segunda-feira, 30 de junho de 2008

43- Câmara municipal de Coimbra...Cabovisão; Estradas de Portugal; Câmara municipal de Coimbra...

A Câmara continua a encobrir o licenciamento da cabovisão num terreno particular...? em zona de estrada...anteriormente expropriado por utilidade pública?, quer a nascente I C2, quer a poente- Estrada camarária..., da sucateira ilegal, à estação velha em Coimbra.
O denunciante é que não tem credibilidade?...
Só faltava mais esta...
A cadeia não se fez para os cães...

Obrigado Brasil. Vocês são os meus melhores visitantes...

domingo, 29 de junho de 2008

O PODIUM SCRIPTAE APOIA A ESPANHA NA FINAL DO EUROPEU DE FUTEBOL 2008.


Plantilla
Porteros
1 Iker Casillas
13 Andrés Palop
23 Pepe Reina

Defensas
2 Raúl Albiol
3 Fernando Navarro
4 Carlos Marchena
5 Carles Puyol
11 Joan Capdevila
15 Sergio Ramos
18 Álvaro Arbeloa
20 Juanito

Centrocampistas
6 Andrés Iniesta
8 Xavi Hernández
10 Cesc Fàbregas
12 Santi Cazorla
14 Xabi Alonso
19 Marcos Senna
22 Rubén de la Red

Delanteros
7 David Villa
9 Fernando Torres
16 Sergio García
17 Daniel Güiza
21 David Silva »

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Exposição “Palavras da Terra” na Biblioteca Pública e Arquivo Regional em Ponta Delgada 2006 e um pouco por todo o Planeta.

Fotografia: GaCS/BPARPD
















A literatura é uma outra forma de paisagem. Mas nem por isso a geografia verdadeira lhe é indiferente. Muitos dos nossos autores escreveram sobre Portugal, e recriaram nas suas obras uma geografia literária tão colorida e variada como a outra.

É desses contrastes que esta exposição pretende falar - por imagens e por palavras. Tão diverso como o Norte e o Sul, as terras altas e as terras baixas, o litoral e o interior, é o retrato de Portugal que cada autor nos deixou - bucólico, sarcástico, nostálgico ou visionário.

Ao ler os seus escritores portugueses, descubra nos seus livros a outra paisagem da sua terra.

Minho : Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis, Pedro Homem de Melo, Guerra Junqueiro.
Trás-os-Montes : Teixeira de Pascoaes, Trindade Coelho, Miguel Torga.
Douro Litoral : Ruben A., José Régio, António Nobre, Raul Brandão, Agustina Bessa-Luís.
Douro : João de Araújo Correia, Agustina Bessa-Luís, Eça de Queiroz.
Beira Litoral : Camilo Pessanha, João José Cochofel, Eça de Queiroz, Manuel Alegre.
Beira Interior : Branquinho da Fonseca, Aquilino Ribeiro, Vergílio Ferreira.
Estremadura : José Rodrigues Miguéis, Sebastião da Gama, David Mourão-Ferreira, Fernando Pessoa (Álvaro Campos).
Ribatejo : Almeida Garrett, Soeiro Pereira Gomes, Rebelo da Silva.
Alentejo : Manuel da Fonseca, Fialho de Almeida, Florbela Espanca, Urbano Tavares Rodrigues.
Algarve : Raul Brandão, Lídia Jorge, Manuel Teixeira Gomes, João Lúcio.
Madeira : João Brito Câmara, Edmundo Bettencourt, Helena Marques.
Açores : Antero de Quental, Vitorino Nemésio, Natália Correia, Cristovão de Aguiar.

Responsável Científica : Clara Crabbé Rocha
Design : José Brandão / Mónica Mendes (Atelier B2)
Fotografia : Nuno Calvet
Produzido : Instituto Português do Livro e das Bibliotecas / 1998

É constituída por 25 cartazes plastificados.

