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domingo, 30 de agosto de 2009
Meimão - 2009. Estudo do Monumento ao (I)Emigrante. Escultura em granito por Eugénio Macedo
Eugénio Macedo esculpe dois monumentos em simultâneo: o E(i)migrante em Meimão e Agostinho da Silva em Barca D´Alva.
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Secção: escultura, Eugénio Macedo
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Eugénio Macedo conquista com muito mérito a capa do jornal Nova Guarda, de 19 de Agosto de 2009.
Eugénio Macedo, esculpindo ao vivo, em plena Feira das Actividades Económicas de Figueira de Castelo Rodrigo, Agosto de 2009.
Ensaísta recordado em Barca D’AlvaUma escultura para homenagear Agostinho da Silva
Quem visitou a 12ª Feira das Actividades Económicas de Figueira de Castelo Rodrigo pode ver Eugénio Macedo a executar ao vivo a escultura de Agostinho da Silva, que irá ser colocada em Barca D’Alva, aldeia onde o filósofo, poeta e ensaísta português viveu alguns anos. O projecto é do Município de Figueira, que vai homenagear Agostinho da Silva com a instalação da escultura naquela localidade, onde, de resto, foi já descerrada uma placa comemorativa do centenário do seu nascimento, em 2006.
De um grande bloco de granito está a nascer uma escultura em homenagem a Agostinho da Silva, um grande pensador que viveu alguns anos em Barca D’Alva, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. A peça está a ser trabalhada por Eugénio Macedo, um artista multifacetado com trabalho reconhecido.
Trata-se de um projecto da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo, que pretende prestar uma homenagem ao filósofo, colocando uma escultura de Agostinho da Silva em Barca D'Alva, onde, de resto, também já existe uma placa comemorativa do seu centenário, descerrada durante as comemorações dos 250 anos da Região Demarcada do Douro.
A escultura deve ficar pronta em breve, estando a sua inauguração prevista para antes das eleições Autárquicas de 11 de Outubro.
Segundo o artista, a escultura “tem tamanho real” e é esculpida em granito de Figueira. Para a criar, Eugénio Macedo não se serviu de qualquer maqueta ou molde. Este escultor de grandes dimensões e desafios faz a escultura de imediato no granito, acreditando num resultado “muito positivo”.
Neste momento, Eugénio Macedo está a executar, em simultâneo, uma outra escultura para Meimão, que deverá entregar no início de Setembro. Nesta localidade do concelho de Penamacor, a Junta de Freguesia pretende homenagear os emigrantes com uma escultura de três metros de altura, que tem estado a ser moldada por Eugénio Macedo.
Infância em Barca D’Alva
Nascido no Porto a 13 de Fevereiro de 1906, George Agostinho Baptista da Silva viveu os primeiros anos da sua vida em Barca D’Alva, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. Estudou no Porto, onde se formou em Filologia Clássica, e, depois de passar pela Escola Normal Superior de Lisboa, foi para Paris, como bolseiro. Com 27 anos, regressou a Portugal para dar aulas no Liceu de Aveiro, onde esteve apenas dois anos, acabando por ser demitido por questões políticas. Esteve preso no Aljube (Lisboa) devido a polémicas com o Estado Novo e a Igreja Católica, optando por se exilar no Brasil, onde co-fundou as universidades federais de Paraíba, Santa Catarina e Brasília.
Agostinho da Silva morreu a 3 de Abril de 1994, em Lisboa, deixando uma vasta obra, que inclui textos pedagógicos, ensaios filosóficos, novelas, artigos, poemas, estudos sobre História e cultura e as suas reflexões sobre a religião. O seu pensamento combina elementos de panteísmo, milenarismo e ética da renúncia, afirmando a liberdade como a mais importante qualidade do ser humano. Pode ser considerado um filósofo prático e empenhado, através da sua vida e obra, na mudança da sociedade.
Por: Fátima Monteiro
Segundo o artista, a escultura “tem tamanho real” e é esculpida em granito de Figueira. Para a criar, Eugénio Macedo não se serviu de qualquer maqueta ou molde. Este escultor de grandes dimensões e desafios faz a escultura de imediato no granito, acreditando num resultado “muito positivo”.
Neste momento, Eugénio Macedo está a executar, em simultâneo, uma outra escultura para Meimão, que deverá entregar no início de Setembro. Nesta localidade do concelho de Penamacor, a Junta de Freguesia pretende homenagear os emigrantes com uma escultura de três metros de altura, que tem estado a ser moldada por Eugénio Macedo.
