Cyrano de Bergerac
Eugénio Macedo - 1995

TANTO MAR

A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.

Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.

Manuel Alegre
Pico 27.07.2006