BRASIL:
Minas Gerais :Em comemoração ao Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas - dia 10 de junho - foi aberta a exposição Palavras da Terra, no Anexo Prof. Francisco Iglesias, da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa. Ela fica em cartaz até o dia 4 de julho, e a entrada é franca.
FRANÇA:
Paris.
ALGARVE:
Faro.
SENEGAL:
Dacar.
Visita guiada à exposição Palavras da Terra
A exposição «Palavras da Terra» esteve aberta ao público de 28 de Março a 24 de Abril, na Biblioteca do CLP/IC da Faculdade de Letras e Ciências Humanas da Universidade Cheikh Anta Diop (UCAD) de Dacar.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

ÍNDICE ONOMÁSTICO, do livro Miguel Torga o Lavrador das Letras, Almedina 2007. "Um pequeno livro, mas rico em testemunho"

Índice onomástico:
Fernando Aires 49
Luís Albuquerque 30
Manuel Alegre 51
António Alferes 47
Henri Frédéric Amiel 68
António Arnaut 21, 56
Agustina Bessa-Luís 31
Edmundo Bettencourt 81
Senhor Botelho 28
Bertold Brecht 67
Luís de Camões 59
António Campos 21
Martins de Carvalho 40, 61, 85
Raul Carvalho 51
Camilo Castelo Branco 31
Cardeal Cerejeira 84
Miguel de Cervantes 61
Natália Correia 44,45
Luísa Dacosta 49
Júlio Dinis 37
Eurípedes 67
Serafim Ferreira 54
Vergílio Ferreira 37
Branquinho da Fonseca 81
Irmão Francisco 33
Almeida Garrett 37, 69
Johann Wolfgang Von Goethe 67
Álvaro Guerra 21
Artur João 26
Ben Johnson 67
Silva Júnior 21
Immanuel Kant 67
Manuel Laranjeira 49
Garcia Lorca 67
Filho Luís 76
Viriato Madeira 21
José Manuel de Aguiar 16, 24
Molière (Pseudónimo de Jean-Baptiste Poquelin) 67
José Eduardo Moniz 38
Joaquim Namorado 30
Vitorino Nemésio 31,34, 37, 42, 50
Friedrich Nietzsche 67
Fernando Pessoa 44
Loja das Pintas 28
Carlos Pinto 17
Eduardo Prado Coelho 52
Eça de Queirós 13, 37
Antero Quental 59
Paulo Quintela 25, 26, 28, 31, 32, 34, 35, 36, 51, 61, 62, 63, 64
José Régio 62, 67, 68, 69
Carlos Reis 33, 34
António Resende 54
Aquilino Ribeiro 37
Adolfo Correia Rocha 57, 61, 80
Nelly Sachs 67
Mário do Sacramento 30
Jorge Sampaio 39
José Saramago 55
May Sarton 68
João Gaspar Simões 31
Mário Soares 25, 39
Sófocles 67
General Spínola 26
Miguel de Unamuno 61
Fernando Vale 39
Paula Valente 17
Padre Valentim 27, 66
Paul Valery 35
Gil Vicente 67
Virginia Woolf 68

PS ─ Não introduzi, neste índice, o nome de Miguel Torga, porque aparece mais de cem vezes. Além disso, o livro é sobre ele.

terça-feira, 17 de junho de 2008

"Na Terra dos Homens", de Marlene Correia Ferraz, venceu o Prémio Literário Miguel Torga - Cidade de Coimbra - 2008