Infância em Barca D’Alva
Nascido no Porto a 13 de Fevereiro de 1906, George Agostinho Baptista da Silva viveu os primeiros anos da sua vida em Barca D’Alva, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. Estudou no Porto, onde se formou em Filologia Clássica, e, depois de passar pela Escola Normal Superior de Lisboa, foi para Paris, como bolseiro. Com 27 anos, regressou a Portugal para dar aulas no Liceu de Aveiro, onde esteve apenas dois anos, acabando por ser demitido por questões políticas. Esteve preso no Aljube (Lisboa) devido a polémicas com o Estado Novo e a Igreja Católica, optando por se exilar no Brasil, onde co-fundou as universidades federais de Paraíba, Santa Catarina e Brasília.
Agostinho da Silva morreu a 3 de Abril de 1994, em Lisboa, deixando uma vasta obra, que inclui textos pedagógicos, ensaios filosóficos, novelas, artigos, poemas, estudos sobre História e cultura e as suas reflexões sobre a religião. O seu pensamento combina elementos de panteísmo, milenarismo e ética da renúncia, afirmando a liberdade como a mais importante qualidade do ser humano. Pode ser considerado um filósofo prático e empenhado, através da sua vida e obra, na mudança da sociedade.
Por: Fátima Monteiro
Publicado por Lapa às 18:46:00 2 comentários
Secção: Agostinho da Silva, escultura, Eugénio Macedo, HISTÓRIA DE PORTUGAL, Notícias
Vilar-Maior / Sabugal - 1998. Painel granítico monumental, esculpido por Eugénio Macedo.
Publicado por Lapa às 18:42:00 0 comentários
Secção: escultura, Eugénio Macedo, Soito / Sabugal
Tasca D´El Rei,1997- 2009, Alfaiates-Sabugal, por Eugénio Macedo.
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Secção: escultura, Eugénio Macedo, Soito / Sabugal
sábado, 8 de agosto de 2009
Apresentação em Bucareste e na Maia de "Cães Letrados", de Cristóvão de Aguiar. (Calendário, 2008)
Rumo a uma tipologia canídea…
Revisitemos as palavras de Eloísa Alvarez (porta-voz do Júri do “Prémio Literário de Miguel Torga”), transcritas no “Prólogo” de A Tabuada do Tempo; a lenta narrativa dos dias: “A aparente insignificância de cada instante do dia ou da noite é transcendida por Cristóvão de Aguiar com a paixão de quem vive esses momentos como se fossem os últimos, os decisivos da sua vida: ungindo-os - como se de um feito religioso de tratasse - com o amor, numa sacralização invasora que inclui quer o erotismo referido a Ela, quer o humanismo com que contempla o Outro, um Outro que, além de incluir o Homem, contempla também os bichos […].” (Coimbra, Livraria Almedina, 2007: 11).
E é, com efeito, de bichos que se trata, não de Bichos, de Miguel Torga (ao qual o professor, o escritor, o novelista e o linguista não raro rende preito), mas tão-só de cães, esses “inseparáveis e afectuosos companheiros” da infância e juventude do Autor (2008: 10). Se nos detivermos, aliás, no título desta belíssima antologia - Cães Letrados -, revelando à saciedade a feliz osmose entre canidade e humanidade, se atentarmos nas três epígrafes de Jean Genet, de Simone de Beauvoir e de Victor Hugo, remetendo para uma concepção mítica da infância como “idade de ouro”, e se nos quedarmos na dedicatória “Para os meus netos”, não se tornará difícil privilegiar um duplo protocolo de leitura, visando dois ‘tipos’ de público-alvo: o leitor jovem (infantil e adolescente) e o leitor adulto; o leitor ingénuo, afeiçoado às histórias comovedoras de cães, e o leitor crítico, cuja experiência (que, segundo Oscar Wilde, é o nome que damos aos nossos erros...) não hesita em escavar na superfície do texto um ou outro trilho hermenêutico, mais ou menos consciente e profundo, voluntariamente traçado ou não... Configurando, de modo indubitável, o sentido imanente e a estrutura profunda – o fenotexto e o genotexto – , os títulos das dezoito novelas (não ao acaso respigados) tanto reenviam para os nomes dos caninos cuja trajectória existencial não deixa de ser narrada, como para uma reinvenção taxinómica dos Canídeos, a que não é alheia a sátira social.
