[…] “És do Sporting ou do Benfica?
Fiquei
meio embatucado, mas, ao verificar que ele esperava com sofreguidão a minha
resposta, tornei-me adepto dos leões mais para lhe agradar que por convicção.
Mais radiante não poderia ter ficado. A minha adesão, que com o tempo se tornou
em lagartite aguda, vinha acrescentar a
família leonina da pensão, já de si a mais numerosa e aguerrida, mas sem
fanatismos…
Assim
investido do meu novo estatuto de sportinguista, escutei a segunda parte do
relato do Freitas com outro propósito e outra fé. Nunca os cinco violinos tocaram tão maravilhosamente a partitura da
sinfonia que se desenvolvia na dianteira como naquela tarde de domingo,
decerto em homenagem ao novel apoiante… Até o Azevedo, o melhor Keeper português de todos os tempos, no
dizer acalorado do Estanislau, defendeu um penalty,
indecentemente marcado pelo liner e confirmado pelo árbitro do desafio. Garantiu
depois o Estanislau que o Rogério havia chutado a bola para o lado contrário do
guarda-redes. Ao aperceber-se do facto, em pleno voo, o Azevedo virou-se no ar
e ainda conseguiu agarrar o esférico quase a entrar, a meia altura, rente ao
poste esquerdo da baliza.
O último golo do Sporting – um golão,
como exemplificou o Estanislau, no quarto, por entre as camas—surgiu pouco
antes do apito final: A bola vem por alto, é cabeceada em direcção a Albano,
finta dois adversários, dá um toque para Vasques, Vasques avança, tenta
desmarcar-se, passa a Jesus Correia, lateraliza para Travassos, tenta rematar,
a bola embate num back benfiquista,
ressalta, vem parar a Peyroteo, há perigo, Peyroteo avança, entra na grande
área, vai rematar, remata fortíssimo e… go… gooooolo do Spor…ting, golo sem
defesa de Peyroteo; Sporting três, Benfica um; bola no centro do terreno,
Espírito Santo reinicia a partida, atrasa para Francisco Ferreira… e neste
momento dá o árbitro por findo o desafio entre os dois maiores do futebol
português…” […]