A obra de ficção "Na Terra dos Homens", de Marlene Correia Ferraz, venceu a edição deste ano do Prémio Literário Miguel Torga - Cidade de Coimbra, anunciou hoje o vereador da Cultura da Câmara local.
Mário Nunes disse à agência Lusa que Marlene Correia Ferraz, residente em Viana do Castelo, concorreu sob o pseudónimo Bendito Homem.
Segundo o relatório do júri do concurso, que tomou a decisão por unanimidade, em reunião realizada sexta-feira, na Casa Municipal da Cultura, "Na Terra dos Homens" é, afinal, "um conjunto de narrativas sobre mulheres, reveladoras de sensibilidade poética e de uma clara preocupação social".
"Na variedade das histórias contadas, corre uma mesma ternura e uma filosofia de vida dominada por um registo emotivo", refere.
O júri deste ano, presidido pelo vereador Mário Nunes, integra ainda Eloísa Alvares, tradutora para espanhol da obra de Miguel Torga, Cristina Robalo Cordeiro, vice-reitora da Universidade de Coimbra e directora da Casa-Museu Miguel Torga, e o professor universitário Rui Namorado, em representação da Associação Portuguesa de Escritores.
Dezanove trabalhos concorreram desta vez ao Prémio Literário Miguel Torga, o que corresponde a cerca de metade dos concorrentes em edições anteriores.
Com uma dotação pecuniária de cinco mil euros e uma periodicidade bienal, o prémio será entregue em cerimónia no Dia da Cidade, a 04 de Julho.
O Prémio Literário Miguel Torga, atribuído a trabalhos inéditos no género de ficção narrativa (novela, conto e romance) escritos em língua portuguesa, visa homenagear aquele médico e escritor transmontano que criou a maior parte da sua obra em Coimbra.
Vasco Pereira da Costa, com a obra "Plantador de Palavras, Vendedor de Lérias" (1984), foi o primeiro galardoado.
Dois anos depois, o prémio distinguiu "Sementes de Só, raízes de mim", de Madalena Caixeiro, autora que voltou a conquistar o galardão em 1998, com a obra "O Declive".
Cristóvão de Aguiar, um escritor açoriano há muito radicado na cidade do Mondego, em cuja Universidade lecciona, também foi distinguido com o galardão por duas vezes, através "Trasfega" (2002) e "A Tabuada do Tempo" (2006).
Também Serafim Ferreira conquistou o Prémio Literário Miguel Torga em duas edições seguidas, nos anos de 1994 e 1996, através de "Mar de Palha" e "Crónica de Damião", respectivamente.
Idalécio Cação, com a obra "Daqui ouve-se o mar" (1990), Maria Júlia Matos Silva, com "A Noite Americana" (2000), e José Hugo Sarmento Santos, com "As mulheres que amaram Juan Tenório" (2004), foram outros galardoados.
Em 1988 e 1992, o prémio não foi atribuído por o júri entender que os inéditos concorrentes não tinham a qualidade exigida.

CSS/FF.

Lusa

domingo, 15 de junho de 2008

sábado, 14 de junho de 2008

Drogado-Irmãos Catita


Era drogado, andava sempre pedrado, maltratava a minha mãe.
Pobre velhinha, enrugada, mirradinha, que só queria o meu bem.
Bati no fundo, fui até ao fim do mundo, não chegava a ser um cão.
Trabalho nada, vendi minha namorada, meu ofício era ladrão.
Drogado... Cuidado
Drogado... Cuidado
Um dia feio, ia eu pelo passeio apareceu uma criança
Olhou para mim e depois disse-me assim: Não percas a tua esperança.
Sei quem tu és: vê as chagas nos meus pés, vê a ferida no meu peito.
Morri na cruz; o meu nome é Jesus de meu Pai filho perfeito.
Drogado... Cuidado
Deu-me um beijinho e seguiu o seu caminho e eu fiquei a soluçar.
Disse para mim: "Isto tem que ter um fim!" Minha vida vai mudar.
Sofri horrores, tive frios e tive dores mas venci o enimigo
Porque sabia que o filho de Maria estaria sempre comigo.
Drogado... Cuidado
Drogado... Cuidado

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Uma Brisa Atlântica, por JOSÉ GUILHERME REIS LEITE, in Expresso das Nove, Julho de 2006

Por razões de ordem familiar tenho passado este Verão em Coimbra e isso possibilitou-me estar presente na sessão solene do dia 4 de Julho, em que a cidade homenageou um grupo de cidadãos atribuindo-lhes medalhas de mérito. Juntou a isso, como julgo ser tradição, a entrega do Prémio Literário Miguel Torga, que é atribuído por concurso àqueles escritores que decidam apresentar trabalhos inéditos, depois avaliados por um júri, como dizem os franceses, de sábios.
A sessão, que decorreu numa quinta dos arredores da cidade, teve o figurino tradicional nestas coisas, foi interessante e constou, como sempre, de muitos discursos, testemunhos, alguma emoção e uma forte participação, o que quer dizer que os homenageados são realmente figuras bem integradas na cidadania.