No primeiro caso, o dos títulos epónimos, deparamos com genuínos bilhetes de identidade - que as talentosas ilustrações de André Caetano firmam em definitivo - de cães e de cadelas de estimação cuja genealogia - “Nasceu [a Pantera] há quatro anos.” (2008: 135) - a memória do Autor - que o “baú” metaforiza (2008: 137) - cristalizou em lugares de memória revisitados pela palavra. É o caso de A Girafa, “cadela branca, atravessada de galgo” (2008: 23), detentora do faro mais apurado de Tronqueira; é o caso do Alex que, numa das suas saídas de cariz sentimental e de matriz erótica, é vítima de morte por atropelamento; é o caso do Adónis (e repare-se na consciência cratiliana da linguagem...) que, ao longo da viagem, em segunda classe, no Inter-Regional entre Lisboa e Coimbra, se torna o centro de atenções, mercê dos seus balbucios caninos de estirpe aristocrática, dos militares regressando aos quartéis; é o caso do Isquininho, inventor do novo método de esvaziar gamelas graças à sua imobilização: “Passou a pôr uma pata no fundo da gamela e assim ela ficava mais que segura ao chão. E comia o resto da paparoca à vontade e em sossego...” (2008: 62); é o caso do Ligeiro, “rasteirinho e de cauda enroscada em jeito de ponto de interrogação” (2008: 77), que sacrificialmente aprende os riscos da falácia da sedução, simbolizada pelas pelezinhas de chouriço: “Ao abrir a boca, já com as peles a roçarem-lhe o focinho, tornou a apanhar um cachação. [...] ‘caim, caim, caim’, o rabo murcho, correu a bom correr, [...]” (2008: 79-80); é o caso da Regina Cadela, parideira de profissão e perita, por excelência, na arte da fuga matreira à actividade caninamente vigilante das autoridades do município: “A cadela-mãe sobrevivia sempre às investidas regulares dos funcionários municipais [...] ” (2008: 86); é o caso do Schwarz, cão expatriado que, forçado pelo dono a reaprender a sua língua pátria, vai gradualmente conhecendo as tristes etapas da gaguez no latir, tornando-se motivo de chacota para os seus congéneres - “o Schwarz cada vez mais gago, entristecido e neurasténico...” - e debitando mal a língua de Lutero (2008: 116); é o caso do Valente, pastor alemão de envergadura, cuja fera intrepidez se vê premiada com uma injecção letal e subsequente viagem gratuita rumo à eternidade dos Canídeos: “Perdi um amigo e a minha casa um excelente guarda!” (2008: 130); é, por fim, o caso da Pantera, esse “grand danois” a caminho do matadouro por sofrer de doença perigosa; da Petruskazinha, pekinois de luxo instigado pela ‘mamã’ Susana a comer o bifinho a bordo do Carvalho de Araújo, e da Andorinha que, no colchão do autor-narrador alferes, dá à luz, com intervalos de quinze, vinte minutos, seis filhotes, sendo o último “uma fêmea com parecenças com a mãe enquanto jovem cachorra...” (2008: 171).
Destarte, estão os dados lançados para o escorço de uma segunda linha de leitura, que passa obrigatoriamente pela animização e personificação do canino, mediante a adjectivação, a adaptação, a comparação, o contraste e a hipálage, desembocando na caracterização indirecta de todo o ser humano (mais ao nível da etopeia – descrição caracterológica – do que da prosopografia - descrição física) dono de um “cão letrado”... Assim sendo, é a “família humana” do Alex que, após o seu passamento, traja lutuosamente (2008: 40); é o José Jacinto que se vê invadido por sentimentos específicos de um “dono coruja” (2008: 69); é a Girafa que, ao invés da senhora dona Amelinha Costa, assolada pela avareza, se não coíbe de repartir o “prato das sopas de leite desnatado com o gato maltês” (2008: 25) e é o Isquininho, cão “fiel e honrado”, que, por graça divina, é agraciado com uma “Morte serena” (2008: 63). Do mesmo modo, o Schwarz, contrariamente à Maria do Socorro, declina o desejo acalentado pelo Senhor de Simas de aprender a sua língua; a Petruska espelha caracterologicamente, graças à ambiguidade de onde o lúdico não desertou, a sua dona Susana, amante de “ternura e cócegas” (2008: 161); por fim, os cães das Letras contemplam “os humanos […] com um acento tónico de sílabas de um verso bem escandido” (2008: 101), enquanto os da Faculdade de Direito se impõem pela sua sumptuosidade (2008: 108). De realçar, neste contexto específico, o recurso a certas expressões convencionais, convocando a tradição cristã, que inusitadamente contemplam determinados momentos da vida canídea: a Girafa humaniza-se ao receber o sacramento do baptismo, sendo esta humanização corroborada, na hora da sua morte, pela derradeira invocação: “dai-lhe, Senhor, o eterno descanso, entre o resplendor da luz perpétua...” (2008: 34); por sua vez, não se furta o narrador a clamar “Paz à sua alma” na altura em que o Valente entrega a alma ao Criador (2008: 130) e a rogar a Deus que dê “uma boa morte” à Pantera (2008: 138).
