domingo, 2 de novembro de 2008

13.ª Festa do Livro Coimbra. Outra iniciativa de Adelino Castro e a Calendário das Letras.









Preços em baixa
deixam livro em alta

Há de tudo um pouco. Obras que venderam muitos exemplares, outras que ficaram aquém das expectativas. Livros que foram muito procurados e folheados, outros que se amontoaram nos escaparates sem convencer quem passou pelas livrarias. Agora, estão todos reunidos, desde ontem e durante os 30 dias de Novembro, nas bancas montadas na tenda instalada na Praça da República. Lá podem encontrar-se livros infantis, mas também especializados. Há romances, policiais, biografias e muito mais.
Os preços são bastante convidativos. Com 75 cêntimos já se pode levar um livro para casa, mas há edições – «obras especiais, álbuns e livros mais recentes que têm alguma promoção» - que ultrapassam os 10 euros. A Festa do Livro de Coimbra, que já vai na 13.a edição, foi ontem inaugurada. Recorde-se que esta iniciativa se realizou, pela primeira vez, em 1995, nas instalações do ITAP (Instituto Técnico Artístico e Profissional) de Coimbra, mas também já teve lugar na Casa Municipal da Cultura e no Edifício Chiado, antes de se fixar na Praça da República.
Organizado pela empresa Calendário de Letras, o certame apresenta, este ano, uma novidade. Em virtude de se terem registado fenómenos de concentração editorial, que levaram ao desaparecimento de muitas pequenas e médias editoras, integradas em grandes grupos, a Festa do Livro de Coimbra exibe mais de 100 mil livros. Muitos destes - descatalogados, em fim de edição ou mesmo em saldo - deixaram de ter espaço disponível nas livrarias tradicionais e nas grandes superfícies livreiras.
Aberta todos os dias, entre as 10h00 e as 20h00, a Festa do Livro pretende, segundo Manuela Castro, da empresa organizadora, continuar a ter «enorme sucesso». «Neste espaço, o livro está em festa, com preços baixos, alguns de saldo mesmo e com promoções», acrescentou, antes de reforçar que «as pessoas encontram aqui o que já não encontram nas livrarias», pois, reafirmou, «ao que se edita, neste momento, em Portugal não há espaço compatível para manter, por muito tempo, estes livros e estas novidades nas livrarias».
Assegurando que os visitantes vão encontrar livros que «nem tiveram a oportunidade de conhecer e ver nos escaparates», Manuela Castro assegurou existirem «livros para todos os preços e bolsas». «Já que existe a crise, estes espaços têm, cada vez mais, razão de ter êxito», assumiu, antes de revelar: «Penso que os preços são discutíveis. O livro, por vezes, é muito barato quando comparado com outras coisas». A perspectiva para a edição 2008 é «positiva».
«Coimbra foi a primeira cidade portuguesa a organizar este tipo de espaço de livros, que, hoje, muita gente faz», disse Manuela Castro, afirmando que é «uma possibilidade de estudantes e jovens chegarem aqui e conseguirem literaturas por baixo preço». Por fim, a organizadora do evento revelou que, «cada vez mais, temos razão em fazer estas iniciativas, porque as pessoas vão ficar com livros que, de outra maneira, ao fim de dois anos, os editores tinham nos armazéns e faziam desaparecer».

João Henriques/ Diário de Coimbra 02-11-2008

5 comentários:

mfc disse...

Aquela capa do Diário de Coimbra deve ter vendido para xuxu...

Lapa disse...

mfc:
Obrigado pelo comentário.
De facto achei que a manchete foi muito bem feita. Não foi só o FCP que perdeu, foi a Naval que ganhou ao campeão.
Eis um exemplo de uma notícia bem feita.

LUIS FERNANDES disse...

Uma feira do livro é sempre algo que nos toca, uma alegoria sempre querida. Mas a Praça da República será o melhor local, tendo em atenção a desertificação da Baixa? Depois repare-se, a montagem daquela tenda custa(-nos) ao erário público cerca 25.000 euros. Estará certo este gasto se na Rua da Sofia existe um antigo quartel, completamente vazio de serviços, com 600 m2?
Se calhar está! Eu é que sou mesmo má-língua.
Um abraço.

S. disse...

Acabaste de me arranjar um óptimo programa para o próximo fim-de-semana. :]

Anónimo disse...

Li num blog, viladalongra.blogspot,
o nome de um Adelino Castro que, ao que me parece, será o mesmo... e assim sendo, tem de ser alguém - na linha de seu pai!

Cyrano de Bergerac

Cyrano de Bergerac
Eugénio Macedo - 1995

TANTO MAR

A Cristóvão de Aguiar, junto
do qual este poema começou a nascer.

Atlântico até onde chega o olhar.
E o resto é lava
e flores.
Não há palavra
com tanto mar
como a palavra Açores.

Manuel Alegre
Pico 27.07.2006