Bom, mas fui à dita sessão pela circunstância do escritor que este ano, pela segunda vez, frise-se, ganhou o Prémio Torga ter sido o nosso conterrâneo Cristóvão de Aguiar e, estando eu em Coimbra, não queria deixar passar a oportunidade de o encontrar e felicitá-lo pessoalmente pelo galardão. Espero, agora, como de certo todos os seus admiradores, que a Câmara de Coimbra publique o seu inédito (A Tabuada do Tempo), o que acontecerá durante o ano de 2007.
Infelizmente, o membro do júri que leu a apreciação da obra premiada não conseguiu fazer ouvir-se e por isso pouco ou nada ficou a saber-se acerca desta "Tabuada". A solução é esperar.

Acontece que também este ano consegui ter acesso a um livro de homenagem a Cristóvão de Aguiar editado pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, já em 2005, e onde se reúne uma antologia sobre a obra do homenageado, além de informação bibliográfica e uma muito curiosa autobiografia, sem dúvida uma daquelas páginas inspiradas de Cristóvão de Aguiar. É até, julgo, mais do que uma autobiografia. É uma espécie de confissão na linha da literatura intimista que C.A. cultiva com mestria.
O livro tem a virtude de quebrar a preocupação comum de só reunir textos laudatórios, para se abrir a um vasto panorama de opiniões, favoráveis umas, críticas outras, e até derrotistas algumas, o que, no meu entendimento, só quer dizer que a obra do nosso escritor é suficientemente variada e suficientemente polémica para suscitar a paixão, coisa que nos tempos que correm, além de ser uma virtude, é um caso raro, uma vez que a literatura deixou há muito de constar dos interesses quotidianos do cidadão comum.

Uma dessas críticas incluídas no livro é a de João Gaspar Simões, velho e impenitente inimigo de todos os regionalismos literários, publicada no Diário de Notícias (2-4-1981), que suscitou alguma polémica, também ela incluída na antologia, mas curiosamente nenhuma vinda dos sectores literários açorianos. Curioso e decepcionante. Para o Verão quente coimbrão foi uma bela surpresa este livro e este encontro com Cristóvão de Aguiar, ambos com brisa atlântica.

JOSé GUILHERME REIS LEITE, in Expresso das Nove.

Ilustração de lapa.

terça-feira, 10 de junho de 2008

O Açoriano Carlos Reis foi hoje condecorado Comendador da Ordem de Santiago da Espada pelo Presidente da República Portuguesa.







É de assinalar que a Comenda da Ordem Honorífica atribuída não é a mais adequada ao Professor Carlos Reis. A Ordem do Infante Dom Henrique seria, uma vez que se destina especialmente a pessoas que difundam e divulguem, com mérito, a Língua Portuguesa...

Será que Cavaco & Silva não se quis comprometer com a posição assumida pró acordo ortográfico, recentemente propugnada pelo distinto professor?

segunda-feira, 9 de junho de 2008

41- Câmara Municipal de Coimbra e Estradas de Portugal continuam a ignorar desvio ilegal e perigoso de águas pluviais do IC2-KM 191, em zona de cheia.


Buraco da caixa, onde deviam confluir as águas desviadas ilegalmente do IC2, a céu-aberto.

Desvio e afunilamento ilegal das águas pluviais, elevação ilegal do solo, em zona de cheia e de estrada.

Câmara Municipal de Coimbra e Estradas de Portugal, ignoraram em prejuízo da comunidade e do processo este PERIGO!


domingo, 8 de junho de 2008

78.ª Feira do livro do Porto, 8-06-2008 às 16:30, sessão de autógrafos, Cristóvão de Aguiar.