Por intermédio de uma inversão semanticamente pejorativa, o universo parece transfigurar-se em “mundo cão” (2008: 138), habitado pelo “bicho-careta” (2008: 86) que é o homem. É, então, que irrompe a sátira social, sob forma de crítica à mentalidade estreita, sobrelevando a raça canina o ser humano: a Girafa, ao ter impudentemente relações sexuais, em público, com o galã do Calçado, escandaliza as beatas angelicais que, lestas, se encaminham para o ofício matutino (2008: 27); um rafeiro, cão da esplanada, não refreia o desejo súbito de montar a sua amada, indiferente à turba preconceituosa, mas minada pela sensualidade (2008: 91); a municipalidade, cuja palavra de ordem se resume eticamente a preservar os “bons costumes”, apressa-se a desinçar a via pública da indesejada descendência da Regina Cadela (2008: 85); o cão do mestre Oliveira, baptizado de Polícia, torna-se, à imagem do seu dono, mestre em morder o policial Beliboga (2008: 146), situação caricata prenunciada pelo título Cão-Polícia ou vice-versa. A par da sátira, insiste a paródia em fazer a sua aparição em cena, mormente no tocante a esse hipotexto que é a erudição balofa, o discurso universitário hermético, o casticismo de um ‘catecismo’ em desuso e o ensino que privilegia menos a reflexão salutar do que o ‘afinado’ papagueamento de verdades desactualizadas. A partir dos “cães atascados em literatura” (2008: 152) e dos “canídeos das filologias menos clássicas” (2008: 102) jorra, paulatinamente, um humorístico hipertexto (com “nuances” genettianas) denunciando quer “um dos muitos arquétipos de um arquitexto exemplificativo de certos ladrares linguísticos de alguns cães e cadelas da semiótica” (2008: 103), quer “certas reminiscências estruturalistas no ladrar de alto” (2008: 102). Por um lado, o “professor transfigurado”, especialista na transmissão pseudo-pedagógica das grandes correntes da crítica; por outro, o “coro dos falantes” cantores, bons assimiladores da matéria trauteada (2008: 152). O resultado, “estupidamente real” (Idem), mais não é do que um amontoado lexical delirante, a desembocar no galimatias ou, talvez, no anfiguri, repassado (s) de conceitos teóricos descontextualizados e de absurdas abstracções teoréticas (2008:102). Do seio deste aranzel sobressaem tanto a parte prática da “teoria poética do luar” (2008: 151), exemplificada por um fragmento comicamente aliterativo - “Os lúbricos cães e as cadelas aluadas ululam lugubremente à lua… Os lú-bri-cos… a-lu-a-das… u-lu-lam… lu-gu-bre-mente… lu-a…” (2008: 151) -, como uma crítica velada ao decadentismo-simbolismo português (cujo corifeu foi Eugénio de Castro ao dar ao prelo os Oaristos) que, em vez de simbolismo genuíno e inovador (revisite-se Camilo Pessanha…), se ficou pela quintessência do parnasianismo...
Retomando as duas linhas de leitura que se têm vindo gradualmente a esboçar, indiferentes não podemos ficar à reinvenção canina a que procede Cristóvão de Aguiar. Na verdade, longe vão os tempos em que a canzoada se diferençava pelo pedigree, subdividindo-se em cães vadios ou rafeiros, em cães aristocratas ou de raça, podendo esta última categoria abarcar os galgos, os danois, os huskies e os pastores alemães, retratados com mestria no texto-imagem de André Caetano. Ora, em Cães Letrados, o conceito de canidade é diversamente (e enriquecedoramente...) abordado e sistematizado. Destaque-se, em primeiro lugar, a seguinte tetralogia canídea: “Cães de Esplanada”, “Cães Universitários”, “Cão-Polícia ou Vice-Versa” e “Cães Cantores”; atente-se, numa segunda etapa, no estudo denodado da caracterologia canídea conducente a uma taxinomia inédita: a cadela que se pauta pelos famosos relógios Longines e para a qual “o meio-dia era sagrado” (2008: 29); a cadelinha grávida que só aparece de manhã e à noite para cumprimentar o dono da casa - que não é o seu dono... - e os cinco colegas que nela residem (2008: 45); o cachorrinho que desfruta, com uma estudante, das Lições de pediatria, virando as folhas com a patinha direita e escapando ao pagamento de meio bilhete no Inter-Regional (2008: 54-55); o canino que se vai mantendo vivo até ao regresso dos donos da América (2008: 63); o cãozinho de orelha fita à espera da espinha e do rabo do “chicharrinho assado na sertã” (2008: 77); a cadela parideira que nunca considerou o seu corpo “res publica” (2008: 86), a cadelinha de luxo que tem um babeiro - qual “mise en abîme”! - onde aparece bordado “um cachorrinho de mama tomando o seu biberão” (2008: 161) e, por fim, o cão do futuro, “novíssimo cão”, totalmente informatizado e criado “à imagem e semelhança da tecnologia de ponta ou da ponta da tecnologia.” (2008: 107). Por outras palavras, e decifrando a obliquidade da escrita, um anti-cão ou um contra-cão… Observe-se, numa terceira fase, não só a atracção de longa data do Autor pelos cães - “A minha atracção pelos cães é muito antiga. Há certas raças, porém, que me não agradam nada. Até tenho nojo de algumas dessas espécies meio exóticas: os muito pequeninos e alguns que não têm pêlo e parecem porcos...” (2008: 69) -, mas também a pertinência da sua função - “[...] acode-me à lembrança um velho professor amante de cães como eu. Chamava-lhes povoadores de solidões acumuladas.” (2008: 92-93) -, ambas desaguando num indubitável unanimismo canídeo, quase nos antípodas do sentimento algo disfórico nutrido por uma certa raça humana, menos generosamente qualificada devido à intrusão da ironia.