Hoje, 8 de Junho de 2008 às 16:30.

Sessão de autógrafos - Cristóvão de Aguiar

Stand: Inovação à Leitura

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Expresso das Nove entrevista Cristóvão de Aguiar, 24-02-2006, por Tibério Cabral.

"Liberdade de expressão não pode ser posta em causa"
Foi recentemente homenageado pelos seus 40 anos de vida literária. Portugal está a perder o mau hábito de se lembrar apenas dos mortos?
Uma andorinha não faz a Primavera, mas é, sem dúvida, um começo. Se, por um lado, é reconfortante ser homenageado em vida, como foi o caso pela passagem dos 40 anos da minha vida literária, e sobretudo por partir da iniciativa de uma instituição como a Universidade de Coimbra; por outro, abriu-se-me no íntimo uma clareira de angústia existencial que me tem perturbado o seu tanto. Fiquei com a sensação de que fui invadido por um deserto que me aguçou a consciência dos limites cada vez mais acanhados do tempo e ainda não consegui obter resposta à pergunta insistente que se me põe amiúde: "E agora?". Tudo tem o seu reverso e uma homenagem em vida não foge à excepção.
O facto de a sua obra estar a ser estudada em várias universidades é a prova da qualidade da sua escrita?
A qualidade e a profundidade de uma obra não se medem apenas pela razão de ser objecto de estudo ou análise literária numa qualquer universidade. Com os autores contemporâneos até pode ser uma questão de moda ou mesmo de compadrio. E poderá mesmo produzir efeito contrário, como sucedeu a muitas gerações com "Os Lusíadas" e outras obras clássicas da nossa Literatura. Em Espanha aconteceu o mesmo com o D. Quixote de La Mancha, obra imortal que já perfez quatro séculos de existência... Mas sempre lhe quero dizer que é saboroso saber que se é estudado numa universidade. Quando tomei conhecimento, por mero acaso, e através da Internet, de que os meus contos estavam a ser objecto de uma tese de mestrado no Departamento de Estudos Portugueses da Universidade de Aveiro, senti-me estupefacto e ao mesmo tempo inundado de uma grande alegria interior...
O acto da escrita é para si um acto de prazer ou é também um processo doloroso, angustiante?
Tenho-me debruçado com frequência, sobretudo na "Relação de Bordo", sobre o acto da escrita. Uma vez escrevi: "Escrever é abrir o fleimão com a lanceta bem afiada. Fica-se mais leve e pronto a fazer peito à próxima onda."
A leveza que se sente, porém, é breve e o prazer na mesma. Estou a falar de mim. Pode haver, e há decerto, escritores que sentem mais intensamente o prazer da escrita, ou o gozo de escrever, se é que ele existe de facto. No meu caso é tão fugaz que se não compara com a angústia de perfurar o poço de onde retiro a matéria, por vezes ígnea, com que vou lavourando as palavras. Escrevo com o fito de exorcizar a caterva de fantasmas que me persegue. Mas, quanto mais escrevo, tanto mais tenho para exorcizar.
Porque está constantemente a reescrever os seus romances? Assume-se como perfeccionista?
É uma questão de temperamento que me escapa a qualquer explicação racional. Há quem diga que se trata de narcisismo ou de perfeccionismo. Poderá ser! Sinto-me bem a reescrever um livro. É como se o escrevesse pela primeira vez. E nesta matéria, ressalvando as devidas distâncias, estou muito bem acompanhado: Miguel Torga, Eça de Queirós, Carlos de Oliveira... Se podar, nas páginas de um livro, galhos secos, e mondar uma ou outra erva daninha é ser perfeccionista, então dou com muito gosto a mão à palmatória...
"Raiz Comovida" é a sua obra emblemática? Neste romance vai fundo na linguagem popular. Foi uma forma de captar ou perder leitores?
Apesar de ser considerada uma obra emblemática da literatura de significação açoriana, não é a minha preferida. Cada escritor ama um determinado livro que escreveu acima dos outros, o que não significa que ele tenha razão. Para mim, e talvez pelo facto de ele ter apanhado uma grande tareia de um crítico açoriano, o meu livro preferido é o "Passageiro em Trânsito". Cada página desse livro foi parida com muita dor, pois trata-se de um ajuste de contas comigo mesmo e com a Ilha ou o fantasma dela em mim alojado. Mas, e voltando à "Raiz Comovida", ela não me fez perder leitores. Antes pelo contrário. No Continente, a obra foi bem aceite, sobretudo na província, porque o léxico lá empregado é português de lei, dos séculos XV e XVI, tal como Aquilino nas "Terras do Demo", cujo vocabulário é também, e em parte, comum ao nosso. Caiu em desuso nas grandes metrópoles, mas continuou a usar-se nas zonas mais insuladas, que funcionaram, por assim dizer, como frigoríficos que conservaram durante muito mais tempo o léxico arcaico. Se quisermos ouvir falar como se falava nas Ilhas há quarenta ou cinquenta anos, o melhor é dar um salto à América, onde os nossos emigrantes utilizam ainda muitos vocábulos que nas Ilhas, e mercê dos "media" e de um isolamento mais mitigado, já caíram em desuso.
João Gaspar Simões saudou muito bem o livro "Raiz Comovida", fazendo mesmo um paralelismo com Aquilino Ribeiro. O que sentiu?
João Gaspar Simões foi durante cerca de meio século o papa da crítica em Portugal. Instituiu a crítica semanal, primeiro no Diário de Lisboa e por fim no Diário de Notícias. Acertou muitas vezes nos seus juízos de valor, mas também errou bastante. Quanto ao meu caso, de facto saudou o primeiro volume de "Raiz Comovida", mas foi adiantando que o tipo de regionalismo utilizado não tinha futuro, à semelhança de Aquilino das Terras do Demo e de Vitorino Nemésio dos contos de Paço do Milhafre. Para Gaspar Simões, o universal media-se pela tradutibilidade da obra. Creio que será um critério muito estreito. Há obras intra- duzíveis que são universais. Já Miguel Torga escreveu que "o universal é o local sem paredes" e Aquilino considerava mais ou menos isto: "quanto mais local for uma obra, tanto mais universal é ela". Apesar de todas as reticências de JGS, considerou "Raiz Comovida" como "um colar de pérolas a que lhe falta o fio", querendo com isto significar que se não tratava de um romance, como eu inadvertidamente o subintitulei, mas de um embrechado de histórias que se encadeiam umas nas outras por meio de uma palavra puxa palavra da linguagem popular.
"Passageiro em Trânsito" é também uma crítica à nossa diáspora?
Considerar que "Passageiro em Trânsito" é apenas uma crítica contundente à nossa comunidade emigrante luso-americana, por quem tenho muito respeito, até porque sou filho, neto e sobrinho de muitos emigrantes, é reduzir o livro a uma dimensão mesquinha. Foi isto que entendeu o tal crítico açoriano, na altura radicado na América, mas dá-me a ideia de que não percebeu patavina do que leu. De facto, existe crítica a uma certa mentalidade própria de determinado emigrante bazofeiro, mas daí a afirmar-se que ofendi a condição do emigrante não é justo. O livro é, sim, um ajuste de contas ou, se preferir, um frente-a-frente comigo mesmo e a Ilha, assim em maiúscula, por ser uma entidade mítica que contém todos os afectos e desafectos, amores e desamores de um ilhéu desilhado que eu sou. É este o destino dessa raça de gente: se volta não se adapta, mas também não se adapta totalmente no húmus para onde foi transplantado. Ficou com as raízes aluídas num chão pouco firme...
Conviveu com Paulo Quintela e com Miguel Torga. Tem saudades dos seus tempos de Coimbra?
Quem haverá por aí que não tenha saudades dos seus 20 anos? No entanto, não sou muito dado à saudade lamecha e coimbrinha que, por vezes, cons- titui doença crónica de milhares de bacharéis que se formaram na Lusa Atenas e enxameiam os quatro cantos do País, tentando, debalde, aprisionar o tempo. Vivi numa república de açorianos, os Corsários das Ilhas, e durante o tempo em que lá permaneci tive muitos momentos de alegria, ensombrada sempre pelo fantasma da guerra colonial, que rebentou poucos meses depois de ter chegado como caloiro a Coimbra. Vinha da Ilha como um bicho-de-conta, metido consigo, pensando que sabia alguma coisa, mas não. Nesse longínquo ano de 1960, a lonjura entre o Continente e as ilhas era realmente um grande obstáculo. Hoje, feliz ou infelizmente, já não. Os estudantes andam numa roda-viva ilha vai, ilha vem, com o maior dos à-vontades. Nesse tempo, a perspectiva era de pelo menos um ano a remoer saudades da Ilha e do que lá tinha ficado à nossa espera. Ter saudades seria, para mim, uma força de expressão, porque adoptei Coimbra como minha segunda pátria. De facto, tive o privilégio de conviver intimamente com Paulo Quintela, meu Mestre de Germanística e de muitos outros saberes aprendidos à mesa da tertúlia. De resto, saiu agora um livrinho, em edição refundida e aumen-tada, de minha autoria, publicado pela Imprensa da Universidade de Coimbra, que celebra o primeiro centenário do seu nascimento, ocorrido no passado mês de Dezembro, a que dei o título de "Com Paulo Quintela à Mesa da Tertúlia". Também convivi episodicamente com o poeta Miguel Torga.