“E, depois, dava ares [a Girafa] de maior esperteza do que alguns que andavam nos estudos.” (2008: 24).
“Falaram todos com muita propriedade e sabedura. Eu estava entre a luzidia assistência” (2008:39).
“Muito gostei de ouvir gente tão sábia sobre a matéria tão árida, ardente como as areias do deserto.” (2008: 40).
Que nos seja lícito, para concluir esta breve nota, aflorar não só o método de trabalho do escritor açoriano, como também a presença da Ilha na antologia em pauta. No que respeita ao primeiro ponto, a “Nota Prévia” parece ser sobejamente esclarecedora ao alertar o leitor de todas as idades para o trabalho incessante de depuração da escrita, identificado com um “verdadeiro calvário… […] sofrendo muitas alterações, cortes e acrescentos” (2008: 10). Escrita ou reescrita? No tocante ao segundo ponto, a Ilha constitui trampolim para o lirismo invadente, para a saudade inefável que Afrânio Gaudêncio aprende a definir: “Repercutiu-se-lhe então de imediato e de novo o som dos três berros. […] Três urros doídos. Em jeito de despedida. Nunca mais se podia esquecer. […] E ficarão doendo para o resto da vida. Assim acontece a todo o ilhéu desilhado. A Ilha é implacável. E vinga-se.” (2008: 162).
Livro de cães ilhéus e continentais (não falando dos estrangeiros…) para miúdos e graúdos, histórias para netos e avós e para pais e filhos, Cães Letrados só não será lido por quem tão-somente gostar - o que não deixa de ser insalubremente redutor... - de gatos literatiqueiros ou, pior ainda, de felinos estagnados na aliteracia.
Maria do Rosário Girão Ribeiro dos Santos
MARIA DO ROSÁRIO GIRÃO RIBEIRO DOS SANTOS doutorou-se na Universidade do Minho, com uma tese intitulada À sombra de Baudelaire. Estudo da recepção de Baudelaire na Literatura Portuguesa. De finais do Romantismo ao Modernismo. Desde então, tem vindo a leccionar disciplinas no âmbito da Literatura Comparada, Literatura Portuguesa/Literatura Francesa e Literatura e Mito, e a orientar teses de
Mestrado e de Doutoramento. O seu último livro de ensaios (no prelo) intitula-se MonsieurProust: o homem das leituras solitári
Bucareste, 4 de Março de 2009
Maia, 24 de Março de 2009
Revisitemos as palavras de Eloísa Alvarez (porta-voz do Júri do “Prémio Literário de Miguel Torga”), transcritas no “Prólogo” de A Tabuada do Tempo; a lenta narrativa dos dias: “A aparente insignificância de cada instante do dia ou da noite é transcendida por Cristóvão de Aguiar com a paixão de quem vive esses momentos como se fossem os últimos, os decisivos da sua vida: ungindo-os - como se de um feito religioso de tratasse - com o amor, numa sacralização invasora que inclui quer o erotismo referido a Ela, quer o humanismo com que contempla o Outro, um Outro que, além de incluir o Homem, contempla também os bichos […].” (Coimbra, Livraria Almedina, 2007: 11).
E é, com efeito, de bichos que se trata, não de Bichos, de Miguel Torga (ao qual o professor, o escritor, o novelista e o linguista não raro rende preito), mas tão-só de cães, esses “inseparáveis e afectuosos companheiros” da infância e juventude do Autor (2008: 10). Se nos detivermos, aliás, no título desta belíssima antologia - Cães Letrados -, revelando à saciedade a feliz osmose entre canidade e humanidade, se atentarmos nas três epígrafes de Jean Genet, de Simone de Beauvoir e de Victor Hugo, remetendo para uma concepção mítica da infância como “idade de ouro”, e se nos quedarmos na dedicatória “Para os meus netos”, não se tornará difícil privilegiar um duplo protocolo de leitura, visando dois ‘tipos’ de público-alvo: o leitor jovem (infantil e adolescente) e o leitor adulto; o leitor ingénuo, afeiçoado às histórias comovedoras de cães, e o leitor crítico, cuja experiência (que, segundo Oscar Wilde, é o nome que damos aos nossos erros...) não hesita em escavar na superfície do texto um ou outro trilho hermenêutico, mais ou menos consciente e profundo, voluntariamente traçado ou não... Configurando, de modo indubitável, o sentido imanente e a estrutura profunda – o fenotexto e o genotexto – , os títulos das dezoito novelas (não ao acaso respigados) tanto reenviam para os nomes dos caninos cuja trajectória existencial não deixa de ser narrada, como para uma reinvenção taxinómica dos Canídeos, a que não é alheia a sátira social.
No primeiro caso, o dos títulos epónimos, deparamos com genuínos bilhetes de identidade - que as talentosas ilustrações de André Caetano firmam em definitivo - de cães e de cadelas de estimação cuja genealogia - “Nasceu [a Pantera] há quatro anos.” (2008: 135) - a memória do Autor - que o “baú” metaforiza (2008: 137) - cristalizou em lugares de memória revisitados pela palavra. É o caso de A Girafa, “cadela branca, atravessada de galgo” (2008: 23), detentora do faro mais apurado de Tronqueira; é o caso do Alex que, numa das suas saídas de cariz sentimental e de matriz erótica, é vítima de morte por atropelamento; é o caso do Adónis (e repare-se na consciência cratiliana da linguagem...) que, ao longo da viagem, em segunda classe, no Inter-Regional entre Lisboa e Coimbra, se torna o centro de atenções, mercê dos seus balbucios caninos de estirpe aristocrática, dos militares regressando aos quartéis; é o caso do Isquininho, inventor do novo método de esvaziar gamelas graças à sua imobilização: “Passou a pôr uma pata no fundo da gamela e assim ela ficava mais que segura ao chão. E comia o resto da paparoca à vontade e em sossego...” (2008: 62); é o caso do Ligeiro, “rasteirinho e de cauda enroscada em jeito de ponto de interrogação” (2008: 77), que sacrificialmente aprende os riscos da falácia da sedução, simbolizada pelas pelezinhas de chouriço: “Ao abrir a boca, já com as peles a roçarem-lhe o focinho, tornou a apanhar um cachação. [...] ‘caim, caim, caim’, o rabo murcho, correu a bom correr, [...]” (2008: 79-80); é o caso da Regina Cadela, parideira de profissão e perita, por excelência, na arte da fuga matreira à actividade caninamente vigilante das autoridades do município: “A cadela-mãe sobrevivia sempre às investidas regulares dos funcionários municipais [...] ” (2008: 86); é o caso do Schwarz, cão expatriado que, forçado pelo dono a reaprender a sua língua pátria, vai gradualmente conhecendo as tristes etapas da gaguez no latir, tornando-se motivo de chacota para os seus congéneres - “o Schwarz cada vez mais gago, entristecido e neurasténico...” - e debitando mal a língua de Lutero (2008: 116); é o caso do Valente, pastor alemão de envergadura, cuja fera intrepidez se vê premiada com uma injecção letal e subsequente viagem gratuita rumo à eternidade dos Canídeos: “Perdi um amigo e a minha casa um excelente guarda!” (2008: 130); é, por fim, o caso da Pantera, esse “grand danois” a caminho do matadouro por sofrer de doença perigosa; da Petruskazinha, pekinois de luxo instigado pela ‘mamã’ Susana a comer o bifinho a bordo do Carvalho de Araújo, e da Andorinha que, no colchão do autor-narrador alferes, dá à luz, com intervalos de quinze, vinte minutos, seis filhotes, sendo o último “uma fêmea com parecenças com a mãe enquanto jovem cachorra...” (2008: 171).
Destarte, estão os dados lançados para o escorço de uma segunda linha de leitura, que passa obrigatoriamente pela animização e personificação do canino, mediante a adjectivação, a adaptação, a comparação, o contraste e a hipálage, desembocando na caracterização indirecta de todo o ser humano (mais ao nível da etopeia – descrição caracterológica – do que da prosopografia - descrição física) dono de um “cão letrado”... Assim sendo, é a “família humana” do Alex que, após o seu passamento, traja lutuosamente (2008: 40); é o José Jacinto que se vê invadido por sentimentos específicos de um “dono coruja” (2008: 69); é a Girafa que, ao invés da senhora dona Amelinha Costa, assolada pela avareza, se não coíbe de repartir o “prato das sopas de leite desnatado com o gato maltês” (2008: 25) e é o Isquininho, cão “fiel e honrado”, que, por graça divina, é agraciado com uma “Morte serena” (2008: 63). Do mesmo modo, o Schwarz, contrariamente à Maria do Socorro, declina o desejo acalentado pelo Senhor de Simas de aprender a sua língua; a Petruska espelha caracterologicamente, graças à ambiguidade de onde o lúdico não desertou, a sua dona Susana, amante de “ternura e cócegas” (2008: 161); por fim, os cães das Letras contemplam “os humanos […] com um acento tónico de sílabas de um verso bem escandido” (2008: 101), enquanto os da Faculdade de Direito se impõem pela sua sumptuosidade (2008: 108). De realçar, neste contexto específico, o recurso a certas expressões convencionais, convocando a tradição cristã, que inusitadamente contemplam determinados momentos da vida canídea: a Girafa humaniza-se ao receber o sacramento do baptismo, sendo esta humanização corroborada, na hora da sua morte, pela derradeira invocação: “dai-lhe, Senhor, o eterno descanso, entre o resplendor da luz perpétua...” (2008: 34); por sua vez, não se furta o narrador a clamar “Paz à sua alma” na altura em que o Valente entrega a alma ao Criador (2008: 130) e a rogar a Deus que dê “uma boa morte” à Pantera (2008: 138).