"Culturas ocidental e islâmica estão a desmoronar-se"

Fale-nos da sua experiência no teatro de guerra na Guiné e da sua transposição para a escrita. Ainda hoje é importunado pelos fantasmas da guerra colonial?
Está ainda muito presente. Há milhares de ex-combatentes a sofrer sequelas da guerra colonial. Embora já haja uma mão cheia de grandes livros sobre a guerra colonial. Basta atentar nos exemplos de Manuel Alegre, Álamo Oliveira, João de Melo e Lobo Antunes, entre outros. A minha experiência de guerra deu-me também, 18 anos depois do regresso, um livro. "No Princípio" constituía uma das três partes de "Ciclone de Setembro". Mais tarde, em 1990, desenvolvi-o e autonomizei-o em livro que titulei de "O Braço Tatuado". Foi muito bem recebido pela crítica, mas foi pouco divulgado, uma vez que a editora que o deu a lume abriu falência pouco tempo depois. Será este livro um dos meus próximos trabalhos de reescrita.
A propósito dos cartoons sobre Maomé, como conciliar liberdade de imprensa e de expressão e respeito pelas crenças religiosas?
O que se passou com a reacção muçulmana aos cartoons de Maomé não se pode admitir, nem sequer pôr em causa a liberdade de expressão. Nem ninguém tem de pedir desculpas. Muito menos Portugal, numa declaração infeliz de Freitas do Amaral. Os primeiros cartoons foram publicados em Setembro por um jornal dinamarquês. Foi para tribunal, que não deu seguimento ao processo. Só agora a barbárie entrou a matar. Não quero com isto dizer que concordo com os cartoons. Nem com o preservativo no nariz do Papa João Paulo II, em cartoon publicado há anos pelo Expresso. O que penso é que há outras maneiras de reagir àquilo com que se não concorda sem ser com violência desabrida. Mas, repito, a liberdade de expressão não pode de modo nenhum ser posta em causa. São culturas diferentes, sempre o foram, e ambas estão a desmoronar-se: a ocidental e a outra. Enquanto não houver tolerância de parte a parte, nada feito. Recentemente, por ocasião do doutoramento Honoris causa de um líder espiritual muçulmano, na Universidade de Évora, o imã frisou bem este ponto e a pluralidade de opiniões.

Tibério Cabral

Cyrano de Bergerac

Cyrano de Bergerac
Eugénio Macedo - 1995

TANTO MAR

A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.

Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.

Manuel Alegre
Pico 27.07.2006