Por intermédio de uma inversão semanticamente pejorativa, o universo parece transfigurar-se em “mundo cão” (2008: 138), habitado pelo “bicho-careta” (2008: 86) que é o homem. É, então, que irrompe a sátira social, sob forma de crítica à mentalidade estreita, sobrelevando a raça canina o ser humano: a Girafa, ao ter impudentemente relações sexuais, em público, com o galã do Calçado, escandaliza as beatas angelicais que, lestas, se encaminham para o ofício matutino (2008: 27); um rafeiro, cão da esplanada, não refreia o desejo súbito de montar a sua amada, indiferente à turba preconceituosa, mas minada pela sensualidade (2008: 91); a municipalidade, cuja palavra de ordem se resume eticamente a preservar os “bons costumes”, apressa-se a desinçar a via pública da indesejada descendência da Regina Cadela (2008: 85); o cão do mestre Oliveira, baptizado de Polícia, torna-se, à imagem do seu dono, mestre em morder o policial Beliboga (2008: 146), situação caricata prenunciada pelo título Cão-Polícia ou vice-versa. A par da sátira, insiste a paródia em fazer a sua aparição em cena, mormente no tocante a esse hipotexto que é a erudição balofa, o discurso universitário hermético, o casticismo de um ‘catecismo’ em desuso e o ensino que privilegia menos a reflexão salutar do que o ‘afinado’ papagueamento de verdades desactualizadas. A partir dos “cães atascados em literatura” (2008: 152) e dos “canídeos das filologias menos clássicas” (2008: 102) jorra, paulatinamente, um humorístico hipertexto (com “nuances” genettianas) denunciando quer “um dos muitos arquétipos de um arquitexto exemplificativo de certos ladrares linguísticos de alguns cães e cadelas da semiótica” (2008: 103), quer “certas reminiscências estruturalistas no ladrar de alto” (2008: 102). Por um lado, o “professor transfigurado”, especialista na transmissão pseudo-pedagógica das grandes correntes da crítica; por outro, o “coro dos falantes” cantores, bons assimiladores da matéria trauteada (2008: 152). O resultado, “estupidamente real” (Idem), mais não é do que um amontoado lexical delirante, a desembocar no galimatias ou, talvez, no anfiguri, repassado (s) de conceitos teóricos descontextualizados e de absurdas abstracções teoréticas (2008:102). Do seio deste aranzel sobressaem tanto a parte prática da “teoria poética do luar” (2008: 151), exemplificada por um fragmento comicamente aliterativo - “Os lúbricos cães e as cadelas aluadas ululam lugubremente à lua… Os lú-bri-cos… a-lu-a-das… u-lu-lam… lu-gu-bre-mente… lu-a…” (2008: 151) -, como uma crítica velada ao decadentismo-simbolismo português (cujo corifeu foi Eugénio de Castro ao dar ao prelo os Oaristos) que, em vez de simbolismo genuíno e inovador (revisite-se Camilo Pessanha…), se ficou pela quintessência do parnasianismo...
Retomando as duas linhas de leitura que se têm vindo gradualmente a esboçar, indiferentes não podemos ficar à reinvenção canina a que procede Cristóvão de Aguiar. Na verdade, longe vão os tempos em que a canzoada se diferençava pelo pedigree, subdividindo-se em cães vadios ou rafeiros, em cães aristocratas ou de raça, podendo esta última categoria abarcar os galgos, os danois, os huskies e os pastores alemães, retratados com mestria no texto-imagem de André Caetano. Ora, em Cães Letrados, o conceito de canidade é diversamente (e enriquecedoramente...) abordado e sistematizado. Destaque-se, em primeiro lugar, a seguinte tetralogia canídea: “Cães de Esplanada”, “Cães Universitários”, “Cão-Polícia ou Vice-Versa” e “Cães Cantores”; atente-se, numa segunda etapa, no estudo denodado da caracterologia canídea conducente a uma taxinomia inédita: a cadela que se pauta pelos famosos relógios Longines e para a qual “o meio-dia era sagrado” (2008: 29); a cadelinha grávida que só aparece de manhã e à noite para cumprimentar o dono da casa - que não é o seu dono... - e os cinco colegas que nela residem (2008: 45); o cachorrinho que desfruta, com uma estudante, das Lições de pediatria, virando as folhas com a patinha direita e escapando ao pagamento de meio bilhete no Inter-Regional (2008: 54-55); o canino que se vai mantendo vivo até ao regresso dos donos da América (2008: 63); o cãozinho de orelha fita à espera da espinha e do rabo do “chicharrinho assado na sertã” (2008: 77); a cadela parideira que nunca considerou o seu corpo “res publica” (2008: 86), a cadelinha de luxo que tem um babeiro - qual “mise en abîme”! - onde aparece bordado “um cachorrinho de mama tomando o seu biberão” (2008: 161) e, por fim, o cão do futuro, “novíssimo cão”, totalmente informatizado e criado “à imagem e semelhança da tecnologia de ponta ou da ponta da tecnologia.” (2008: 107). Por outras palavras, e decifrando a obliquidade da escrita, um anti-cão ou um contra-cão… Observe-se, numa terceira fase, não só a atracção de longa data do Autor pelos cães - “A minha atracção pelos cães é muito antiga. Há certas raças, porém, que me não agradam nada. Até tenho nojo de algumas dessas espécies meio exóticas: os muito pequeninos e alguns que não têm pêlo e parecem porcos...” (2008: 69) -, mas também a pertinência da sua função - “[...] acode-me à lembrança um velho professor amante de cães como eu. Chamava-lhes povoadores de solidões acumuladas.” (2008: 92-93) -, ambas desaguando num indubitável unanimismo canídeo, quase nos antípodas do sentimento algo disfórico nutrido por uma certa raça humana, menos generosamente qualificada devido à intrusão da ironia.
“E, depois, dava ares [a Girafa] de maior esperteza do que alguns que andavam nos estudos.” (2008: 24).
“Falaram todos com muita propriedade e sabedura. Eu estava entre a luzidia assistência” (2008:39).
“Muito gostei de ouvir gente tão sábia sobre a matéria tão árida, ardente como as areias do deserto.” (2008: 40).
Que nos seja lícito, para concluir esta breve nota, aflorar não só o método de trabalho do escritor açoriano, como também a presença da Ilha na antologia em pauta. No que respeita ao primeiro ponto, a “Nota Prévia” parece ser sobejamente esclarecedora ao alertar o leitor de todas as idades para o trabalho incessante de depuração da escrita, identificado com um “verdadeiro calvário… […] sofrendo muitas alterações, cortes e acrescentos” (2008: 10). Escrita ou reescrita? No tocante ao segundo ponto, a Ilha constitui trampolim para o lirismo invadente, para a saudade inefável que Afrânio Gaudêncio aprende a definir: “Repercutiu-se-lhe então de imediato e de novo o som dos três berros. […] Três urros doídos. Em jeito de despedida. Nunca mais se podia esquecer. […] E ficarão doendo para o resto da vida. Assim acontece a todo o ilhéu desilhado. A Ilha é implacável. E vinga-se.” (2008: 162).
Livro de cães ilhéus e continentais (não falando dos estrangeiros…) para miúdos e graúdos, histórias para netos e avós e para pais e filhos, Cães Letrados só não será lido por quem tão-somente gostar - o que não deixa de ser insalubremente redutor... - de gatos literatiqueiros ou, pior ainda, de felinos estagnados na aliteracia.
Maria do Rosário Girão Ribeiro dos Santos
MARIA DO ROSÁRIO GIRÃO RIBEIRO DOS SANTOS doutorou-se na Universidade do Minho, com uma tese intitulada À sombra de Baudelaire. Estudo da recepção de Baudelaire na Literatura Portuguesa. De finais do Romantismo ao Modernismo. Desde então, tem vindo a leccionar disciplinas no âmbito da Literatura Comparada, Literatura Portuguesa/Literatura Francesa e Literatura e Mito, e a orientar teses de
Mestrado e de Doutoramento. O seu último livro de ensaios (no prelo) intitula-se MonsieurProust: o homem das leituras solitári
Bucareste, 4 de Março de 2009
Maia, 24 de Março de 2009
Publicado por Lapa às 00:25:00 2 comentários
Secção: Cães Letrados, críticas literárias
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TANTO MAR
A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.
Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.
Manuel Alegre
Pico 27.07.2006
do qual este poema começou a nascer.
Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.
Manuel Alegre
Pico 27.07.2006